segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Esquecimento

Tantos momentos de carinho,

Tantos instantes de atenção,

Cuidados, mimos, amores,

Desperdiçados, em vão...

Aqui estou, abandonado,

Tristonho e muito sozinho,

Deixado por você,  neste chão. 

Nada mais sou que um ursinho surrado, 

Desgastado pelo tempo,

Abandonado ao relento,

Esquecido no portão.



Nos perfumes da memória 

Tenho teu cheiro gravado.

Leve, suave,

Inebriante,

Florado...

Não combina com sua frieza,

Com sua crueza 

Em me desprezar.


Nos perfumes da memória, 

Viajo a um tempo remoto, 

Onde seus gestos suaves,

Produziam, em mim,

Terremotos.

(Tremeliques, só de me lembrar!)

Vanda Felix


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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Indulgência

Às vezes, dá preguiça 

De discutir com gente chata, 

De explicar coisas óbvias demais, 

De ler rótulos e instruções. 


Às vezes, dá preguiça 

De tentar convencer o cabeça-dura, 

De mostrar quem somos nós 

 Na fila do pão, 

 De fazer entender, 

Que quando fazemos o bem 

Somos nós os beneficiados. 


Dá preguiça de pedir 

Que a pessoa se ame, 

Mas também ame seu irmão. 

 Que seja tolerante, 

Que aja com prudência, 

Que se cuide, 

Que se zele, 

Que estude... 


Mas, se desejamos algo melhor 

Para nós e para o mundo, 

Devemos, sim, insistir 

E repetir Incansavelmente, 

Como fosse um mantra indiano, 

Até cansar os ouvidos 

E chegar ao coração 

Do teimoso. 

Pois o melhor ensinamento 

É o exemplo do que se pratica. 

Então, não basta, apenas, falar. 

É necessário arregaçar as mangas 

E fazer. 

Fazer sozinho, 

Fazer junto, 

Fazer pela coletividade. 

Por quem está distante, 

Mas também pelo meu próximo. 

Pelos meus, 

Pelos seus, 

Pelos nossos.


Em tempo de descartáveis, 

Sejamos permanentes. 

Em tempo de egoísmo, 

Sejamos solidários, 

Em tempos de ódio, 

Sejamos amor, 

Façamos amor, 

Peçamos perdão 

E saibamos perdoar. 


Desse modo, todos ganham, 

Sem precisar se indispor, 

Sem precisar se maltratar. 

Indulgência é carinho na alma do outro, 

Mas é afago na minha própria. 


Que eu me liberte das tuas culpas, 

Aceitando suas desculpas 

E deixando meu coração mais leve, 

Mais livre, 

Mas disposto ao que se propõe: 

Amar sem amarras, 

Nem barreiras, 

Simplesmente, 

Amar, amando... 

Vanda Felix




quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Onde reside minha paz...🕊

 


Escrevo minha história a lápis:

Revejo, reviso e refaço. 

Recuo, se necessário. 

Vim para a vida

Afim de aprender.

E tenho aprendido,

E tenho crescido.

Sem engodos

Nem trapaças. 

Vou seguindo

Junto à massa,

Mas sem deixar me conduzir.

Escolho meus próprios caminhos,

Defino meu próprio lado,

Sou a dona dos meus passos

E determino meus rumos.

Se tropeço, 

Me levanto,

Respiro fundo e recomeço.

Quando aprendi

A me olhar por dentro,

Me enxerguei por inteiro

E vi o quanto sou gigante

Dentro da minha pequenez. 

Hoje é sim,

E não,  talvez!

Estou certa do que busco

Mas não do que hei de encontrar

E isso já não me assusta mais,

Como assustava no começo, 

Pois sei, exatamente, 

Onde reside minha paz.

Vanda Felix




quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Três tempos

 De onde venho?

De uma infância sofrida,

de lembranças doídas, 

adolescente em conflito.

Mil questões não resolvidas

compuseram o mosaico

a que dei o nome de vida.

Adulta sobrevivente,

inconformada, relutante,

voz ativa, voz passiva

se alternando no dia a dia

para me fazer crescer.

Chegando à maturidade,

hora de viver a saudade

do tempo que já passou...

Sentir saudade, mas seguir em frente,

há um longo caminho, adiante,

que é preciso percorrer.

(Mas, já sem pressa

de chegar).


Para onde vou?

Seguindo rumo ao acaso, 

por caminhos tortuosos, 

onde a incerteza nos espreita.

Se vou à esquerda

ou à direita,

deixo ao encargo do coração,

pautado pelo bom senso,

escolher a direção.

Sei que ele há de me guiar,

garantir meu salvo-conduto,

sem culpa, sem peso,

sem medo, sem luto,

pois este há de ficar para trás.

O que fui,

quem quer que tenha sido,

já não sou mais.

Renasço e floresço a cada dia,

faço da minha própria companhia

meu ponto de apoio e de paz.


Minha paz...

O que me completa

é o que me esvazia, 

o que, de mim, se liberta,

pois liberta minha mente

através de palavras.

Válvula de escape,

estratagema para sobreviver

à loucura

que aprisiona a alma

(se deixarmos),

fazendo-a cativa...

Mas, hoje, sei que estou mais viva

do que era ao nascer.

Vanda Felix




domingo, 7 de novembro de 2021

Aliança

Perdi minha aliança, 

Mas não perdemos o elo 

Do amor que nos une. 


Perdi minha aliança, 

Estava larga no meu dedo. 

Talvez, desatenção de minha parte... 

Eu já tinha esse medo, 

Que, afinal, aconteceu. 


Podes me dar outra aliança? 

Pode ser de capim-dourado, 

Delicadamente trançado, 

 Ou mesmo de cordão de sisal. 

Pouco importa o material 

(Ouro, prata ou lata...) 

Mas o que significa: 

Duas almas unidas, 

Em nome de um amor divino, 

Alimentadas pela Esperança, 

De um amor sideral 

Que supere 

A barreira temporal.

Vanda Felix





Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...