domingo, 29 de junho de 2014

Fundo do poço



Na busca incessante por respostas,
para perguntas para as quais
não haja,
afastei-me de mim mesma,
vi-me despencar num abismo
do qual cheguei a crer 
não haver retorno...
Cheguei ao fundo do poço...
No auge do meu desespero,
perdi minha visão periférica,
meu senso de realidade...
Dor e angústia 
se apossaram de minha alma...
quase ao ponto de me fazer desistir...
Lágrimas turvaram, 
não somente minha visão,
mas também meu coração
[e minha mente]...
E no ápice deste flagelo,
pude voltar-me a mim mesma...
[em verdade, vi-me obrigada a fazê-lo!].
Olhar-me de dentro pra fora,
perceber que todas as respostas,
estiveram o tempo todo,
guardadas, bem ali,
no local mais improvável,
que eu jamais ousara buscar...
Não as sentia,
não as ouvia,
não as enxergava...
Mas estavam lá,
o tempo todo,
guardadas dentro do meu eu...
Todas as respostas,
todas as soluções,
o poder de decisão,
o direito às escolhas...
Necessária foi a crise,
para voltar-me a mim mesma,
descobrir-me ser completo,
capaz,
criação perfeita de Deus...
Necessária foi a crise,
para reaproximar-me de mim mesma,
de quem não ousarei apartar-me mais...
Porque eu sou de quem eu mais preciso!

Vanda Felix



sábado, 28 de junho de 2014

Quereres



Quero preservar,
em minhas lembranças,
apenas o que for especial
e realmente tiver importância
[todo o resto jogarei fora!]...
Quero esquecer o que é a dor,
dar chances a um novo amor,
o amor que descobri
ainda viver dentro de mim
[meu amor próprio!].
Quero partilhá-lo com quem mereça,
para que eu nunca mais me esqueça
que quanto mais se divide,
mais se multiplica!
Quero dar e receber carinhos
desinteressados,
sem cobranças,
sem chantagens,
tendo compromisso apenas
com a verdadeira felicidade!
Vanda Felix





quinta-feira, 26 de junho de 2014

Limpeza



Decidi me livrar de tudo
o que não me faz bem...
tudo o que me pesa,
o que me prende,
que me estrangula...
Quero levar comigo
apenas o que me engrandece,
que me acresce...
Quero voltar a sentir na boca
o gosto da fruta madura,
o gosto do que perdura,
o perfume das flores,
redescobrir o encanto
de novos amores...
Quero a leveza dos pássaros,
a pureza de um sorriso
de criança,
o olhar perdido no encantamento
da descoberta de novas paisagens...
Quero a boa companhia
dos bons amigos,
companheiros,
que apreciam minha presença,
sem que eu tenha que implorar
por atenção e afeto...
Quero meu espírito liberto,
livre para fazer suas escolhas
sem subjugar-se
à vontade de ninguém!
Quero redescobrir-me em mim mesma,
e ser feliz, por estar comigo,
pois eu sou de quem mais preciso,
não vou mais me esquecer de mim!
Vanda Felix


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Colcha de retalhos



Minha vida constitui-se
de retalhos de felicidade
descontínua...
Retalhos que não se alinhavam,
não têm continuidade.
retalhos de emoções
efêmeras,
fulgazes,
às vezes, impróprias...
Nela, nada se completa, nada se finaliza.
Começo, meio, meio...
Formas e cores
irregulares,
que não se encaixam,
não se complementam,
entre as quais
ficam lacunas,
vazios que, talvez,
o tempo se encarregue
de preencher.
Vanda Felix


terça-feira, 24 de junho de 2014

Batalha íntima



Travo, todos os dias,
uma batalha comigo mesma...
Uma batalha contra o desânimo,
a descrença,
a desesperança...
Às vezes, acho que vou sucumbir,
me deixar vencer,
mas tento resistir...
Tento provar a mim mesma
o quanto sou capaz,
o quanto sou merecedora
de uma vida de paz...
Tento sustentar um sorriso,
que mostre a todos
o quanto estou bem...
Mas, não tem adiantado,
não engano a mais ninguém!
[Muito menos a mim mesma!].
Luto contra os meus medos,
que me perseguem desde cedo,
do momento em que abro os olhos,
e mesmo nos meus sonhos...
Muito fiz e nada realizei,
não vivi os sonhos que sonhei,
mas tenho comigo o consolo
de não haver cruzado os braços
e esperado 
que as coisas me caíssem do céu!
Sou falha,
sou fraca, 
sou frágil,
mas sou autêntica!
Embora não seja o bastante
para me aliviar nesse instante,
é o que possuo,
é com o que posso contar
para não desanimar e entregar os pontos,
pois estou VIVA!
Então, me aposso dessa ideia
e sigo em frente,
mesmo com a alma pedindo SOCORRO!
[Que não sei se virá em tempo,
de evitar que esse tormento
apague a luz dos olhos meus...].
Força, resistência e serenidade,
para vencer meus próprios monstros,
é tudo o que peço à DEUS!
Vanda Felix



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Outros "por quês"? Talvez os mesmos...




