segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Vício diário




Na última vez em que nos despedimos,
no momento de tua partida,
fizeste-me a promessa do retorno
[até hoje não cumprida...].
Acreditei em tuas palavras,
que sempre me foram sinceras,
embora não te tenha esperado na manhã seguinte 
[pois não te esperava ser tão breve...],
mas uma após outra, 
em todas as manhãs
que se sucederam...
e ainda espero!
Vivo a esperança de que tornes leve
meu amanhecer tão solitário,
nesse meu vício de esperar-te, diário...
Espera vã,
esperança vã...
Teimosia?
Paralisia?
Não!!!
Quem sabes não me venhas...
                                                                      ... amanhã?
Vanda Felix



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Eclipse



Solitário, astro-rei,
soberano, onipotente...
Ilumina nossos dias,
e, sem a menor cerimônia,
mas com graça e ousadia,
invade nossas vidas,
sem aviso ou permissão, 
aquece-nos o coração...
Observa-nos, de longe,
surpreende-se,
surpreende-nos...
Vez ou outra, se esconde,
dá a cara, no horizonte.
Vai-se embora, 
ao fim da tarde...
Em seu lugar, 
deixa as estrelas,
a cuidarem da bela Lua,
sua amada,
às vezes nua...
Encantadora
e desencantada,
suspirando, apaixonada,
pelo Sol,
que tanto ama...
Em meio a tal elipse,
sem esperanças de encontrá-lo,
a não ser nos fortuitos,
furtivos,
raros e breves eclipses...
Assim somos eu e tu,
talvez menos tu que eu,
passo dias e noites a esperar-te,
na ilusão de que sejas meu...
Vanda Felix





segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Minhas palavras

Que dizer desse amor imenso,
que eu guardo em meu coração?
Já que a ti não faz sentido,
será sentimento em vão?
Por que ignoras a voz forte
que grita por ti com paixão?

É um murmúrio de saudade,
que sai da intimidade
da minha alma sofrida,
voa através dos ares,
escala morros,
cruza mares
buscando-te por todos lugares,
igrejas, palcos e bares...

Mas, como eco retorna,
sem trazer, de ti, respostas,..
Logo tu, a quem amo tanto,
e por quem tenho devoção,
demonstras que de mim não gostas,
desprezas meu coração...
Vanda Felix



sábado, 29 de novembro de 2014

Madrugada insone



O companheiro 

a quem espero
na madrugada,
não me vem ao encontro...

Abandona-me,

noite após noite,
entregue nas mãos da angústia,
nos braços do desespero...

O companheiro,

a quem espero, 
noite, após noite, 
não me vem ao encontro...

Não me resgata,

na alta madrugada,
dos braços da solidão...

Impede-me o acesso

ao mundo dos sonhos,
onde encontrar-me-ia contigo,
fazendo de seus braços
meu abrigo,
meu menino,
meu amigo...

O companheiro sono

me abandona,
me engana
e me deixa só,
à espera de um novo amanhecer,
que,  
[quem sabe?]
me traga você...
Vanda Felix



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sentimento aprisionado




Sentimento aprisionado...
Vontade de me encolher
em um canto
[um canto qualquer]
e chorar todas as lágrimas
que deixei de derramar...
Lavar a minha alma
de antigas
e novas mágoas,
purificar meu espírito,
tirando o peso do meu coração.
Quero que minha mente voe
[bem alto, bem longe...]
e vá ao encontro da sua.
que, em algum lugar,
neste vasto Universo,
está a esperar por mim!
Tenho um nó enorme
preso na garganta,
[sufocante nó que se agiganta!]
mas hei de fazê-lo palavras,
que sairão da minha boca
e entrarão por seus ouvidos,
sendo absorvidas por seus sentidos,
sentidas em seu coração,
que passará a pulsar,
a partir de então,
em sintonia com o meu...
Então, rirei todos os risos
e enxugarei, de vez,
todos os prantos...
Vanda Felix



domingo, 26 de outubro de 2014

Luminoso amanhã



Falta interesse,
      entusiasmo,
      respeito...

Parece que o que pulsa no peito
não é mais um coração,
mas uma engrenagem
emperrada,
enferrujada,
sem função, nem funcionalidade,
movida pela maldade,
pela falta de amor
e de perspectivas,
não somente no futuro,
mas no hoje!

Falta interesse,
      entusiasmo,
      respeito...

