segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Perdi a conta




Perdi a conta dos teus anos.
Parei de contar tua idade.
Desde tua partida,
Só conto dias de saudade.
Sinto falta do teu colo,
Dos teus conselhos,
Do teu carinho.
Sinto falta das tuas mãos
Segurando as minhas,
Com tanta suavidade.
Parece que foi ontem que te foste,
Deixando o mundo mais sombrio,
Pois era tua luz que "alumiava"
E preenchia o vazio
Que só aumenta a cada dia.

Ah, se eu pudesse voltar no tempo
E te dar um derradeiro abraço!
Não te largaria mais,
Te faria dançar pelo espaço,
Contaminando todo o mundo
Com tua alegria e graça!
A dor, já está mais amena,
Mas a saudade,
Ah, essa malvada!
Essa malvada não passa!
Vanda Felix


Se, ainda entre nós, estaria a assoprar 98 velinhas!
Parabéns, Vó Margarida! Onde quer que você esteja, continue a olhar por nós e a nos guiar pelo bom caminho. Te amei, amo e sempre amarei!
Você vive dentro de mim para sempre! 💕

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Por que quer que eu me cale?

Por que quer que eu me cale?
Incomoda minha voz
Ou o que ela diz?
Por que quer que eu me cale?
Se o incômodo é meu timbre,
Tape os ouvidos,
Se é o que digo ou escrevo,
Feche os olhos,
Não veja,
Não leia,
Não sinta...
Cala a minha voz
Mas não cala a minha alma.
A mordaça
Amordaça,
Mas o grito,
Ah, esse ecoa,
Perpetua na mente.
Calo a boca,
Fala o corpo,
Grita a alma.
O protesto está lançado,
O grito já foi dado.
Ecoa no ar, atravessa fronteiras,
Forma opiniões.
Por que quer que eu me cale?
Fale!
Faça-se ouvir, também!
Questione,
Discuta,
Mas escuta a voz do outro.
Escuta a minha voz
Antes que eu me canse
De falar aos ventos,
Às paredes mudas.
Exercita seu pensamento
E fale,
Sem exigir que eu me cale...
Ou deixe, apenas, que eu fale...
Vanda Felix

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sorte lançada


O "bamba" bambeia,
Também titubeia
Na corda bamba.
Com a corda no pescoço
Está o velho,
Está o moço
(Todos no fundo do poço!)...
Mergulha na fossa
Como fosse piscina
(Triste sina,
Essa nossa!).
A pagar pelos erros de outrem...
Não fui eu,
Não foi ninguém;
Todos no mesmo barco,
Afundando em meio ao charco
De lama e lodo,
Lodo e lama...
Vê se aceita
E não reclama.
A sorte foi lançada
(Azar o meu,
Azar o seu)
E será comum a todos
(Aos tolos,
Aos inocentes,
Aos saudáveis,
Aos doentes)...
A sorte não discrimina,
Mas o preconceito contamina,
Elimina
O fraco,
O diferente,
O feio.
Estamos todos no meio
Desse imenso e fundo lamaçal
Que nos engole vivos.
Vanda Felix

sábado, 8 de dezembro de 2018

Automutilação




Mãos que dilaceram o próprio corpo.
Mãos que rasgam a própria pele...
Auto-flagelação,
Expiração de pecados...
Culpa?
Renúncia?
Castigo?
Mastigo minha própria carne,
Ritualisticamnete,
Lenta e continuamente.
Ultrapasso os limites da dor,
Desejando o calor do rubro sangue
A aquecer a pele fria,
Correndo em fino fio,
Lento rio
Pelos membros dilacerados,
Marcados para sempre.
Cada marca, uma história...
Uma fantástica narrativa
Indizível e intraduzível.
Narrativa silenciosa,
Ora reta, ora sinuosa.
Mastigo minha própria carne...
Desejando cessar a dor,
Dar um basta na tortura
Que me consome
Pouco a pouco...
Tenho medo da loucura,
Por isso rasgo a carne
Para me sentir mais viva
(Ainda viva!)...
Mas a dor não alivia,
Porque não está no corpo,
Está na alma,
Patamar inalcançável,
Inatingível.
Mastigo minha própria carne...
Mas não sinto seu sabor...
Tudo foge ao meu controle...
Preciso cessar a dor,
Que percorre cada célula do meu corpo,
Mas que nele não está...
Vanda Felix



segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Anjo adormecido




Hoje um anjo
Adormeceu no meu colo.
Não foi um anjo barroco,
Mas nem por isso, menos lindo..
Um anjo de carne e osso,
Sinceridade inocente,
Sorriso doce,
Alma carente...
Hoje um anjo
Adormeceu no meu colo.
E me trouxe de volta a candura
Engolida pela dureza dos meus dias.
Mastigada, digerida...
E a leveza
Do sono daquele anjo
Embalou meus sonhos desde então,
Desafligindo meu coraçao.
Paz e serenidade
Me foram devolvidas
Por aquele anjo,
Que simplesmente adormeceu no meu colo...
Vanda Felix

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Sobre

Uma ideia nada sóbria,
Sobras de um pensamento
Sobre tudo, sobre nada,
Palavras lançadas ao vento.

Sobre o que espelha minha alma,
Sobre dores e lamentos,
Sobre risos na calçada,
Enquanto adormeço ao relento.

