O salário já não paga o pão,
não paga o arroz
nem a ilusão
de que um dia haja fartura.
Fartura de comida,
que sustenta a vida;
fartura de afetos
e afagos;
fartura de carinhos
para quem se sente sozinho.
O salário não supre a sede,
não supre a fome
(nem do corpo, nem da alma).
Não paga a luz do sol
nem o perfume das flores
ou o frescor da brisa no rosto.
Não assegura a liberdade
ou a segurança
de se caminhar pela cidade
em busca de diversão
ou de fugir da solidão.
O salário não é doce,
é amargo em sua ausência,
salgado em sua conquista,
mas é meio de sobrevida.
Vanda Felix
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