Onde vamos parar desse jeito?

Falta emoção,
      carinho,
      esperança...

Falta-nos dar motivos a uma criança
de sorrir,
acreditando no amanhã
claro e colorido
que a espera...
Luminoso amanhã!
Chegará para todos?
Sei não...
Mas confio e acredito
que o mundo se fará mais bonito
quando não mais nos faltar amor,
                           carinho,
                           amizade,
                           respeito!
[Preservo ainda a esperança!]
Vanda Felix






domingo, 19 de outubro de 2014

Porções de você



Meu desejo é abraçá-lo,
aconchegando-me em seus braços,
minha esperança é encontrá-lo,
ocupar o seu espaço,
sentir de novo seu carinho,
no seu colo fazer meu ninho...
Propósito casual,
inocente desejo carnal,
por você, que é meu abrigo,
meu amante, meu amigo...

               Saudade...
               Vontade...
               Lembranças...

Pequenas porções de você,
guardadas comigo;
trechos de uma história,
que sobrevive na memória...
Meus pequenos pedaços de você!
Gestos involuntários,
palavras sem nexo, comentários,
até a fórmula da amônia,
sem nenhuma cerimônia,
uma foto em que você encobre o rosto,
na boca, ainda o seu gosto,
a esperança, chama que não se apaga,
de vê-lo voltando, na madrugada,
como na primeira vez, timidamente,
o toque sutil, na pele quente,
o mundo resumido, apenas na gente...
Vanda Felix


sábado, 11 de outubro de 2014

Inquietaçao



Minha alma inquieta
não aquieta-se um só instante,
vagueia por todo espaço,
entre nuvens flutuantes.

Vai ao encontro de teus braços,
meu recôncavo aconchegante,
persegue-te em cada um de teus passos,
no teu ritmo alucinante.

Mas não mais encontra acolhida,
em teu colo, meu amante.
Volta, então, alma ferida,

ao seu canto, desencantada...
Adormece, desiludida
a chorar, desconsolada...
Vanda Felix


domingo, 5 de outubro de 2014

Recuerdos



Foi-se o tempo da inocência
em que a mente divagava, 
pensando em maravilhas,
que viver imaginava...

Eis o tempo da carência,
em que também divaga a mente,
a recordar, no presente,
o que o passado aprisiona.

Ontem, a expectativa,
a esperança do futuro
que depositei em suas mãos 
(uma escolha no escuro...).

Hoje, fortes lembranças
que consomem minha alma,
angustiam-me o coração,
desde os tempos de criança!

Uma data tão simbólica,
marcada por sua ausência,..
Um cheiro, uma palavra melancólica,
tudo me traz sua presença,
tudo devolve-me você,
minha cura, minha doença...
Vanda Felix

(Escrito em 02/10/2014)




segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Alento



Perder é inevitável!
Perdemos o tempo todo,
mesmo quando ganhamos,
pois ganhar implica escolha,
abrir mão de outros planos, 
afinal, não se pode ter tudo
o que se deseja na vida!
Bens, animais e pessoas,
tudo nos vêm de passagem,
ficam um tempo determinado,
depois seguem sua viagem...
Nós também viajaremos
e deixaremos saudades...
Às vezes, a alma fica ferida,
e no coração, um vazio,
e a falta da pessoa querida
nos joga num vale sombrio...
Somente o Tempo,
senhor de todas as coisas,
para amenizar nossas dores,
trazendo de volta os sabores
que deixamos de sentir com a partida
de quem queríamos conosco,
sempre, por toda vida!
Mas há ainda uma esperança,
que nos serve de alento,
de que em nosso próximo reencontro
não haverá mais despedida!
Vanda Felix



Rê, que estas palavras sirvam de alento ao seu coração... Não perca a Fé, que sempre te fez tão forte!
Bjos no coração...

