quinta-feira, 25 de maio de 2017

Xadrez


Resultado de imagem para xadrez


Fui peão
na tua mão.
Queria ser rainha 
do teu jogo,
mas o cavalo
me pisoteou
e a torre
desabou
sobre minha cabeça.
O consolo
é que, ao final,
como diz o dito,
voltaremos juntos
para a mesma caixa...
Vanda Felix

terça-feira, 23 de maio de 2017

Herança



Resultado de imagem para criança abandonada
A turbidez
no olhar da criança,
o estranhamento, 
o medo,
a desesperança.
A rotina de assombros,
precocemente vivida.
a dor,
a dúvida,
o dilema...
Tão cedo despertada
de suas fantasias 
e sonhos,
jogada num mundo
de sofrimento
e agonia.
Já não sonha,
nem se encanta, 
desconhece a magia,
desconhece o amor,
que não lhe ensinaram.
Sabe de cor
todas as nuances do horror
e revida,
agressiva,
a quem se aproxime.
Adolescente rebelde,
adulto amargurado.
Seu triste destino
já fora traçado
no ventre
daquela que o gerou
e que, 
como ela,
alguém rejeitou.
É essa a sina
que perpetua
(herança maldita!)
de geração a geração.
Quem não aprendeu
também não sabe ensinar
a coisa mais simples
e mais grandiosa,
que não é conjugar,
mas sim, viver e sentir
o verbo amar...
Vanda Felix


Resultado de imagem para criança abandonada

Lápide



Resultado de imagem para lápides bonitas em granito e mármore


Peço
que pegue a pedra
e ponha sobre
a minha lápide.
Peço
que se apresse,
tenho pressa
de partir.
Pense,
eu te peço:
põe um ponto
que finalize
nossa história.
Põe um ponto
bem certeiro,
que não deixe dúvida
nem cause surpresa.
Põe um ponto de certeza
que dissipe
essa tristeza.
Que não seja reticente,
nem apenas pausa,
mas que articule
palavras
e pensamentos
a serem lavrados
em preto
e prata
na placa
metálica
presa
à minha lápide.
Vanda Felix



A imagem pode conter: 1 pessoa, atividades ao ar livre

Poema dedicado ao meu amigo deboísta, memoralista e guardião do museu a céu aberto de Vila Euclides, João Paulo de Oliveira.
Como costuma dizer o próprio: "Saudações sepulcrais!"

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Tempo de mudanças




Máscaras que caem,
faces que se mostram, 
o salve-se, quem puder.
A surpresa da revelação,
a desestabilização.
Choques violentos,
embora necessários,
que nos fazem despertar,
mas, num primeiro instante,
causam consternação,
surpresa (nem tanto!),
vergonha...
Mas não somos pobres-coitados,
também somos culpados
por estarmos nesse estado.
A falta de consciência,
a omissão,
na hora da escolha,
o vício,
a preguiça,
a indolência,
o delegar ao outro
minhas responsabilidades,
o custo de minhas ações,
a consequência dos meus atos.
Somos uma nação forte,
de homens e mulheres capazes
de esfacelar esse sistema
podre,
corrompido,
ultrapassado.
Estamos no mesmo barco
e não podemos perder o prumo.
Juntos, podemos reorientá-lo,
recolocando no rumo.
O trem segue desgovernado,
há muito, fora dos trilhos...
Tanto tempo de desmandos,
roubalheiras,
falcatruas.
E essa culpa,
que é minha,
não deixa de ser, 
também sua.
Deixemos de lado as picuinhas,
as pequenas diferenças.
Unamo-nos,
demo-nos as mãos.
Nosso país ainda tem jeito,
enchamos de orgulho o peito
e, com vontade,
compromisso e coragem, 
reconstruamos nossa Nação!
Sempre é tempo de mudança,
nada é estático, 
ou para sempre;
não percamos a esperança
de fazermos de nosso país
um lugar
cada vez melhor
de um povo que luta,
trabalha
e é feliz!
Vanda Felix




domingo, 14 de maio de 2017

Poética das janelas


Foto: Antonio Kloster


Olhos que espreitam o mundo,
captam,
analisam,
mas não julgam.

Românticas,
bucólicas,
singelas...
Acesso,
passagem,
janelas,,,

Tão frias,
metálicas,
esquadrias,
mas sempre repletas
de história e magia.

Guardando segredos,
quando fechadas,
mostrando a vida
que passa na estrada.

Semicerrados,
meus olhos
também são janelas,
das quais eu te vejo
sumindo, ao longe.

Encharcados,
num misto
de lágima
e garoa,
choram por nós,
pelo que fomos,
pelo que nos tornamos
e pelo que deixamos de ser.

