domingo, 14 de maio de 2017

Poética das janelas


Foto: Antonio Kloster


Olhos que espreitam o mundo,
captam,
analisam,
mas não julgam.

Românticas,
bucólicas,
singelas...
Acesso,
passagem,
janelas,,,

Tão frias,
metálicas,
esquadrias,
mas sempre repletas
de história e magia.

Guardando segredos,
quando fechadas,
mostrando a vida
que passa na estrada.

Semicerrados,
meus olhos
também são janelas,
das quais eu te vejo
sumindo, ao longe.

Encharcados,
num misto
de lágima
e garoa,
choram por nós,
pelo que fomos,
pelo que nos tornamos
e pelo que deixamos de ser.

Tal qual a chuva fina
que embaça
a vidraça, 
meu pranto ofusca
o brilho do olhar
que te lanço,
chorosa,
em tua partida,
pedindo que fiques,
devolva-me a vida.

Mas tu, já não ouves,
já vais tão distante,
nem lembras, sequer,
dos belos instantes
em que foste meu homem
e eu, tua mulher.

(Fechou-se a janela
da minha existência,
e disso não sei
se tens consciência...)
Vanda Felix



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