quinta-feira, 24 de março de 2022

Mais que palavras

 Mais que palavras


💕____(✿◠‿◠)___💕



Palavras

Que me assaltam a paz do sono.

Fogem-me à boca,

Calam-se ante a realidade.

Palavras

Que traduzem meus pensares.

Revelam e desnudam 

Meus recantos

Mais íntimos. 

Entregam, na bandeja prateada,

Minha alma,

Já cansada,

De sofrer e de lutar.

Palavras,

Nem sempre tão sinceras,

Tantas vezes tão severas,

Também sabem acarinhar. 

Podem elevar a autoestima, 

Fazer mulher

A menina,

Fortalecer e construir.

Mas também têm o poder

De derrubar um colosso,

Corromper, fazer ruir.

Que palavras de ânimo e força 

Sejam constantes em nossa boca, 

Façam-nos evoluir.

Que sejam mais que vocábulos avulsos,

Termos sem conexão, 

Que façam sentido aos ouvidos,

Que sejam a voz do coração.

Vanda Felix






quarta-feira, 23 de março de 2022

Escultura

 Escultura


Modelei tua face no barro

Que ficou, após a chuva passageira

(Tão efêmera quanto você).


Queria ter para sempre

Teu rosto na minha lembrança. 

Mas, o sol forte do verão 

Trincou teu rosto, 

Fê-lo caco,

Depois, pó, 

Depois, nada...


De concreto, nada ficou.

Apenas a memória, 

Ainda viva,

De tua imagem,

Da tua sonoridade,

Do teu cheiro

Em minhas mãos.


Mãos que te cuidaram

Carinhosamente,

Em instantes que somente

Tinhas a mim, por companhia,

Te zelando, noite e dia,

Com afeto, sem cobranças 

E te guarda na lembrança 

Como dádiva divinal.

Vanda Felix




sábado, 19 de março de 2022

Solemar Sol e Mar

 Solemar Sol e Mar



O Sol colore

A vida,

Lá fora...

Aqui, dentro,

Aspirando cinzas,

Meu coração chora...

O colorido desbotado, 

Captado

Por meus olhos.

Céu cinzento,

Ar fuligem...

Devaneios,

Vertigem.


Mas o Sol,

A despeito do meu mundo 

Interno,

Meu particular

Inferno,

Segue iluminando, 

Colorindo,

Fazendo lindo

O mundo em que vivem os outros...

Não eu. 

Vivo em meu próprio mundo, 

Meu caos pessoal,

Sem sol,

Sem luar,

Sem chuva mansa,

Ao final da tarde,

Sem vento 

A mover o ar.

Sem o bater das ondas

A meus pés, 

No eterno ir-e-vir do mar...


Meu mundo obscuro,

De eterno breu,

Tão escuro;

Nele não enxergo

A beleza iluminada,

Alardeada,

Em prosa e versos

Cantada

Por todos.



Embaçam-me os olhos, 

Teimosas lágrimas. 

Pesadas, grossas,

Salgadas,

Amargas

(Como as águas do mar).

A despeito do Sol,

Que, à minha revelia,

Lá fora, brilha

E segue iluminando 

Os dias:

Os seus,

Os meus,

Os nossos.

Será que posso,

Dele tomar posse, também?

Cruzar o limite

Que divide

O meu mundo e o seu.

Nele ainda há meu lugar?

Vou devagar, 

Aprendi a não ter pressa,

Preciso sair dessa

Condição de isolamento, 

Ação,  prática 

E não lamento.

Mãos à obra

Em lugar de "Mãos ao alto",

Desço do meu salto

E calço as sandálias da humildade,

Quero entender minhas verdades

E não somente aceitar...

Retorno às minhas origens,

Retorno ao meu lugar,

Onde o Sol aquece as almas

E nunca deixa de brilhar,

Mesmo que pesadas nuvens

Teimem em lhe ocultar,

Mesmo que pesadas lágrimas, 

Teimem em rolar por minha face,

Ofusquem a claridade 

Do dia

Que se anuncia

Após a tempestade,

No final do arco-íris 

(Vim buscar meu pote de ouro!)

