quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Um papel qualquer


Por sobre o papel
(Um papel qualquer)
Pautado,
Timbrado ou não,
Escorre a tinta
Da esferográfica;
Escorre meu sangue
(História trágica...).
Nos vincos
Do papel amassado
Deixo minhas marcas.
Nos vincos da face
É a vida que me marca...
Sobre o papel
(Qualquer papel que seja),
Branco, pardo ou colorido,
Derramo-me inteira,
Escorrego pela ponta do lápis,
Prendo-me à celulose,
Passo a fazer parte dela.
Já não sou voz.
Sou registro gráfico,
Sou reprodução.
Meu coração,
Músculo oco,
Torna-se ícone ❤,
Símbolo de minhas emoções.
Deixo de ser pulso,
Agora sou impressão
Que uma única gota d'agua,
Solitária, que seja,
Converte em ininteligível borrão.
Quem me leu, me sentiu...
Se me decifrou?
Não sei,
Não importa.
Jazo numa fibra qualquer,
Sou matéria morta.
Embora,
Agora,
Seja imortal!
Vanda Felix

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