Mas acima de tudo, sobre a vida,
Sobre sua brevidade,
Sobre o que guardo aqui dentro,

Sobre lembrança e saudade,
Sobre chegada e partida
A este mundo e para a eternidade.
Vanda Felix

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

No meio do nada

Fico boiando
No meio do nada.
Em meio ao tudo
Também estou perdida.
Me sinto ferida,
Tão fraca
E inerte,
Fugiu-me a coragem,
Foi embora a vontade
De contra-atacar...
Espero o que venha,
Com resiliência,
Mas sem insistência
No que não possa mudar.
Vanda Felix

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Solta



Não vejo a hora
De meus sonhos ganharem forma,
E se tornarem palpáveis,
Palatáveis.
Não vejo a hora
De, das sombras surgirem luzes,
Rasgando a noite
De ponta a ponta.
Às vezes, me dá vontade de evaporar,
Mas não no sentido de sumir,
Mas de poder viajar,
Tal qual a nuvem
Solta no ar...
Ou ser bolha de sabão:
Leve e colorida,
Sorrindo para a vida,
Solta na imensidão.
Não vejo a hora
E, embora seja efêmera,
Efêmera também é a vida.
Meu desejo é
De estar livre,
Solta ao vento,
Voando rumo ao firmamento
Sem data ou hora pra voltar.
Vanda Felix

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Pequenices

Grandes são os problemas
Que ficam sem atenção.
Pequenas são as mazelas
Que causam geral comoção.
Pequenas razões
Com grande repercussão,
Questões sérias e urgentes
Deixadas de lado
Pois na ordem das prioridades
Classifica-se tudo errado.
Às vezes basta um "Oi, tudo bem?
Ando pensando em você..."
Mas o medo do envolvimento,
Que traga à tona o que te move por dentro,
Nos impede de querer saber.
Só interessa o que tem valor econômico,
Que está etiquetado,
O que tem preço no mercado,
Onde cada um de nós é avaliado,
E marcado, feito gado,
Ou objeto decorativo,
Que tem preço, não valor.
A questão é financeira,
Deixa-se de lado o afetivo,
A sensibilidade e o amor.
Jogados e esquecidos somos
Em qualquer canto ou prateleira,
Até que, por ventura, sejamos buscados
Para suprir uma emergência
Para a qual estivemos disponíveis
Pela nossa vida inteira...
Vanda Felix

domingo, 21 de outubro de 2018

Voos




Meu corpo vai
Onde meus pés me levam,
Mas a alma,
Ah, essa rebelde,
Acompanha o coração.
Se estou aqui, fisicamente,
Em pensamento, nem sempre.
Faço voos imaginários,
Sem medo da queda.
Viajo por galáxias
Ainda não descobertas,
Sou menos razão
E mais emoção.
Vou trilhando rotas incertas,
Seguindo o rumo do meu coração.
Vanda Felix

domingo, 14 de outubro de 2018

Sinal da Primavera


Num dia frio e chuvoso,
Almas frias,
Corações congelados,
Mentes vazias...
Num canto qualquer da casa,
No parapeito da janela,
Eis que me deparo
Com algum sinal da Primavera... 💐🍃
Vanda Felix

domingo, 7 de outubro de 2018

As minhas e as suas (falhas)



Fala...
Fala qual foi minha falha.
Não terei sido o suficiente clara?
Fala...
Diga-me o que lhe atrapalha.
O que lhe impede de expor sua cara,
De expor sua alma
E desnudá-la...
Fala!
Encara que você também falha,
Que não sabe o que fazer,
Não sabe escolher.
Vai na onda,
Segue o gado.
Mas não me ponha como culpada
De suas fraquezas e suas mazelas.
Não sou perfeita,
Também ajo errado,
Mas assumo o que faço,
Assumo o que penso.
Luto por minhas crenças.
Não me escondo sob a máscara do palhaço.
Demonstro o que quero,
Mostro a que venho,
Defendo o que creio,
Mas encerro este dia
Cheia de receios
De que o futuro
Seja tenebroso.
Frio, obscuro...
Fala!
Onde estão mesmo minhas falhas?
E as suas?
Tem coragem de encará-las?
Vanda Felix

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Não perca tempo


 O tempo
não bate à porta...
Quando quer passar,
pula a janela,
se necessário.
O tempo,
não escolhe favoritos,
também não poupa
ninguém.
O tempo passa
pelo pobre,
pelo rico,
pelo velho,
pela moça,
na favela,
no palácio,
pela casa,
pela praça...
Nada o detém,
nada, nem ninguém.
O tempo não pede tempo.
O tempo é temperamental.
Trabalha pro seu bem
Ou trabalha pro seu mal.
Mas não é seu inimigo.
O tempo não perde tempo,
Tudo a seu tempo e lugar.
Então, não perca mais tempo
Deixando a vida passar
Sem fazer nada de útil
Para si ou para outrem,
Ande, aproveite seu tempo
Que o tempo não espera ninguém.
Vanda Felix

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Quero estar fora





Quero estar fora
Por uns dias,
Umas horas.
Longe de toda a sujeira
Que se espalha,
Tão ligeira.
Longe do rancor
E do ódio,
Longe da intolerância
E do desamor,
Aprendidos desde a infância,
Muitas vezes, em casa,
Por exemplo dos pais.
A violência descabida
Contra quem lhe deu a vida,
O pai subjugando a mãe,
O filho, que segue o exemplo
E reproduz contra a irmã,
Contra a coleguinha
Ou a namorada,
Como se fosse normal...
Mas não o é,
Nunca foi.
Por isso, quero estar fora,
Por uns dias, umas horas,
Pra repensar tudo isso
E buscar um novo jeito
De desfazer esse mal-feito,
Que está tão cristalizado,
Mas que pode ser mudado
Com um pouco de informação.
Não é moldar a opinião alheia,
Mas levar à reflexão.
Que sou eu, neste mundo?
Quem sou eu, afinal?
Por que me julgo superior?
Em que posso ser melhor?
Melhor que quem?
Melhor em quê?
Para quê?
Hoje sou eu, amanhã pode ser você
Vítima de um egoísmo descabido,
De preconceito, de machismo...
Somos nada neste Universo,
Fomos pó,
Seremos poeira...
Daqui nada se leva,
Tudo se deixa...
Então, deixemos de besteira
E sejamos irmãos,
Sejamos parceiros,
Pois tornaremos ao nada,
Mais dia, menos dia,
Mais hora, menos hora.
Deixemos nosso melhor.
As melhores lembranças,
As saudades,
Os exemplos saudáveis...
Deixemos o mundo melhor.
Quero estar fora
Por uns dias,
Umas horas,
Mas quero voltar melhorada
Antes de estar fora para sempre...
Vanda Felix