Por que insistir
num querer que não me quer?
Ou, pelo menos,
que não me quer
da maneira
como eu quero
que me queira?

Por que esperar
uma espera
tão sem esperança?
Um raiar de sol
que não acontece?
Um fim de noite
infindável?

Como romper o ciclo
de uma vida viciada,
cheia de recaídas,
em te seguir com o olhar,
em te desejar à distância?
Logo tu,
ser inatingível!
Ter-te ao alcance das mãos
e ver escoar
por entre os dedos,
como areia fugídea,
ou água
que não se retém?

Como não sofrer 
tua longa ausência,
e vibrar
com tua efêmera presença,
que traz luz ao meu olhar,
sangue novo às minhas veias,
realiza o meu sonhar?

És a luz do meu caminho,
razão do meu viver,
bem sabes disso...
Mas, não atendes meu chamado,
não ouves minhas preces,
esquivas-te de mim, amado!

Condenas-me ao vazio e à solidão,
de esperar-te uma vida,
pois meu tonto coração,
em que só há lugar para ti,
não mais dará guarida
a qualquer outra ilusão
que não seja esperar
em ter-te comigo, aqui!
Vanda Felix





quarta-feira, 18 de junho de 2014

Prisão


O que me aprisiona
não são portas ou portões,
não são as grades,
não são correntes ou chaves...
O que me aprisiona
está muito além de uma ação
meramente física...
Vem de dentro pra fora,
comprime meu peito,
aperta minha garganta
calando-me a voz,
sufocando meu grito.
O que me aprisiona
talvez seja eu mesma,
que criei dentro de mim
um monstro imenso,
que me domina,
chamado MEDO!!!
Um sentimento persecutório,
que atormenta,
rouba o sono,
confunde as ideias...
Teima em não ir embora,
insiste,
persiste...
Aflige e machuca meu coração,
que, desarmado,
desamparado,
perde o ritmo e o rumo,
segue desorientado,
fechando-se em si mesmo,
negando-se ao prazer de viver...
Aprisionado coração,
com seus temores,
furta-se de novos amores,
condena-se à solidão.
Vanda Felix



sexta-feira, 13 de junho de 2014

Quanto sabes tu de mim?



Quanto sabes tu de mim?
Sabes-me toda,
talvez mais do que eu própria
[me saiba!]...
"Decifra-me, ou devoro-te"...
Já me tens decifrada,
devorada,
desnudada,
consumida de amores por ti...
[mas, não de agora,
desde sempre!]...

Resta-te apenas tomares posse
deste meu eu,
que a ti pertence...
Vanda Felix


Temor



Meu maior temor na vida
é perder a esperança,
que cultivo em mim,
desde os tempos de criança...
Esperança de dias melhores,
momentos singulares,
sentimentos maiores...

Temo perder a capacidade,
que dentro de mim existe,
de me emocionar com belas palavras,
gestos singelos,
toques sutis...

Temo deixar de esperar por ti!
Temo deixar de querer-te...
Ah, dias ingratos,
que afastam quem eu amo!
Maltrata meu coração,
que se perde num mar bravio
de tristezas e enganos...

Se eu desacreditar desse amor,
nada mais me restará,
além da maldita dor
que a mim quer dominar...
Mas, tenho, por ti,
amor intenso e eterno
e dele, não desisto nunca!
Sem ele, 
cairia num abismo profundo,
onde dor,
sofrimento,
solidão e vazio
tornariam minha vida
um insuportável inferno!
Vanda Felix


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Auto-retrato (inacabado)

Ao olhar para mim mesma,
quase que não me vejo.
Pouco restou do meu eu,
sou norteada pelo desejo
de possuir algo impossível,
que talvez nunca seja meu...
Não é inveja, 
nem ambição,
pois não pertences a ninguém,
manténs vazio teu coração,
que ao meu trata com desdém.
Desse modo, me lapido
na arte de querer-te bem,
não sendo tua, 
não quero
pertencer a mais ninguém.
Talvez meu corpo transite
por outro corpo
(que o represente),
mas meu coração não sentirá
por outro 
o que por ti sente...
 Vanda Felix

 
 



Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...