Tal qual a chuva fina
que embaça
a vidraça, 
meu pranto ofusca
o brilho do olhar
que te lanço,
chorosa,
em tua partida,
pedindo que fiques,
devolva-me a vida.

Mas tu, já não ouves,
já vais tão distante,
nem lembras, sequer,
dos belos instantes
em que foste meu homem
e eu, tua mulher.

(Fechou-se a janela
da minha existência,
e disso não sei
se tens consciência...)
Vanda Felix



To go or not to go...


Resultado de imagem para caminhos

Vou
ou não vou?
Que hei de encontrar?
O que busco
ou o que desconheço?
Compromisso assumido
deve ser cumprido.
Sou de palavra:
cumpro!
Antes da hora,
que combinamos,
já me encontro a postos.
Ansiosa,
receosa
de que não venhas
ou de que venhas...
Não sei o que mais temo,
nosso encontro,
que pode mudar 
nossos destinos,
ou o desencontro,
que me deixa sem respostas,
que me desespera,
me deixa em desatino.
Melhor não ir...
Covarde, eu, agora?
Não!!!
Ergo a cabeça
e sigo em frente,
em busca de um sonho
(do meu sonho!).
Talvez o realize,
hoje;
talvez me desperte
para outra realidade.
Se não for,
não saberei
e morrerei
com a dúvida
sobre o que poderia
(ou poderíamos)
ter sido...
Vanda Felix
Oficina de Photopoesia
06/05/2017


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mães especiais



Ufa!!!
Pensei que não fosse dar tempo de novo!
CIRANDA POÉTICA
Em meu terceiro dia, vou publicar um poema, a convite da poeta Joana Assis, em homenagem às mães de todas as partes do mundo. Aproveito para convidar os poetas MarcosFonseca e Ronnaldo Andrade, a participarem, se quiserem, publicando um poema por dia , por 3 dias seguidos . 
Segue o meu terceiro:
Mães especiais
Há seres especiais
Que Deus envia à Terra
Para purificar nossos espíritos
Em tempos difíceis de guerra.
Seriam estes os tais anjos?
Criaturinhas indefesas
Que carecem de muito amor
E respeito
Então, Deus, com muito jeito
Lhes escolhe a melhor das mães
Cuja alma, transbordante
De amor e delicadeza
Lhes acolhe e abriga no peito.
E tornam-se um só ser
Em perfeita sintonia
Sentem as dores, um do outro
Compartilham toda a alegria.
Nada é por acaso
São seres iluminados
Pois esse amor é um dom
Que apenas poucos possuem
O dom da aceitação incondicional
E da sublimação
De almas evoluídas
Que fundem-se durante esta vida.
Vanda Felix
A todas as mamães especiais e seus delicados anjinhos!
Vanda Felix




Sou mãe

No corre-corre de ontem, não consegui postar, portanto, hoje, serão duas.
CIRANDA POÉTICA
Em meu segundo dia, vou publicar um poema, a convite da poeta Joana Assis, em homenagem às mães de todas as partes do mundo. Aproveito para convidar as poetas Iraídes Tavares Almeida e Priscila Nogueira, a participarem, se quiserem, publicando um poema por dia , por 3 dias seguidos no Facebook .
Segue o meu segundo:


Sou mãe
(Aos meus doze sobrinhos e à minha irmã caçulinha, Marcia Cristina)
Sou mãe
Por afinidade
Não por obrigação
De filhos
Que não gerei
Mas tenho em consideração
Sou mãe
Por escolha
Por opção
Por um querer imenso
Maior que eu
Escolhi você
E você me escolheu
Não te gerei no ventre
Idealizei-te na mente
E abriguei no coração. 
Vanda Felix


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Minha mãe

CIRANDA POÉTICA
Em meu primeiro dia, vou publicar um poema, a convite da poeta Joana Assis, em homenagem às mães de todas as partes do mundo. Aproveito para convidar as  poetas Patricia Nicolau e Deolinda Nunes, a participarem, se quiserem, publicando um poema por dia , por 3 dias seguidos no Facebook .
Segue o meu primeiro:

Minha mãe

Mãos, que amparam
E também acarinham,
Braços, que aquecem,
Riso que alegra,
Peito, que acolhe
E faz com que encolham
Todas as dores.
Chora meu pranto,
Sorri meu sorriso.
Mãe minha, querida!
Razão de minha vida,
Mais do que flores,
Mereces o Paraíso...
Vanda Felix



terça-feira, 9 de maio de 2017

O vento


Resultado de imagem para janela com cortina esvoaçante


O vento
que adentra a janela
esvoaça a cortina
e traz o aroma
do teu pensamento.
Tem cheiro meu
misturado...
Vanda Felix







segunda-feira, 8 de maio de 2017

Marcas



Começo a notar
rugas no entorno 
dos olhos, 
brancos fios
a brotarem 
na fronte.
E não é esteticamente
que isso me preocupa, 
mas historicamente...
A pergunta que me faço,
agora, 
é "que história
escrevi até aqui?"...
Páginas rasuradas,
páginas em branco,
páginas arrancadas...
Que legado deixarei
para a posteridade?
De que forma serei lembrada?
Serei lembrada???
Hoje, ainda,
sou notada?
Há, ou haverá,
no futuro,
quem sinta minha falta?
Sinto falta 
de tanta gente,
que nem nota
se estou presente,
que não sente
a minha ausência.
Mas sinto...
Sinto a falta
de um pedaço
que se perdeu
em mim mesma,
deixando o vazio
do espaço
que ocupava no meu eu...
Vanda Felix

sábado, 6 de maio de 2017

Homenagem ao João Vitor

Postada no Facebook, em 26/04/2017, em razão da passagem de seu 5° aniversário.
João, hoje é seu dia!

É... meu bebê
Se fez menino
E logo será homem!
Posto por Deus
Em meu destino,
Ressignificou,
Em minha vida,
O sentido da palavra "amor"
(Desde pequenino!)
João,
Pedaço de meu coração ❤,
Vibrante, fora do peito!
Agradeço por tua existência,
Por me fazer
Melhor a cada dia,
Aprimorando,
Do seu jeito,
Nossas vidas,
Nunca mais vazias.
Que Deus lhe conceda
Tudo o que você precisa
Para completar sua alegria,
Que, por extensão,
Também é a nossa!

Tia te ama demais! 😘😍
Vanda Felix


terça-feira, 2 de maio de 2017

Uma utopia

     
Resultado de imagem para górgona


      Quem conhece minha história, sabe o quão intensa e verdadeira sou em relação às minhas ações e sentimentos.
     Sabe o quanto me faz feliz cuidar e compartilhar momentos com quem amo e que não há medida de esforços para vê-los felizes e realizados.
     Quem conhece minha história, sabe os monstros que enfrento todos os dias, os fantasmas que me assombram e que, por força das circunstâncias, mato uma górgona por dia, sem a ajuda dos deuses do Olimpo, mas sim, na unha e no dente, mesmo.
     Quem me conhece, de verdade,sabe dos meus medos e das minhas carências e do enfrentamento diário que tenho para não fraquejar diante deles. E sabe como, ao longo de uma vida, esta luta é solitária, mas venho vencendo-a, vez após vez, pois desconheço o significado da palavra "desistência".
     E é essa luta cotidiana, pautada na persistência, que me define, que me mantém de pé, apesar das constantes "rasteiras" que a vida me dá. Não deixo a chama da esperança se apagar em mim, jamais! Quedas são constantes, mas não me entrego. Esfolada, estilhaçada, rasgada por dentro, recolho os pedacinhos e me reconstruo, ponto a ponto, costurando os retalhos um a um, mesmo que com linhas de ilusão, E sigo em frente, até o próximo tropeço.
     Apesar de tudo o que vivi, de tudo o que perdi, de tudo o que sofri, não desacreditei em momento algum, na Humanidade. Traições, engodos, golpes sofridos e decepções não me fizeram descrente na existência de boas almas no Universo. e é por elas que busco. É delas que quero proximidade e envolvimento.
     Como qualquer ser humano, sou passível de falhas, sim, e as cometo aos montes. No entanto, não me envergonha ter que rever opiniões, assumir novas posturas ou mesmo pedir perdão. Somos seres em construção, não somos? Busco ressignificar meus conceitos, organizar minhas ideias, entender a dinâmica do tempo em que vivo, a todo instante. Não sou insensível às mazelas alheias, nem às minhas responsabilidades diante delas.Sei da minha parcela de culpa diante dos quadros social, político e educacional do país em que vivo, dos sistemas dos quais faço parte. E procuro refletir sobre tudo isso, procuro me reorientar para futuras escolhas, futuros posicionamentos.
     E tudo isso faz de mim uma pessoa intensa, exagerada em muitos aspectos, aparentemente alheia a outros.
     Como ser em construção, sou também um ser em conflito, e isso nos remete ao início deste colóquio: a luta diária contra monstros e fantasmas... Acaso isso me desqualifica perante os bem-resolvidos e auto-suficientes? Creio que não. Isso apenas assegura minha autenticidade e sensibilidade latentes.
     Neste mundo de desilusões, sou, ainda um ser humano movido pela fé e pelo desejo de dias melhores.
     Utopia?
Vanda Felix







Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...