Vanda Felix




quarta-feira, 16 de março de 2022

As moedas do Vovô

 *As moedas do Vovô*



Numismática. 

Palavra enigmática

Da qual meu avô nunca soube

(Nem quis saber,

Que eu saiba)

A significação. 

Era um homem de atitude,

E, também,  muita visão, 

Mas não se apegava ao valor econômico 

Do tesouro, que tinha nas mãos. 

Numa época em que se teorizava 

Ele partia para a ação. 

Tinha uma coleção de moedas, 

Que muito me fascinava, 

Não, pelo valor financeiro,

Mas, pelo que representava. 

Ele as guardava com zelo

Numa caixinha bem antiga,

Redonda e preta, com um espelho.

Moedas de várias épocas 

E materiais diferentes.

Ouro, prata, bronze, latão, 

Nacionais e estrangeiras,

Redondas e sextavadas,

Com efígies variadas.

(Algumas, muito das estranhas!)

Mas, cada qual com uma história, 

Um "causo", que ele contava

Com graça e convicção. 

Creio, até,  que exagerava!

E eu ouvia, a tudo, atenta,

Saboreando cada palavra.

Ah, que saudades que sinto

Das tardes que, com ele passava,

De quando me buscava na escola,

E das cantigas que entoava...

Mas, o tempo é implacável, 

E o levou para outro plano.

Bem cedo, ainda,  partiu,

Deixando imensa lacuna.

E a caixinha de moedas,

Que eu tanto admirava,

Perdeu-se nas brumas do tempo,

Ficando, apenas na memória 

Dos meus dias de menina,

Em que Vovô contava as histórias 

De cada moeda guardada

Como registros de época,

A época em que fui mais feliz,

Pois tinha, sempre, comigo,

O meu Vovô Felizardo, 

Homem alto, sério,  austero,

Mas de um coração de ouro

(Não, de prata, nem de latão)

E um sorriso tão sincero,

Que reverbera no espaço 

E no tempo, " 'inda inté hoje"!

Acredito,  tornou-se anjo,

E me guarda, lá,  de cima,

Mesmo eu, já sendo grande,

Guardo em mim, a mesma menina 

Que amou,

E ainda ama e espera

Meu Vovô, que está distante,

Vivendo n'outra esfera,

Mas, morando em meu coração! ❤ 

Vanda Felix 







Curiosidade


No dicionário, o termo "numismática” é utilizado para descrever o estudo das medalhas e das moedas. Trata-se de uma ciência antiga, cujo termo deriva do latim “numisma” — que significa moeda —, mas que segue mais atual do que nunca. Prova disso é que o número de colecionadores e de estudiosos não para de crescer no Brasil e no mundo (...)

https://blog.caravelascolecoes.com.br/o-que-e-a-numismatica/#:~:text=No%20dicion%C3%A1rio%2C%20o%20termo%20%E2%80%9Cnumism%C3%A1tica,mais%20atual%20do%20que%20nunca

terça-feira, 8 de março de 2022

O tempo não tolera

Nos braços cruzados

Moram os corpos

Não abraçados, 

Mas, sempre iminentes,

Sempre carentes

De serem alcançados. 


Na boca entreaberta,

O riso não está estampado,

O beijo molhado

Também mora lá  

Como as palavras não ditas,

Que fazem a alma

Ser consumida

Pela dor e arrependimento. 


As mãos,  

Que não se acarinharam,

Ainda têm tempo

De buscar a face

Em que a lágrima sofrida

Do desprezo e do abandono

Teima em rolar.


Mas, ainda, há tempo!

Não se sabe quanto,

Mas você ainda tem tempo!


Busque o aconchego,

O sabor, já quase esquecido,

Do beijo tão desejado,

O conforto das palavras

E a alegria do riso solto,

Enquanto o tempo

Ainda é presente

E não te foge a galope...


Busque a face amada 

Enxugue sua lágrima 

E se entregue à chance

De ser e fazer

Feliz quem te espera.


O tempo não tolera

Atraso e hesitação. 

Fazendo o bem ao outro, 

Você,  também o faz,

Ao seu próprio coração.  ❤ 

Vanda Felix 




Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...