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Aniversário



Hoje faz um ano
De tudo que vivi um ano atrás.
Trezentos e sessenta e cinco dias
De trezentas e sessenta e cinco alegrias,
Das tristezas
Não quero falar mais.
Daqui a um ano,
Fará dois anos
Desse dia que não voltará mais,
Porém, a data será lembrada,
Mais trezentas e sessenta e cinco
Vezes comemorada.
Aniversario todos os dias,
O nascer de cada dia,
Me é singular e único.
E dou-me parabéns por isso,
Não viver é desperdício.
Passar pela vida, apenas,
Sem vivê-la de forma plena,
Não me interessa,
Não vale a pena.
Assim se faz minha vida,
Nem sempre bela,
Nem sempre florida,
Mas muito minha
E plenamente vivida.
Por meus erros, peço desculpas,
Sei quais são e assumo minhas culpas,
Mas com elas aprendo
Sem arrependimentos,
Pois sou humana
E passível de erros.
A culpa não me domina,
Minha alma pequenina
É, ainda de menina
Curiosa que não desiste.
Quanto maior o desafio,
Mais se envolve,
Mais insiste,
Até que chegue sua vez
De cessar sua lucidez
E se entregar de vez a Hades...
Enquanto isso não ocorre,
Apago velinhas cotidianas,
Conto dias e semanas,
Horas, meses e até anos
De qualquer que seja o fato.
Nem preciso calendário,
Pra marcar aniversário,
Pois todo dia faço festa.
Vanda Felix

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Pedra sobre pedra




Põe uma pedra
(bem pesada)...
Põe na boca do buraco,
sepultando seu passado,
que, na verdade, nem passou,
está aberto,
latejante,
vivo,
sangrento...
Põe a pedra,
por favor!
Escolhe aquela,
bem grande,
que vede bem,
que não se mova,
que sepulte essa história
vil, infame,
inglória,
que envergonha
a tanta gente.
Põe a pedra e dê as costas.
Vá embora,
sem olhar.
Não se deixe emocionar.
Seja frio,
seja gelado,
sepulte esse passado,
senão, não passa
sua dor.
Vanda Felix


terça-feira, 4 de setembro de 2018

Amém




Percorro meus caminhos
Com minhas próprias pernas.
A despeito dos aclives, declives
E tortuosidades,
Sigo em frente
Sem necessidade de fazer,
De quem quer que seja,
Moleta.
Sigo para muito além do horizonte.
Miro com meus próprios olhos,
Lentes turvas
Não me turvam
O olhar.
Olho adiante,
Sempre.
Carrego o peso que meus ombros suportam.
Se não suportam,
Não me dizem respeito,
Não hesito em deixar para trás.
Agarro com as mãos
O que o braço alcança,
Mas só levo à boca
O que não impacta a balança.
Sigo leve.
Sigo livre.
Coração aberto,
Mente tranquila.
Faço o que posso,
Por quem posso e quero bem.
Não me privo,
Não me escondo.
Arrependimentos?
Vez ou outra,
Mas raros.
E a vida segue
Num eterno vai e vem.
Que assim sempre seja
E que os anjos me digam "Amém"...
Vanda Felix

domingo, 26 de agosto de 2018

Amor de alma



Quero pagar minhas contas em dia,
Mas também quero o direito
De dormir até mais tarde,
Ou até atender a necessidade do meu corpo.
Quero comer bem
E sentir o prazer da gula
(Moderada, mas gula)
Sem culpa,
Sem medo de engordar.
Quero ganhar asas e viajar o mundo,
Tendo a certeza de um chão onde pousar.
Quero amar, amar muito,
Sem limitações.
Amar a quem quiser amar
E a quem quiser me amar,
Mesmo que não seja o amor perfeito,
Ou o amor que meus pais sonharam pra mim.
Mas que seja um amor autêntico,
Verdadeiro,
Sincero.
Amar intensamente
O igual e o diferente...
Quero amor de gente.
Amor torto,
Amor louco,
Mas amor completo,
Que me complete
E encontre em mim completude.
Um amor de atitudes,
De princípios,
Mesmo que sem razão,
Pois não há razão maior para o amor
Do que o simples fato de amar.
Sem pressa,
Sem medo,
Sem culpa.
Não quero uma vida de sonhos
Nem de ilusões.
Quero uma vida real,
Pautada na consciência,
No exercício da convivência
E na prática da solidariedade
Entre seres de verdade,
Que sejam carnais
E não máquinas.
Mesmo não sendo o "dito" ideal,
Tem que ter calma,
Tem que ser de alma
E não de conveniência.
Vanda Felix

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Despertar da infância




Preciso começar agora
A revisitar a mim mesma.
Uma visita calma,
Planejada,
Sem pressa...
Nessa revisitação,
Despertei minha criança cedo,
Antes mesmo do alvorecer.
Penteei-lhe os finos cabelos
E vesti-a com esmero...
Caprichei no aconselhamento:
"Não fale com estranhos..."
"Olhe para ambos os lados
Antes de cruzar a rua..."
"Respeite os mais velhos..."
"Seja uma boa menina..."
E eu, criança obediente que fui,
Segui à risca meus próprios conselhos.

