sábado, 19 de março de 2022

Solemar Sol e Mar

 Solemar Sol e Mar



O Sol colore

A vida,

Lá fora...

Aqui, dentro,

Aspirando cinzas,

Meu coração chora...

O colorido desbotado, 

Captado

Por meus olhos.

Céu cinzento,

Ar fuligem...

Devaneios,

Vertigem.


Mas o Sol,

A despeito do meu mundo 

Interno,

Meu particular

Inferno,

Segue iluminando, 

Colorindo,

Fazendo lindo

O mundo em que vivem os outros...

Não eu. 

Vivo em meu próprio mundo, 

Meu caos pessoal,

Sem sol,

Sem luar,

Sem chuva mansa,

Ao final da tarde,

Sem vento 

A mover o ar.

Sem o bater das ondas

A meus pés, 

No eterno ir-e-vir do mar...


Meu mundo obscuro,

De eterno breu,

Tão escuro;

Nele não enxergo

A beleza iluminada,

Alardeada,

Em prosa e versos

Cantada

Por todos.



Embaçam-me os olhos, 

Teimosas lágrimas. 

Pesadas, grossas,

Salgadas,

Amargas

(Como as águas do mar).

A despeito do Sol,

Que, à minha revelia,

Lá fora, brilha

E segue iluminando 

Os dias:

Os seus,

Os meus,

Os nossos.

Será que posso,

Dele tomar posse, também?

Cruzar o limite

Que divide

O meu mundo e o seu.

Nele ainda há meu lugar?

Vou devagar, 

Aprendi a não ter pressa,

Preciso sair dessa

Condição de isolamento, 

Ação,  prática 

E não lamento.

Mãos à obra

Em lugar de "Mãos ao alto",

Desço do meu salto

E calço as sandálias da humildade,

Quero entender minhas verdades

E não somente aceitar...

Retorno às minhas origens,

Retorno ao meu lugar,

Onde o Sol aquece as almas

E nunca deixa de brilhar,

Mesmo que pesadas nuvens

Teimem em lhe ocultar,

Mesmo que pesadas lágrimas, 

Teimem em rolar por minha face,

Ofusquem a claridade 

Do dia

Que se anuncia

Após a tempestade,

No final do arco-íris 

(Vim buscar meu pote de ouro!)

Vanda Felix




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