quinta-feira, 1 de abril de 2021

Do alto

Do alto da torre

Do mais alto prédio 

Do alto da colina, 

Um casal de gaviões 

Observa o não movimento

Das ruas paradas...

Que lhes vem ao pensamento?

Haverá estranheza em seus olhares? 


Tempo quente 

Almas frias.

UTIs lotadas

Ruas vazias...

Distância de toda gente

Falta de companhia.

Gaviões,  talvez não saibam

De nosso inimigo invisível. 


Tempos estranhos,

Tempos sinistros. 

Meu país do futuro

Não preserva seu presente.


Tateamos no escuro

As paredes de um quarto vazio.

Tropeçamos no nada,

Caímos num buraco profundo,

Onde, embora não tenha fundo, 

Iremos nos esborrachar.


Não se faz o que deve ser feito 

Para mudar triste destino.

Deixamos morrer nossos sonhos

E os sonhos mais pueris

De nossas meninas e meninos.


De uma existência incerta,

Não estamos certos de mais nada.

Pobres humanos!

Somos uma raça perdida

Prestes a ser dizimada.


E, do alto da mais alta torre,

Do mais alto prédio, 

Da mais alta colina 

Gaviões e urubus nos observam

Perplexos

De nosso fracasso como espécie.

Vanda Felix




3 comentários:

  1. Se a poeta e muitos pensadores estão concluindo o fim da humanidade. Imagina a visão do Criador, o quanto deve estar decepcionado. Justo, nos deu o livre arbítrio, nos forneceu ensinamentos benéficos. Mas não sabemos usar dos dons da bondade, e nem seguir os ensinamentos de Jesus.

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  2. Mais uma criação magnífica dessa minha amiga Vandeca!
    AMEI!!!

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