terça-feira, 16 de julho de 2019

Frieza



Frio, que corta a carne,
Frieza, que mata a alma.
Dor, que dói na gente,
Dor, que o outro não sente.
Falta de um beijo quente
Ou de um abraço acolhedor.
Vejo em mim
Que não me vejo.
Vejo, no outro,
Meu desejo.
Procuro, ali, o que aqui tenho
Guardado no meu peito.
Não tem jeito,
Não me enxergo,
Se enxergo,
Não me mexo.
Frio, na pele,
Frieza, na alma.
Me agito,
Perco a calma.
Se me queixo,
Não me ouvem,
Se me calo,
Me ignoram.
Vida passa
Sem que eu viva,
Sem que eu cresça...
Passa, passa,
Passa o tempo,
Muda o clima
E a estação.
O frio se vai,
Vem verão,
Frieza fica.
Frieza, que aniquila,
Que mata, aos poucos,
Em silêncio...
Silencio
Minha fala,
Calo o grito
Que me sufoca.
Não importa,
Não mais vivo.
Sobrevivo
Em minha toca,
Isolada,
Solitária.
Faço-me fria,
Como fui ensinada...
Lição aprendida
A duras penas
Nesta triste
Caminhada.
Frio,
Frieza,
Dureza...
Pedra posta
Sobre todo e qualquer
Sentimento.
Sou pedra.
Sou gelo.
Sem alma,
Sem desejo...
Vanda Felix




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