terça-feira, 29 de setembro de 2020

Crueza

 Ferem-me de morte, 

Sem desferir um golpe 

Contra meu corpo. 

Matam minha alma 

Através de palavras, 

Injúrias, 

 Quimeras... 


 Ferem-me de morte 

 Através do desprezo, 

Do desdém de minhas dores, 

Da banalização do que sinto, 

Dos medos que tenho 

Guardados comigo. 


 Sem dó, nem piedade,

 Pisoteiam, 

Do alto de seus saltos agulha, 

Meus sentimentos, 

 Meu coração frangalhado, 

 Surrado, 

 Sofrido, 

Despedaçado. 💔 


 Abro mão de vontades,

 Desejos e possibilidades 

 Para não me fazer ausente. 


 Oculto meus planos, 

De mim mesma, até, 

 Para não ferir, Não magoar, 

Não ser arrogante. 


 Em vão... 

Meu dias se vão,

 Junto com os sonhos meus,

 Dos quais abro mão 

 Em nome do amor. 


 Um amor não amado, 

Sem dó, desprezado, 

 Que ama sozinho. 


 Amor melindroso,

Omisso,

Medroso,

E que, sozinho

E silenciado

Findará os seus dias, 

Na casa vazia 

De vida e calor.

Vanda Felix

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Decepção primaveril

 A Primavera, toda vaidosa, 

Feito adolescente ansiosa,

Vinha na ponta dos pés 

Para não incomodar.

(Não sabia o quanto era esperada!)

Bateu, delicadamente,  à porta,

Aguardando que alguém a atendesse

E convidasse para entrar.

Era, de fato, aguardada,

Mas, na bagunça da casa,

Não lhe reservaram um lugar.

Vendo o caos e a desordem,

Decepcionada,

Virou-se de costas

E, copiosamente, 

Pôs-se a chorar...

Vanda Felix





terça-feira, 15 de setembro de 2020

Herança

 A dor não me domina,

nem determina

meu destino.

Por mais dilacerante,

lancinante

e intensa,

que se apresente,

meu corpo sente,

mas a cabeça pensa:

"Há saída, 

há esperança!"


Por maior que seja meu vazio,

ser vazia

Não é minha escolha.

Não me recolho

à minha bolha

enquanto o mundo

explode, lá fora.


Faço 

o que posso

e julgo correto,

faço

 o que é certo

e sei que consigo,

segundo minha consciência

e intuição.. .

Não julgo,

não condeno,

não destilo

meu veneno.

Atravesso 

pela faixa,

e caminho

na calçada, 

cumprimento a todos,

sou educada. 


Faço 

o melhor que posso.

Desço e subo

pela escada,

se não houver 

outra opção. 


Faço uso

dos direitos

de usufruto 

do que pago.

Nada peço, 

nada pego 

sem pedido

de concessão..


Insisto,  no que valha a pena

e seja benéfico 

à minha alma

e ao meu coração. 

Não desisto 

à primeira brisa,

nem à  leve lufada de vento,

mas respeito 

a Mãe Natureza,

a força do furacão. 


Não subestimo

meus inimigos,

nem me atiro 

aos braços do perigo.

Sou previdente, 

mas com ousadia.

Vivo o hoje,

vivo o dia

sem qualquer precipitação.


Reconhecendo meus limites,

busco contorná-los,

dando a volta

pelo outro lado.

E, nessa ida e volta, 

persisto

até esgotar minha energia.


Essa persistência, 

que muitos chamam

teimosia,

aprendi com meus pais,

que dos meus avós aprenderam

para sobreviver 

às agruras do dia a dia.

Não é capricho,

não é soberba:

é herança

perpetuada, 

transmitida

a cada geração.

Muitos chamam "costume",

a isso eu chamo "Educação".

Vanda Felix





Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...