terça-feira, 15 de setembro de 2020

Herança

 A dor não me domina,

nem determina

meu destino.

Por mais dilacerante,

lancinante

e intensa,

que se apresente,

meu corpo sente,

mas a cabeça pensa:

"Há saída, 

há esperança!"


Por maior que seja meu vazio,

ser vazia

Não é minha escolha.

Não me recolho

à minha bolha

enquanto o mundo

explode, lá fora.


Faço 

o que posso

e julgo correto,

faço

 o que é certo

e sei que consigo,

segundo minha consciência

e intuição.. .

Não julgo,

não condeno,

não destilo

meu veneno.

Atravesso 

pela faixa,

e caminho

na calçada, 

cumprimento a todos,

sou educada. 


Faço 

o melhor que posso.

Desço e subo

pela escada,

se não houver 

outra opção. 


Faço uso

dos direitos

de usufruto 

do que pago.

Nada peço, 

nada pego 

sem pedido

de concessão..


Insisto,  no que valha a pena

e seja benéfico 

à minha alma

e ao meu coração. 

Não desisto 

à primeira brisa,

nem à  leve lufada de vento,

mas respeito 

a Mãe Natureza,

a força do furacão. 


Não subestimo

meus inimigos,

nem me atiro 

aos braços do perigo.

Sou previdente, 

mas com ousadia.

Vivo o hoje,

vivo o dia

sem qualquer precipitação.


Reconhecendo meus limites,

busco contorná-los,

dando a volta

pelo outro lado.

E, nessa ida e volta, 

persisto

até esgotar minha energia.


Essa persistência, 

que muitos chamam

teimosia,

aprendi com meus pais,

que dos meus avós aprenderam

para sobreviver 

às agruras do dia a dia.

Não é capricho,

não é soberba:

é herança

perpetuada, 

transmitida

a cada geração.

Muitos chamam "costume",

a isso eu chamo "Educação".

Vanda Felix





4 comentários:

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