Saudade de tua ousadia,
do teu jeito delicado,
de entrar na minha vida,
sem pedir licença,
tomando posse de tudo o que te pertença,
tomando posse de mim!
Saudade de teu atrevimento,
de tua leve arrogância,
que supera a distância
para invadir meus pensamentos
e meus sonhos...
Neles, você fez morada,
e, por mais que eu insista,
não há como fazer com que desista
de se interpor na minha estrada.
No meu corpo, fizeste tua catedral,
meu coração é teu castelo,
onde refugias-te no temporal...
Para mim, serás sempre o mais belo,
e creio que sejas sincero
quando dizes não fazê-lo por mal...
Quero-te além dos limites,
embora sofra com isso,
e não admito palpites,
vindos de quem quer que seja...
Quero-te, além do que posso,
não sinto nenhum remorso
por querer-te, como quero...
Amo-te, mais que a mim mesma,
mesmo tendo a certeza
de que és do mundo, e não meu...
Amo-te além da razão,
mesmo que não me ames
da mesma forma
e na mesma proporção...
Passo as noites acordada
à espera de tua chegada,
que não se cumpre,
triste realidade!
Às vezes, choro em silêncio,
enquanto tu não retornas,
e todo amor que te tenho,
transformo em doce saudade...
Vanda Felix
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento. Na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.
—Carlos Drummond de Andrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário