domingo, 26 de agosto de 2018

Amor de alma



Quero pagar minhas contas em dia,
Mas também quero o direito
De dormir até mais tarde,
Ou até atender a necessidade do meu corpo.
Quero comer bem
E sentir o prazer da gula
(Moderada, mas gula)
Sem culpa,
Sem medo de engordar.
Quero ganhar asas e viajar o mundo,
Tendo a certeza de um chão onde pousar.
Quero amar, amar muito,
Sem limitações.
Amar a quem quiser amar
E a quem quiser me amar,
Mesmo que não seja o amor perfeito,
Ou o amor que meus pais sonharam pra mim.
Mas que seja um amor autêntico,
Verdadeiro,
Sincero.
Amar intensamente
O igual e o diferente...
Quero amor de gente.
Amor torto,
Amor louco,
Mas amor completo,
Que me complete
E encontre em mim completude.
Um amor de atitudes,
De princípios,
Mesmo que sem razão,
Pois não há razão maior para o amor
Do que o simples fato de amar.
Sem pressa,
Sem medo,
Sem culpa.
Não quero uma vida de sonhos
Nem de ilusões.
Quero uma vida real,
Pautada na consciência,
No exercício da convivência
E na prática da solidariedade
Entre seres de verdade,
Que sejam carnais
E não máquinas.
Mesmo não sendo o "dito" ideal,
Tem que ter calma,
Tem que ser de alma
E não de conveniência.
Vanda Felix

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Despertar da infância




Preciso começar agora
A revisitar a mim mesma.
Uma visita calma,
Planejada,
Sem pressa...
Nessa revisitação,
Despertei minha criança cedo,
Antes mesmo do alvorecer.
Penteei-lhe os finos cabelos
E vesti-a com esmero...
Caprichei no aconselhamento:
"Não fale com estranhos..."
"Olhe para ambos os lados
Antes de cruzar a rua..."
"Respeite os mais velhos..."
"Seja uma boa menina..."
E eu, criança obediente que fui,
Segui à risca meus próprios conselhos.

Fui cordeal,
Cordata,
Educada...
Calei minhas curiosidades,
Deixei de conhecer gente interessante,
Tive medo de me arriscar
E perdi oportunidades.

Mas, como nunca é tarde,
Até que fechemos os olhos,
Resolvi rever algumas regras
E me oportunizei
Novos e intetessantes aprendizados,
Como ouvir a mim mesma
Através das batidas do meu coração.
Deixei extravasar a emoção contida
E dei novo sentido à minha vida.
Despertei a criança adormecida,
Há tempos, nos braços do tempo.
Reorientei meu destino
E me redescobri, renovada.
Criança na alma,
Que não envelhece.
Alma leve,
Oculta sob as marcas da face.
Cerne nova
Na velha casca...
Sou hoje o que já fui,
Enriquecida,
Vivida,
Experiente,
Mas, acima de tudo,
Contente!
Vanda Felix

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Corcel de nuvem II







Montei meu corcel encantado,
Feito de nuvem de algodão-doce,
Atravessei o oceano a galope,
Até chegar do outro lado.
Queria reencontrar o meu príncipe,
De quem já sinto saudades,
Dar-lhe um beijo e regressar
À minha longínqua cidade.
Atravessei o mundo inteiro,
Galopando em disparada,
Para encontrar meu amor primeiro,
Mas, oh, dor, não encontrei nada!
Porque ele não estava além das serras,
Nem do outro lado do rio,
Não estava em outras terras,
Estava dentro de mim.
Mas fui buscá-lo tão longe,
E iria até em outro planeta,
Fui além do horizonte,
Sem saber que estava tão perto.
Ele mora em meus pensamentos
Minha mente é sua sala de estar,
Meu coração ❤ é seu aposento,
Não precisava procurar.
Agora que sei onde se esconde,
Não vou deixá-lo fugir.
Vou tratá-lo com carinho,
Para que fique comigo,
Pois, nesta vida já cansei
De sua falta sentir.
Vanda Felix

domingo, 19 de agosto de 2018

Corcel de nuvem

Hoje eu vi meu príncipe.
Brevemente,
Num rasgo na cortina do tempo,
Mas vi.
E o abracei longamente,
Pela eternidade de dez segundos.
E me deixei ser abraçada
E beijada na face
Por sua boca molhada
De pirulito vermelho.
Mas meu príncipe não para!
Tem espírito inquieto
E, antes que eu reparasse,
Montou seu corcel de nuvem
E saiu galopando pelo céu
Em direção ao arco-íris.
Mas o que importa é que vi meu príncipe...
E meu coração se acalmou.
Seu riso largo,
Doce e sincero
Fez com que a esperança,
Que a mim, havia abandonado,
De novo para mim acenasse
E desse um sorriso amplo.
E é desse jeito que te quero:
Arredio,
Inquieto e inconstante.
E, desse jeito te espero,
Para fazer feliz meu instante.
Vanda Felix


Mais um incrível livro pela Editora Essencial

CORCEL DE NUVEM
Quando a poesia transborda muito amor
De Vanda Felix e ilustrações da Carla Sousa
ISBN:  978-85-68672-52-5


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Um papel qualquer


Por sobre o papel
(Um papel qualquer)
Pautado,
Timbrado ou não,
Escorre a tinta
Da esferográfica;
Escorre meu sangue
(História trágica...).
Nos vincos
Do papel amassado
Deixo minhas marcas.
Nos vincos da face
É a vida que me marca...
Sobre o papel
(Qualquer papel que seja),
Branco, pardo ou colorido,
Derramo-me inteira,
Escorrego pela ponta do lápis,
Prendo-me à celulose,
Passo a fazer parte dela.
Já não sou voz.
Sou registro gráfico,
Sou reprodução.
Meu coração,
Músculo oco,
Torna-se ícone ❤,
Símbolo de minhas emoções.
Deixo de ser pulso,
Agora sou impressão
Que uma única gota d'agua,
Solitária, que seja,
Converte em ininteligível borrão.
Quem me leu, me sentiu...
Se me decifrou?
Não sei,
Não importa.
Jazo numa fibra qualquer,
Sou matéria morta.
Embora,
Agora,
Seja imortal!
Vanda Felix

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Graças




Hoje o dia começou mais cedo
E se estendeu para além das horas,
Sinto que a noite será breve,
Insuficiente para o corpo exaurido
Pelo cansaço...
Mas o coração ❤,
Este, está leve.
As muitas falas
Confortaram minh'alma,
Os muitos abraços
Dissiparam o frio
Que ameaçava congelar meus sentimentos.
Corpo cansado,
Alma querendo brincar,
Mais um ano que chega,
Um ciclo que se encerra
Enquanto outro se inicia...
Tantos que se foram antes de mim
E me aguardam do outro lado,
Mas, enquanto estiver por aqui,
Prometo fazer meu melhor
Pelos que me prezam,
Pelos que bem-me-querem,
Por mim mesma, também.
Ergo os olhos aos céus
E dou graças ao Criador
Por me fazer crédula da vida,
Por me fazer crédula do amor! 💘
Vanda Felix

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Doce petiz




Do silêncio
Da minha dor solitária
(Muito real,
Não imaginária),
Só me sabe
Quem sofre.
Faz falta
Teu afago
Em minha face
(Já flácida),
Tua festa
De puro riso,
Sorriso,
Beijo melado na testa.
Só me sabe
Quem sonha
Contigo, a correr solto
Por campos e praias,
A ver o mar revolto
E a voltar para os braços meus
Em busca de abrigo,
Braços abertos,
Abraço apertado,
Laço que enlaça,
Perdão dos pecados
(Cometidos e imaginados).
Redime meus erros,
Me traz esperança,
Querida criança
Tão pura e inocente,
Que nada percebe
Do mal que há no mundo
Causado por gente
Em quem confiamos,
Quase sempre cegamente.
Ah, meu doce petiz!
Teu riso doce e ingênuo,
Mesmo que dure um segundo,
Faz de mim um ser feliz!
(O mais feliz do mundo!)
Vanda Felix

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Não espere




Não espere de mim
Respostas rápidas,
Respostas prontas.
Mastigo bem as palavras
Antes de proferi-las.
Quero que sejam palatáveis,
Agradáveis.
Não espere de mim
Longos discursos,
Tratados
Ou teses.
Ao que me pese,
Dou valor ao que ouço,
Mas valorizo mais o que digo.
Não espere de mim
Profusão de ideias
Malucas.
Busco as menos caducas,
As mais estimulantes,
Animadoras,
Porém serenas.
Quero me comunicar, apenas...
Primo pela delicadeza,
Pela candura
E pela sutileza
E abomino a rudeza
Dos que cospem vernáculos impensados,
Termos pesados,
Áaperos,
Que nada dizem
E em nada condizem
Com o que se precisa ouvir.
Não espere de mim
Objetividade impensada
Ou atitude intempestiva.
Nada espere de mim
Além do que lhe posso dar:
Um sorriso bobo,
Um olhar perdido,
Um pedido de desculpas,
Um abraço forte e demorado.
É tudo o que tenho,
É tudo o que sei,
É tudo o que posso...
Dentro do meu tempo,
Ora breve,
Ora infinito.
Nada espere de mim,
Apenas me espere
Em algum lugar.
Talvez eu tarde a chegar,
Pois caminho a passos lentos,
Apreciando a paisagem...
Cedo ou tarde, eu chego,
Louca para te abraçar,
Pois já estou no seu caminho.
Vanda Felix

Tô aqui






Tô aqui,
Pensando em ti...
Sufocada na saudade,
Transbordando de vontade
De um abraço,
Um sorriso teu.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Saboreando as lembranças,
Revirando na memória
Algum traço de esperança
De, contigo,
Escrever nova história.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Rodeada de viventes,
Mas, mesmo com tanta gente,
Me sentindo só
(Extremamente só...).
Falta em mim um pedaço,
Faz falta aquele abraço,
Que me acolhe,
Aquece,
Aperta,
Esmaga,
Estrangula...
Faz falta teu sorriso alto,
Fingir surpresa e sobressalto
Quando chegas, sem aviso.
Tô aqui,
Pensando em ti...
Pensando se pensas em mim,
Quando o dia está assim
Convidando ao aconchego.
Tô triste,
Mas tô aqui,
Pensando em mim sem ti
E desejando teu retorno breve,
Esperando que a brisa me leve
Em breve,
Para junto de ti...
Vanda Felix



Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...