Fui cordeal,
Cordata,
Educada...
Calei minhas curiosidades,
Deixei de conhecer gente interessante,
Tive medo de me arriscar
E perdi oportunidades.

Mas, como nunca é tarde,
Até que fechemos os olhos,
Resolvi rever algumas regras
E me oportunizei
Novos e intetessantes aprendizados,
Como ouvir a mim mesma
Através das batidas do meu coração.
Deixei extravasar a emoção contida
E dei novo sentido à minha vida.
Despertei a criança adormecida,
Há tempos, nos braços do tempo.
Reorientei meu destino
E me redescobri, renovada.
Criança na alma,
Que não envelhece.
Alma leve,
Oculta sob as marcas da face.
Cerne nova
Na velha casca...
Sou hoje o que já fui,
Enriquecida,
Vivida,
Experiente,
Mas, acima de tudo,
Contente!
Vanda Felix

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Corcel de nuvem II







Montei meu corcel encantado,
Feito de nuvem de algodão-doce,
Atravessei o oceano a galope,
Até chegar do outro lado.
Queria reencontrar o meu príncipe,
De quem já sinto saudades,
Dar-lhe um beijo e regressar
À minha longínqua cidade.
Atravessei o mundo inteiro,
Galopando em disparada,
Para encontrar meu amor primeiro,
Mas, oh, dor, não encontrei nada!
Porque ele não estava além das serras,
Nem do outro lado do rio,
Não estava em outras terras,
Estava dentro de mim.
Mas fui buscá-lo tão longe,
E iria até em outro planeta,
Fui além do horizonte,
Sem saber que estava tão perto.
Ele mora em meus pensamentos
Minha mente é sua sala de estar,
Meu coração ❤ é seu aposento,
Não precisava procurar.
Agora que sei onde se esconde,
Não vou deixá-lo fugir.
Vou tratá-lo com carinho,
Para que fique comigo,
Pois, nesta vida já cansei
De sua falta sentir.
Vanda Felix

domingo, 19 de agosto de 2018

Corcel de nuvem

Hoje eu vi meu príncipe.
Brevemente,
Num rasgo na cortina do tempo,
Mas vi.
E o abracei longamente,
Pela eternidade de dez segundos.
E me deixei ser abraçada
E beijada na face
Por sua boca molhada
De pirulito vermelho.
Mas meu príncipe não para!
Tem espírito inquieto
E, antes que eu reparasse,
Montou seu corcel de nuvem
E saiu galopando pelo céu
Em direção ao arco-íris.
Mas o que importa é que vi meu príncipe...
E meu coração se acalmou.
Seu riso largo,
Doce e sincero
Fez com que a esperança,
Que a mim, havia abandonado,
De novo para mim acenasse
E desse um sorriso amplo.
E é desse jeito que te quero:
Arredio,
Inquieto e inconstante.
E, desse jeito te espero,
Para fazer feliz meu instante.
Vanda Felix


Mais um incrível livro pela Editora Essencial

CORCEL DE NUVEM
Quando a poesia transborda muito amor
De Vanda Felix e ilustrações da Carla Sousa
ISBN:  978-85-68672-52-5


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Um papel qualquer


Por sobre o papel
(Um papel qualquer)
Pautado,
Timbrado ou não,
Escorre a tinta
Da esferográfica;
Escorre meu sangue
(História trágica...).
Nos vincos
Do papel amassado
Deixo minhas marcas.
Nos vincos da face
É a vida que me marca...
Sobre o papel
(Qualquer papel que seja),
Branco, pardo ou colorido,
Derramo-me inteira,
Escorrego pela ponta do lápis,
Prendo-me à celulose,
Passo a fazer parte dela.
Já não sou voz.
Sou registro gráfico,
Sou reprodução.
Meu coração,
Músculo oco,
Torna-se ícone ❤,
Símbolo de minhas emoções.
Deixo de ser pulso,
Agora sou impressão
Que uma única gota d'agua,
Solitária, que seja,
Converte em ininteligível borrão.
Quem me leu, me sentiu...
Se me decifrou?
Não sei,
Não importa.
Jazo numa fibra qualquer,
Sou matéria morta.
Embora,
Agora,
Seja imortal!
Vanda Felix

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Graças




Hoje o dia começou mais cedo
E se estendeu para além das horas,
Sinto que a noite será breve,
Insuficiente para o corpo exaurido
Pelo cansaço...
Mas o coração ❤,
Este, está leve.
As muitas falas
Confortaram minh'alma,
Os muitos abraços
Dissiparam o frio
Que ameaçava congelar meus sentimentos.
Corpo cansado,
Alma querendo brincar,
Mais um ano que chega,
Um ciclo que se encerra
Enquanto outro se inicia...
Tantos que se foram antes de mim
E me aguardam do outro lado,
Mas, enquanto estiver por aqui,
Prometo fazer meu melhor
Pelos que me prezam,
Pelos que bem-me-querem,
Por mim mesma, também.
Ergo os olhos aos céus
E dou graças ao Criador
Por me fazer crédula da vida,
Por me fazer crédula do amor! 💘
Vanda Felix

