quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Três tempos

 De onde venho?

De uma infância sofrida,

de lembranças doídas, 

adolescente em conflito.

Mil questões não resolvidas

compuseram o mosaico

a que dei o nome de vida.

Adulta sobrevivente,

inconformada, relutante,

voz ativa, voz passiva

se alternando no dia a dia

para me fazer crescer.

Chegando à maturidade,

hora de viver a saudade

do tempo que já passou...

Sentir saudade, mas seguir em frente,

há um longo caminho, adiante,

que é preciso percorrer.

(Mas, já sem pressa

de chegar).


Para onde vou?

Seguindo rumo ao acaso, 

por caminhos tortuosos, 

onde a incerteza nos espreita.

Se vou à esquerda

ou à direita,

deixo ao encargo do coração,

pautado pelo bom senso,

escolher a direção.

Sei que ele há de me guiar,

garantir meu salvo-conduto,

sem culpa, sem peso,

sem medo, sem luto,

pois este há de ficar para trás.

O que fui,

quem quer que tenha sido,

já não sou mais.

Renasço e floresço a cada dia,

faço da minha própria companhia

meu ponto de apoio e de paz.


Minha paz...

O que me completa

é o que me esvazia, 

o que, de mim, se liberta,

pois liberta minha mente

através de palavras.

Válvula de escape,

estratagema para sobreviver

à loucura

que aprisiona a alma

(se deixarmos),

fazendo-a cativa...

Mas, hoje, sei que estou mais viva

do que era ao nascer.

Vanda Felix




6 comentários:

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...