Solemar Sol e Mar
O Sol colore
A vida,
Lá fora...
Aqui, dentro,
Aspirando cinzas,
Meu coração chora...
O colorido desbotado,
Captado
Por meus olhos.
Céu cinzento,
Ar fuligem...
Devaneios,
Vertigem.
Mas o Sol,
A despeito do meu mundo
Interno,
Meu particular
Inferno,
Segue iluminando,
Colorindo,
Fazendo lindo
O mundo em que vivem os outros...
Não eu.
Vivo em meu próprio mundo,
Meu caos pessoal,
Sem sol,
Sem luar,
Sem chuva mansa,
Ao final da tarde,
Sem vento
A mover o ar.
Sem o bater das ondas
A meus pés,
No eterno ir-e-vir do mar...
Meu mundo obscuro,
De eterno breu,
Tão escuro;
Nele não enxergo
A beleza iluminada,
Alardeada,
Em prosa e versos
Cantada
Por todos.
Embaçam-me os olhos,
Teimosas lágrimas.
Pesadas, grossas,
Salgadas,
Amargas
(Como as águas do mar).
A despeito do Sol,
Que, à minha revelia,
Lá fora, brilha
E segue iluminando
Os dias:
Os seus,
Os meus,
Os nossos.
Será que posso,
Dele tomar posse, também?
Cruzar o limite
Que divide
O meu mundo e o seu.
Nele ainda há meu lugar?
Vou devagar,
Aprendi a não ter pressa,
Preciso sair dessa
Condição de isolamento,
Ação, prática
E não lamento.
Mãos à obra
Em lugar de "Mãos ao alto",
Desço do meu salto
E calço as sandálias da humildade,
Quero entender minhas verdades
E não somente aceitar...
Retorno às minhas origens,
Retorno ao meu lugar,
Onde o Sol aquece as almas
E nunca deixa de brilhar,
Mesmo que pesadas nuvens
Teimem em lhe ocultar,
Mesmo que pesadas lágrimas,
Teimem em rolar por minha face,
Ofusquem a claridade
Do dia
Que se anuncia
Após a tempestade,
No final do arco-íris
(Vim buscar meu pote de ouro!)
Vanda Felix
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