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Doce petiz




Do silêncio
Da minha dor solitária
(Muito real,
Não imaginária),
Só me sabe
Quem sofre.
Faz falta
Teu afago
Em minha face
(Já flácida),
Tua festa
De puro riso,
Sorriso,
Beijo melado na testa.
Só me sabe
Quem sonha
Contigo, a correr solto
Por campos e praias,
A ver o mar revolto
E a voltar para os braços meus
Em busca de abrigo,
Braços abertos,
Abraço apertado,
Laço que enlaça,
Perdão dos pecados
(Cometidos e imaginados).
Redime meus erros,
Me traz esperança,
Querida criança
Tão pura e inocente,
Que nada percebe
Do mal que há no mundo
Causado por gente
Em quem confiamos,
Quase sempre cegamente.
Ah, meu doce petiz!
Teu riso doce e ingênuo,
Mesmo que dure um segundo,
Faz de mim um ser feliz!
(O mais feliz do mundo!)
Vanda Felix

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Não espere




Não espere de mim
Respostas rápidas,
Respostas prontas.
Mastigo bem as palavras
Antes de proferi-las.
Quero que sejam palatáveis,
Agradáveis.
Não espere de mim
Longos discursos,
Tratados
Ou teses.
Ao que me pese,
Dou valor ao que ouço,
Mas valorizo mais o que digo.
Não espere de mim
Profusão de ideias
Malucas.
Busco as menos caducas,
As mais estimulantes,
Animadoras,
Porém serenas.
Quero me comunicar, apenas...
Primo pela delicadeza,
Pela candura
E pela sutileza
E abomino a rudeza
Dos que cospem vernáculos impensados,
Termos pesados,
Áaperos,
Que nada dizem
E em nada condizem
Com o que se precisa ouvir.
Não espere de mim
Objetividade impensada
Ou atitude intempestiva.
Nada espere de mim
Além do que lhe posso dar:
Um sorriso bobo,
Um olhar perdido,
Um pedido de desculpas,
Um abraço forte e demorado.
É tudo o que tenho,
É tudo o que sei,
É tudo o que posso...
Dentro do meu tempo,
Ora breve,
Ora infinito.
Nada espere de mim,
Apenas me espere
Em algum lugar.
Talvez eu tarde a chegar,
Pois caminho a passos lentos,
Apreciando a paisagem...
Cedo ou tarde, eu chego,
Louca para te abraçar,
Pois já estou no seu caminho.
Vanda Felix

Tô aqui






Tô aqui,
Pensando em ti...
Sufocada na saudade,
Transbordando de vontade
De um abraço,
Um sorriso teu.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Saboreando as lembranças,
Revirando na memória
Algum traço de esperança
De, contigo,
Escrever nova história.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Rodeada de viventes,
Mas, mesmo com tanta gente,
Me sentindo só
(Extremamente só...).
Falta em mim um pedaço,
Faz falta aquele abraço,
Que me acolhe,
Aquece,
Aperta,
Esmaga,
Estrangula...
Faz falta teu sorriso alto,
Fingir surpresa e sobressalto
Quando chegas, sem aviso.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Pensando se pensas em mim,
Quando o dia está assim
Convidando ao aconchego.
Tô triste,
Mas tô aqui,
Pensando em mim sem ti
E desejando teu retorno breve,
Esperando que a brisa me leve
Em breve,
Para junto de ti...
Vanda Felix



terça-feira, 24 de julho de 2018

Bolha




Faça-se a sofredora.
Feche-se em si mesma.
Feche-se em sua alcova.
Chore, grite, espeneie
Mas, por favor, sofra...
Sofra de verdade.
Faça-se merecedora de compaixão,
Se essa for sua opção.
Ou quebre, de vez as algemas
Que te aprisionam,
Arranque a mordaça
Que cala tua voz.
Você pode.
Você se deve isso.
Não espere do mundo aquilo a que você se nega.
É você quem escolhe o caminho.
Escolha de forma consciente
E siga com passos firmes.
Não olhe para trás
Se não for acenar com um "adeus",
E não coloque a culpa toda em Deus.
Somos frutos de nossas ações,
Não se prenda a esta bolha,
A bolha é frágil,
Ilusória proteção...
Faça sua escolha.
Se errar, escolha de novo
Todo tempo é tempo de recomeçar.
O segredo
É decidir sem medo.
Nada está pronto ou acabado
E nunca foi pecado
Reconhecer que tomou o rumo errado
E fazer nova trajetória.
Somos sujeitos de nossa história.
Deixemos de ser passivos,
Sonolentos.
Não andemos a passos lentos
Se necessitarmos correr...
Nossos atos são decisivos
Mas nada neste mundo,
Por perfeito ou incômodo,
É para sempre, é definitivo.
Vanda Felix.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Cartola mágica



No bojo de sua cartola mágica
Cabe um mundo sem igual:
Cabe um coelho...
Mas não um coelho qualquer.
Cabe o coelho da Páscoa,
Que alimenta meus sonhos
Com doces fantasias de chocolate 🍫;
Cabe uma pomba branca,
Mas essa não é qualquer uma.
É uma pomba especial,
Que tem alma de mulher.
É a pomba da cantiga,
Que confidenciou à melhor amiga
Que abriu mão de um bom partido,
Candidato a marido,
Porque este cuspiu no chão
(Falta de respeito e educação!)...
E também porque ele achava
Que a roupa que ela lavava
Não estava a contento.
E ela, como mulher emancipada
Sabia-se não obrigada
A ser escrava num casamento.
Sua mágica cartola 🎩
Também esconde mil sorrisos,
Os mais sinceros e espontâneos.
Guarda nela seus melhores anos,
Acredite, é insano,
Quem não crê em suas fantasias.
Eu te acredito e dou força,
Pois também me perco nisso
De viajar em cada truque...
Vanda Felix

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Porta entreaberta




Eu acredito
Na força de um amor verdadeiro,
Aquele que nasceu primeiro
Que sua chegada a esse mundo.
Eu acredito
Que vamos superar essa fase,
Mesmo que um pouco se atrase
A reconhecer que não vale a pena.
Amei-te antes de seres gente,
E, a cada dia, mais intensamente
Aprendi a respeitar quem és.
Verás que cometes um grande engano,
Ao desprezar todos esses anos
De carinho e afeto que vivemos.
Não atires nossa história ao lixo,
Somos gente, não somos bicho,
O perdão é a arma dos fortes!
Espero, ansiosa, sua volta,
Deixo entreaberta minha porta,
É só chegar e retomar seu lugar!
Vanda Felix


quinta-feira, 12 de julho de 2018

Re...




