domingo, 22 de fevereiro de 2015

Almas siamesas


Posso calar minha boca,
mas não o meu coração!
Não dizer
não implica
em não sentir...

Silencio a voz,
mas não as batidas no peito...
Boca fechada,
coração pulsante...

Pensamento vai longe...
ao encontro do meu desejo,
ao encontro do sonho meu...
[Meu mais lindo sonho!]

Corpos, há muito separados,
de almas siamesas...
Não me aparto de ti
um segundo sequer!

A espera é dolorida,
angustiante, sofrida...
Quero-te mais que tudo no mundo,
razão da minha própria vida!
Vanda Felix
 
 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Empréstimo


Todas as cores
e sabores
do teu amor,
sei de cor...

Alma-flor,
sonhador,
esquece as dores
e os pudores.

Entrega corpo e alma,
sem alardes,
sem frescuras,
com muita calma...

Entrega? Não!!! Empresta!
Toma-a de volta,
logo ao amanhecer do dia.
Deixa-me solta...

Meu coração aflito,
fica em revolta,
mergulha na saudade,
clamando teu retorno,
esperando tua volta.
Vanda Felix
 
 
 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Resumo vocabular






Pensando em você
articulo mil palavras
que expressem o que sinto
ao lembrar-te...
Dos monossílabos
[átonos e tônicos]
ao inconstitucionalissimamente,
todas perdem seu sentido
diante daquela que te resume:
"saudade"...
Vanda Felix




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Mil motivos



Em teus ombros busco apoio,
em teu peito, meu descanso,
em teus braços, meu abrigo,
desejando estar contigo
para além da eternidade...

Tua boca me sacia,
teu suor me inebria,
tuas mãos tecem carícias,
em momentos de delícias,
delírios, deleites, deslizes,
desejos e felicidade...

Pena!
São raras e efêmeras
as horas que passo ao teu lado.
Você, meu doce pecado,
castiga-me em longas ausências,
açoita-me, acirra a carência
que sinto, por ter-te afastado...

Mas há de chegar o momento
em que finde tamanho tormento,
que venhas em definitivo,
fazendo de mim seu motivo
de alegria, amor e prazer...
Sem pressa,
sem dor ou lamento.
Vanda Felix
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Triste companhia


Às vezes,
a solidão invade minha vida,
sem bater na porta,
sem tocar a campainha...
Acho que entra pela janela,
tal qual o pequeno pássaro amarelo
que, numa tarde deste verão,
invadiu minha casa
e fez ninho no meu coração...
Ninho agora vazio, porque mesmo ele,
o pequeno pássaro que me escolheu
bateu asas e me deixou...
De tudo fica a saudade,
ficam recordações de momentos,
que se foram,
mas ficaram nas lembranças
e me fazem companhia
nas horas em que a nostalgia
é tudo o que me resta...
Vanda Felix


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Venha-me


Venha-me,
com a urgência dos amantes,
dos amores proibidos,
dos aromas não sentidos,
dos sabores, dos pecados,
dos casos inacabados,
romanances mal resolvidos...

Venha-me,
com a curiosidade da criança,
com os olhos da esperança
no nascer de um novo dia,
dos instantes de alegria,
de surpresa e ousadia,
delíciados em sua companhia...

Venha-me,
mas venha-me sem medo,
venha-me cheio de desejos
e de saudades dos meus beijos...

Venha-me,
mas venha-me sem pressa,
o momento, a hora é essa,
não deixemos pra depois,
pois, talvez não haja tempo
de deixarmos de sermos dois
para fundirmo-nos num só corpo,
numa só alma, um só coração
a pulsar, num só compasso
e a vagar por todo espaço,
na imensidão deste Universo.

Venha-me,
com calma e inocência,
livrar-me dessa demência,
que é a saudade que me aflige...

Venha-me,
antes que seja tarde,
livrar-me da dor latente
e do calor que, no corpo arde,
livra-me da morte iminente!
Vanda Felix



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Lamentos de partida



Frio,
frágil,
gélido,
rijo...

Não és tu,
mas tua embalagem,
bem sei...

Caminhas por outros campos,
outras relvas,
outros montes,
bem mais verdes do que estes
em que ficamos nós,
a lamentar tua partida,
sem adeus, sem despedida.

Repousa na lápide,
o corpo cansado,
outrora tão lépido,
franzino e ligeiro.

Nos deixa saudosos,
incrédulos, tristonhos,
mas, de um reencontro,
esperançosos...
Vanda Felix



Homenagem à minha avó paterna, Dona Isaltina, que, como pássaro, partiu no último dia 24/01.
Não houve tempo para despedidas... 





Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...