domingo, 28 de setembro de 2014

Cidadania





Princípio legal,
ético e moral,
direito de todos,
mas só no papel...
Na prática?
Privilégio de poucos...
Palavra polissílaba,
paroxítona...
Polissemântica...
De origem grega,
soaria até romântica
se concebida como sendo o exercício
dos direitos civis e sociais.
Deveria sê-lo...
mas não o é em totalidade.
Arbítrios, armações e esquemas,
tiram da maioria
o direito à CIDADANIA,
compreendida na plenitude
de sua significação.
Ficam apenas com as migalhas,
a título de benevolência
de quem tem por obrigação
fazer valer a legislação
assegurando direitos igualitários
a todos os cidadãos
que possuem direitos a terem direitos,
direitos de cumprirem seus deveres,
sem dever favor a ninguém,
sem precisarem vender-se por votos,
por apoios, favores, esmolas...
Negam-lhe o direito ao básico:
Educação, saúde e habitação,
transporte, segurança e alimentação...
Estamos numa era
onde a escravidão vem camuflada,
vendemos nossas almas,
vendemos nossa dignidade,
por uma falsa "igualdade"
que não existe de fato.
Quando nos tornaremos cientes
de que somos "NÓS" a fazermos as mudanças?
Temos o poder nas mãos,
mas não nos damos conta
de que, para sermos, de fato, "cidadãos"
não precisamos empunhar armas,
pois nossa luta é moral...
Basta que façamos com consciência
o uso de nosso direito de escolha,
não nos sintamos acuados,
façamos a revolução nas urnas!
Sem apego, saudosismo ou temor...
Pensando em nós mesmos,
no nosso próximo,
nos nossos filhos...
A escolha consciente 
é muito mais que um ato de AMOR!!!
Vanda Felix





sábado, 27 de setembro de 2014

Des...



Descaso com o caso,
acaso do destino?
Desrespeito ao que é direito,
o respeito, agora é clandestino...

Desonra, desamor, desatino,
descrença, desavença,
desinteresse repentino,
desfaçatez, descrédito,
desperdício...

Diante de tantos "des",
desejo-me a "desmemória"
deste momento da História
tão cheio de ações inglórias,
desmerecedoras de serem lembradas,
pois, ao "SER" não acrescenta nada...
Chegou o Homem ao fim de sua estrada?

Não vejo recurso,
não vejo saída,
já não há expectativa de vida,
que se estenda além da sobrevivência,
sem planos, sem perspectiva,
sem sabor,
sem prazer, 
sem amor...
Vanda Felix


Fim dos tempos



Onde foi que o Bom Senso
fez sua nova morada?
Sumiu-se de nosso convívio
perdeu-se no meio do nada...

Levou consigo o Respeito
e sua irmã Cordialidade,
não quis deixar o endereço,
fugiu pra outra cidade...

Por aqui ficaram o Caos
e a Falta de Educação,
que uniram-se à Discórdia

e fizeram rebelião,
mandando embora o Sossego,
a Tolerância e a Razão...
Vanda Felix



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Culpa



Por que me culpo por seus erros?
Sofro com seus enganos,
abro mão dos meus planos,
vivo sua vida e esqueço a minha...

E você me culpa por suas falhas,
não suporta ver-me bem;
e revira a memória
em busca de histórias
que deveríamos esquecer...

Perturba meu sono,
rouba meus sonhos
destrói minhas ilusões.

Sigo inquieta,
com o coração aflito,
angustiado, tristonho,
pois seu estigma me marca
feito tatuagem,
que não há tinta que cubra,
que não há água que lave,
não há tempo que cure
a dor da ferida aberta,
na noite de insônia certa,
que tanto custa a passar,
pois culpo~me por sua culpa
de não conseguir me amar...
Vanda Felix



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Epilepsia




Tanta gente surtando no mundo,
abrindo mão de suas razões,
seus direitos
e convicções
por não suportarem a barra
das cobranças sociais,
por não acompanharem as mudanças
que se dão em ritmo frenético,
alucinante...
Tanta gente boa saindo de cena,
jogando a toalha,
entregando os pontos...
Transgredir não é mais quebrar as regras,
e sim, tentar segui-las...
o que está a cada dia mais difícil...
A epilepsia não é mais um sintoma de doença
(há muito deixou de sê-lo!)...
hoje é uma conduta
aprendida facilmente
e aplicada em larga escala...
Loucos são os que não surtam,
que não se estrebucham exigindo o que querem,
ou o que não querem
(alguns não querem nada...).
Eu só quero ser feliz!!!
Vanda Felix



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Olhares



Olhares que vagueiam
na busca de outros olhares,
percorrem todo o espaço,
percorrem todos os lugares. 
Enxergam além do que veem,
enxergam no fundo das almas,
buscando a que lhe seja gêmea...
Uma a uma vai desnudando,
numa busca desesperada
por outro olhar, que lhe cative,
por outra alma, que lhe acompanhe,
por um pedaço, que lhe complete...
Vanda Felix



Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...