Reencontro.
Reconto.
Reinvenção de velhas histórias.
Relembranças.
Memórias.
Marcas no coração ❤
E na mente.
Antigas.
Recentes...
E a gente segue
Cada qual seu caminho.
Mas, lá dentro,
Na alma,
Cultivando o mesmo carinho
De sempre.
Pra sempre...
Ontem, hoje
E amanhã.
Com o frescor da maçã 🍎
E o calor do Sol 🌞,
Que nos desperta a cada manhã.

(Reencontro da velha guarda)
Vanda Felix

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Paranapi(não)acaba






Ares de euros,
Euros ares,
Outros mares,
Ares não-solares.
Don't stop, please!
Prossiga! Por favor, não pares...

Para lá
Para cá...
Paranapiacaba.
Névoa perene,
Tudo ecobre,
Nunca acaba.
(E eu me acabo de prazer!)
Vanda Felix

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Re-aja




Prescindo do toque suave
Do sol da manhã.
Prescindo do toque da seda,
Do toque das mãos,
Que afagam-me a face,
Aquecem meu corpo.
Toca-me teu silêncio.
Me faz ensurdecer...
Teu grito preso,
Represado
Na garganta,
Me sufoca
E me ensurdece.
Por que se cala?
Sua inépcia me abala,
Me afronta
E incomoda.
Quero que se mova,
Que assuma a direção
Que seu coração indique.
Sinta-se tocada.
Não se permita ser obrigada,
Nem calada.
Faça barulho,
Grite,
Quebre coisas.
Reaja!
Re-aja!!!
Aja.
Faça pública sua dor.
Busque ressonância,
Empatia.
Você não está sozinha.
Juntas, somos muitas,
Juntas, somos mais!
Vanda Felix

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Manhã preguiçosa


Abro os olhos,
Bocejo,
Espreguiço.

Vejo teu corpo lânguido, estendido.
Vontade de ficar,
Mas não posso

A manhã se estende preguiçosa.
Mesmo ela tem preguiça de acordar.
Embalada pelo som da chuva mansa
Despeço-me da cama,
Obrigada a levantar...
Vanda Felix


quarta-feira, 13 de junho de 2018

Na minha casa



Na minha casa
Eu posso tudo
Me mascaro,
Visto,
Dispo,
Me transmuto.
Falo alto,
Fico mudo.
Sou quem sou,
Sou quem quero.
Sem rodeios,
Sem poréns.
Lá eu posso ser sincero.
Minha casa
Me aceita
Com meus limites,
Minhas loucuras.
A casa é minha
E não me censura.
Sou quem sou,
Sou quem quero.
Sem limites,
Sem frescura.
Lá ninguém me diz
Que não posso ser feliz,
Porque a felicidade incomoda,
Desaloja,
Desloca.
Desacomoda
Quem tem preguiça
De tentar...
Vanda Felix


quinta-feira, 31 de maio de 2018

Cada um por si




Frio de fim de outono
A farsa passa
Despercebida
A farsa ganha força
Mexe com as vidas
De todos
E todos
Pagam a alta conta
(Que já está impagável há tempos...).
Imóveis,
Estáticos,
Paralisados.
Hipnose coletiva
Histeria descabida.
Corre e pega o que é seu!
É pouco?
Dane-se o outro!
O "cada um por si"
Nunca foi tão por si,
Tão por mim...
Perdemo-nos do "nós",
Atados em nós
De cegos marinheiros,
Que navegam à deriva,
Sem ter porto de chegada.
Ou seguimos pela estrada
De pedregulhos e seichos
Com os pés descalços,
Onde se abrem as feridas.
Que cada um cuide das suas
E que Deus nos cure a todos,
Antes que fiquemos loucos.
Vanda Felix

terça-feira, 8 de maio de 2018

Três gatos

São três gatos 🐈🐈🐈
Folgados...
"Folgatos"!
Quer mais?
Três gatos
Gorduchos,
Levados,
Fofuchos.
Que fazem gatices,
Bagunça,
Arruaça,
Às vezes,
Pirraça...
Manhosos,
Macios,
Um pouco arredios
(Nem sempre confiam).
Mas quando se entregam,
Pedindo um chamego,
São tão carinhosos! 💕
Adoram sossego
Mas são tão
Peraltas,
Moleques,
Travessos.
Mil graças
De graça,
Nos cobram
Carinhos.
Três gatos
Gatuchos,
Danados,
Gatunos,
Que amo demais! 💞
Vanda Felix





