sábado, 8 de dezembro de 2018
Automutilação
Mãos que dilaceram o próprio corpo.
Mãos que rasgam a própria pele...
Auto-flagelação,
Expiração de pecados...
Culpa?
Renúncia?
Castigo?
Mastigo minha própria carne,
Ritualisticamnete,
Lenta e continuamente.
Ultrapasso os limites da dor,
Desejando o calor do rubro sangue
A aquecer a pele fria,
Correndo em fino fio,
Lento rio
Pelos membros dilacerados,
Marcados para sempre.
Cada marca, uma história...
Uma fantástica narrativa
Indizível e intraduzível.
Narrativa silenciosa,
Ora reta, ora sinuosa.
Mastigo minha própria carne...
Desejando cessar a dor,
Dar um basta na tortura
Que me consome
Pouco a pouco...
Tenho medo da loucura,
Por isso rasgo a carne
Para me sentir mais viva
(Ainda viva!)...
Mas a dor não alivia,
Porque não está no corpo,
Está na alma,
Patamar inalcançável,
Inatingível.
Mastigo minha própria carne...
Mas não sinto seu sabor...
Tudo foge ao meu controle...
Preciso cessar a dor,
Que percorre cada célula do meu corpo,
Mas que nele não está...
Vanda Felix
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