domingo, 22 de abril de 2018

Dois tempos




Pessoas em dois tempos...
Um só espaço
E dois mundos,
Um raso,
Outro profundo:
Menino,
De pueril inocência,
Vivacidade e pureza
No olhar;
Idoso,
Da vista castigada,
Vida cansada,
Sem perspectivas ou esperanças.
Como não se perder da criança
E amadurecer na perseverança
E na fé por melhores dias???
Como entender a dubialidade
Da alma do outro,
Se nem a nossa compreendemos
Ou aceitamos?
Como amar ou lutar pelo próximo
Se esquecemos de nós mesmos,
Caminhando a esmo
Nessa estrada sem destino?
Que ao despertar nosso adulto
Não adormeçamos o menino,
Mas que convivam lado a lado,
Em paz, mas não resignados,
Mas curiosos e prudentes...
Há em cada um de nós
Facetas múltiplas.
Que saibamos conviver com elas
Sem esquecer de nossa essência,
Preservando a serenidade
E a pureza da infância,
Manifestas em ações ousadas
E no sorriso de inocência...
Vanda Felix


quinta-feira, 5 de abril de 2018

Lunática


Minhas fotos lunáticas,
Pretensamente Deolíndicas...
Oníricas viagens...
Talvez um dia
(Ou uma noite dessas)
Eu chegue lá
(Ou passe bem perto)!
Quiçá...
Vanda Felix

*Dedicado a Deolinda Nunes

terça-feira, 3 de abril de 2018

Sem perguntas





Te aceito
E tu me aceitas
Sem condições
Ou perguntas.
Somos falhos
Tanto quanto.
Incompletos.
Diferentes.
Somos falhos,
Mas nem tanto...
Somos gente!

Te completo
E tu me bastas
Neste mundo
Indiferente.
Te aceito
E tu me aceitas.
Com amor
E sem perguntas.
Vanda Felix

sábado, 31 de março de 2018

Giremos a chave


Resultado de imagem para girando a chave


De tanto levar porrada na vida,
aprendemos a lutar.
De tanto apanhar,
aprendemo a bater.
Aprendemos a nocautear,
depois de muitos beijos na lona.
Reagimos
ou deixamos de existir.
A fraqueza nos faz fortes.
O fracasso nos ensina a insistir.
São ensinamentos de um mundo
que se rege pela lei da sobrevivência.
É preciso resistir.
É necessário ter paciência.
Proibido desistir.
Por trás de cada porta trancada
há um mistério a desvendar.
Giremos a chave!
O mundo gira
a despeito de nossas náuseas.
Aprendamos a girar com ele.
O olhar voltado para o que deixamos
(lá atrás)
não pode nos compelir ao regresso.
O pé deve se fincar no chão 
(no agora).
A incerteza sobre o que há de ser,
sobre o que há de vir
não pode nos causar o medo.
Deve gestar, em seu bojo, a esperança,
pautada na confiança
de só levarmos o melhor
de nós mesmos e do outro.
Giremos a chave!
Forcemos a porta!
Atrás de cada uma
um universo de mistérios.
Ousemos desvendá-los,
simplesmente girando a chave!
Vanda Felix

quarta-feira, 28 de março de 2018

A volta





   Voltaram todos com seus risos e algazarras contidos... Sufocados, prestes a transbordar.
   Haverá lugar mais adequado a esse transbordo que a sala de aula? Haverá?
   E foi... E transbordaram durante a entrada, a se esbarrarem uns nos outros; ao entrarem em sala e no decorrer das aulas, continuaram transbordando... Esparramaram-se pelo recreio, num transbordo infinito de encher os olhos e a alma. Decerto os burburinhos e gargalhadas, agora libertos, ecoarão por dias, talvez até a completude do calendário em trâmite.
   O zunzunzum me trouxe a saudade dos tempos remotos. Fiz-me nostálgica, por um lapso de tempo...
   Tanta alegria represada, tantas palavras presas, tantas novidades quentinhas de tão frescas, tantos planos, promessas... Agora soltos no ar, migrando de boca a ouvido, voando leves feito aves, levadas pelo vento, feito nuvens de verão.
   E o transbordo de emoções tomou conta de todos os recantos e inundou todos os espaços vazios dos corações saudosos... E a escola se fez festa!
Vanda Felix

terça-feira, 27 de março de 2018

Resgatemos




Resgatemos nossa dignidade,
Nossa vontade de fazer e mudar,
Resgatemos nosso brilho nos olhos,
Nossa esperança e força de amar.
Resgatemos o respeito perdido,
Resgatemos o valor esquecido
E a garra de luta e insistência,
Pelo que acreditamos e nos querem tirar.
Resgatemos os direitos ceifados,
A credibilidade no que somos
E em nosso poder.
Resgatemos nossa honra e prestígio,
Que nossa história não seja enterrada,
 Nem apagada,
Sem que deixe vestígios.
Vanda Felix

Declaração de família


Declaração de família 👨‍👩‍👧👨‍👩‍👧‍👧👩‍👩‍👧‍👧👩‍👩‍👦‍👦👨‍👨‍👦👪

O IPREM me pediu
Que fizesse uma declaração de família.
Quando escrevi "Eu amo minha família",
O sistema
(Sempre tão sistemático
E antipático)
Não aceitou.
Então, declarei meu amor
Aos meus filhos felinos 🐈🐈🐈
E mais uma vez,
A declaração foi recusada.
Em vão, quis incluir alguns amigos
E o amor da minha vida...
Já estou cansada
De não poder ser sincera
Nas declarações que faço.
Isso causa embaraço
E é de pouca transparência.
Deixo de lado minha essência
E me obrigo a pôr o que querem.
Parece que sou sozinha neste mundo,
O que não é uma verdade,
Não poder incluir os que amo
É de muita crueldade... 😡
Vanda Felix

família
substantivo feminino
1.
grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto (esp. o pai, a mãe e os filhos).
2.
grupo de pessoas com ancestralidade comum.
3.
pessoas ligadas por casamento, filiação ou adoção.
fig. grupo de pessoas unidas por convicções ou interesses ou provindas de um mesmo lugar.
"uma f. espiritual"
grupo de coisas que apresentam propriedades ou características comuns.
"porcelana chinesa da f. verde"
4.
bio categoria que compreende um ou mais gêneros ou tribos com origem filogenética comum e distintos de outros gêneros ou tribos por características marcantes.
5.
gráf conjunto de tipos cujo desenho apresenta as mesmas características básicas.
6.
quím m.q. GRUPO.
Origem
⊙ ETIM lat. familĭa,ae 'servidores, escravos, séquito, casa, família'

Nota: o IPREM desconhece as definições acima.



segunda-feira, 26 de março de 2018

Senta aqui perto





Senta aqui perto,
Bem do meu ladinho,
Vamos conversar um pouquinho?
Te escuto
E você me ouve...
Troquemos segredos
E aflições...
 Talvez, juntas,
Encontremos soluções
Para o insolúvel
E mesmo
Para o impossível.
Senta aqui perto,
Bem do meu ladinho,
Me deixa
Te fazer um carinho.
Posso ouvir tudo
O que você quiser me contar,
Se não tiver palavras,
Posso, ao menos te abraçar!
Meus braços
Se agigantam:.
Te envolvo o corpo
E toco a alma,
Te pego no colo,
Se te acalma.
Senta aqui perto,
Bem do meu ladinho...
Deixa-me,
Ao menos,
Tentar!!!
Vanda Felix


*Para a minha irmã Paulinha!
(Tô aqui, não se esqueça!) 💕

Arte



Na Terra
Ou em Marte,
Viver é Arte
E ser feliz
E brincar
Faz parte...
(Levando o mundo - nem tanto- a sério...)
Vanda Felix

sábado, 24 de março de 2018

Alvorecer




Alvorece.
Cheiros mil adentram as narinas,
Dois mil sons a confundir a mente,
Espectro encantado
De um arco-íris palpável.
Escolho a cor mais vibrante
Para iluminar meu dia.
Frio, calor, vento, aragem:
Sensações indescritíveis...
Sangue corrente na veia,
Deixo de ser meia,
Sou toda.
Toda eu, de novo.
Nova,
Renovada.
Alma lavada,
Presença Divina reafirmada.
Incontestável Sua existência!
Sinto-me a filha escolhida,
Dileta,
Preferida...
Faço-me pronta.
Vou em frente,
Adiante,
Sempre!
Vanda Felix

quinta-feira, 22 de março de 2018

Vertigem

 Zunzum...
Zunido de abelha 🐝
Dentro da cabeça.
Zunzum...
A vista escurece,👁️
A perna amolece,
Mãos a tremular.👋
Zunzum...
O giro no ar.
Zunzum...
O corpo estremece,
A boca resseca,👄
Mas não é ressaca.
Zunzum...
Cadê o meu chão?
O céu tá caindo?
Cadê meu lugar?
Zunzum...
Espante as abelhas,
E os bichos que zumbem,🐝🐛
Formigas que correm🐜
Por todo o meu corpo...
Não sei se estou morta
Ou apenas dormindo.🛌
Me sinto caindo
Sem mão que me apoie.🤦
Zunzum...
Talvez eu me afogue
Na avalanche de lágrimas
Que teimam em rolar
Por todo o meu rosto.
A boca amarga,
O nó na garganta...
O aperto no peito,
Também se agiganta
E sufoca,
E incomoda
E não quer mais passar...
Zum...
Aos poucos me sinto
Voltando à vida.
Tua mão me ampara,🤚
Me faz protegida.
Abelhas fugiram,
Formigas se foram,
O sangue circula,
Pois, pela cintura
Teus braços me cingem.
Me sinto de volta,
Me sinto segura,
Pronta pra vida!!!
Vanda Felix




Sobre "vertigem":

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Vertigem#cite_note-Hog2015-2

Seguindo



Vamos seguindo
Nessa existência indefinida,
Plantando flores
Onde há somente pedras...
Rabiscando dores,
Colorindo a vida
Com a tinta escolhida,
Ou a tinta que sobra;
Rascunhando amores
Possíveis e inalcançáveis...
Riscando,
Desenhando,
Arrancando páginas
E as descartando.
E nossa história se cria
A partir de esboços
De teorias,
Que nos ensinam as escolas,
As  igrejas
E a própria família.
Nós as testamos,
Aplicamos,
Aprovamos ou descartamos.
Construímos nossas próprias teses,
Nas quais,
Muitas vezes,
Nem nós mesmos acreditamos.
Mas persistimos...
Lápis e borracha
Ao alcance das mãos,
Sempre prontos a revisar,
Cada palavra,
Cada parágrafo
Dessa história,
Que é somente nossa,
Que nos pertence
E à qual pertencemos,
Pois não somos meros personagens,
Somos também autores,
Capazes, de apesar dos rumores,
De que tudo esteja perdido,
Dar um final pretendido,
Ou deixá-lo,
Ao sabor do acaso...
No caso,
Nos permitindo ser surpreendidos.
Vanda Felix

segunda-feira, 19 de março de 2018

Unos e únicos

Acordei
Cheia de vontades,
Pronta para matar a saudade
Do seu corpo,
Que é meu.
Acordei
Envolta de volúpia e carência,
Pronta para novas experiências
De sensações
E atitudes
Insanas.
Acordei
E me entreguei a você,
Numa loucura
De delírio e prazer,
Que somente entre nós pode existir.
Responda-me,
Com franqueza:
Há meio de resistir
A tanto carinho e delicadeza?
Se houver,
Nem quero saber,
Pois agora
Minha felicidade
E meu  prazer,
Fazem parte de você.
Somos unos,
Somos únicos,
E,
Unidos,
Somos plenos...
Vanda Felix

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...