quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tempo que não tive


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Não tive tempo 
de pensar,
de dizer não...
Não tive tempo
de me adaptar,
de entender a razão.
Fui deixando,
fui sendo,
pouco entendendo,
muito aceitando.
Não deu tempo
de me acostumar à felicidade
que pensei ter encontrado,
Não houve tempo
para as despedidas.
Quando acordei,
já era passado,
você não mais fazia
parte da minha vida.
Agora é seguir em frente,
tenho todo o tempo do mundo
(do meu mundo,
a meu tempo)
para fazer tudo de novo,
mas de modo diferente.
Vanda Felix



quarta-feira, 19 de abril de 2017

Trilhas



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Por vezes, me perco
em trilhas erradas,
pego atalhos por engano,
ao longo da estrada.
Mas logo me encontro,
recolho os pedaços,
nos quais me desfaço,
e colo os caquinhos...

Inteira, de novo,
me ponho a caminho,
seguindo adiante, 
fugindo aos espinhos.
A vida prossegue,
não vou desistir,
curando as feridas,
reaprendendo a sorrir.
Vanda Felix





terça-feira, 18 de abril de 2017

As flores





As cores
das flores
que alegram meu dia,
reduzem as dores,
me dão alegria.

Enfeitam-me a casa,
borboletas sem asas,
não sabem voar.

O sol, que ilumina,
o vento, que areja,
a chuva, tão fina,
cai mansa
por sobre suas pétalas,
viçosas meninas.
Espalham seu cheiro
por todo o ambiente.
Encantam os olhos, 
alegram a gente.

As cores
das flores
traduzem meu riso,
espantam fantasmas
dos quais não preciso.
Vanda Felix

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Adequação e escolha



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Traços,
rabiscos,
planos,
escolhas...
Uns fazem,
outros se adequam.
Ambos padecem...
Sofrimento escolhido,
sofrimento imputado:
o que os distingue?
O que os gradua?
Adequar-se à escolha alheia
também não é opção?
cada qual à sua maneira
tem sua parcela de culpa
nesse caos de sentimentos
tiranos,
algozes,
atrozes,
que comprimem o coração...
Vanda Felix

sábado, 15 de abril de 2017

Sepulte


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Peço que sepulte
a porção de mim
que acabou de matar.
Mas faça um funeral singelo,
uma cerimônia discreta,
não precisa ostentar.
Não precisa de flores,
nem fingir as dores
que, de fato, não sente.
fique em paz, doravante, 
levarei p'ra bem distante
o que houve entre a gente.
Vanda Felix








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Dias cinzentos





Dias cumulus nimbus
custam a passar.
Densas nuvens,
nuvens negras
acinzentam o céu,
adensam o ar.
Chove chuva,
em copiosas gotas,
que caem, sem parar.
Raios e clarões,
que riscam os horizontes,
fazendo-me pensar:
cadência triste,
num dia triste,
em que a saudade insiste
em me sufocar.
Saudade de um tempo
que ainda não veio,
que ainda não vivi,
mas pelo qual anseio
ao lado de ti.
Dias cumulus nimbus,
vida cumulus nimbus...
Falta-me o sol de um sorriso
e o reflexo preciso
do arco-íris em seu olhar...
Nuvens negras
da cidade cinza
(cidade concretada)
afastam-me a realização do sonho
que sonho, mesmo acordada.
Vanda Felix


sexta-feira, 14 de abril de 2017

Tão breve quanto um sopro



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Cachos,
caracóis,
cara de anjo...
Olhar leviano,
de malícia
e desejo.
Premissas de um beijo,
roubado,
tímido ainda,
fez-te sentir-te linda,
mais que desejada:
amada!
E a alma, desarmada,
em seu ego, acarinhada,
induz à entrega do corpo
às mãos hábeis,
aos beijos lascivos.
Encantada,
não soube fazer-te rogada.
Corpos e almas fundidos,
envolvidos,
iludidos
pela ideia de eternidade,
que passou...
Tão breve quanto um sopro,
desfez-se a ilusão
da suprema felicidade.
Vanda Felix




quinta-feira, 13 de abril de 2017

Tive medo





A primeira vez
em que me vi sem você
não tive coragem
de me olhar no fundo
dos olhos.
Tive medo
de não me encontrar
(mais)
dentro deles.
Tive medo
de dar de cara com o vazio
(imenso)
da alma.
Não mais quis
me olhar no fundo dos olhos,
e estes,
por não mais serem olhados,
perderam seu brilho,
perderam sua luz
e se fecharam para o mundo.
Vanda Felix



quarta-feira, 12 de abril de 2017

O preço da ousadia




A tensão estampada no rosto,
o temor de uma descoberta,
nervos à flor da pele,
o sufoco desta angústia
são o preço de uma ousadia,
que a vida mudou, num segundo.
Valeu a pena?
Ainda não se sabe...
Mas a vida segue
até onde Deus permita.
Queria fazer 'inda tanto!
Os planos traçados,
por enquanto, suspensos
(ou apenas adiados)...
Respira-se fundo!
Cada minuto é uma eternidade
e o filme de uma vida toda
rolando na tela da mente.
Tantas histórias a contar!
O corpo sabe,
o corpo sente...
Sente dor,
sente saudade,
sente frio
e arrepio
e, na espera (que se alonga)
tudo potencializa,
Quer-se apagar da memória, 
trechos de uma história
tão linda, quanto breve.
Trouxe dores?
Sim! Pois não...
Mas também muito enlevo
p´ra aquecer o coração.
Agora é apenas uma página
para virar ou arrancar
e, com os olhos marejados,
deixa-se cair, gota a gota,
um sonho, desfeito em lágrimas.
Vanda Felix



terça-feira, 11 de abril de 2017

O espelho


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Meu amigo de vidro,
aquele com quem divido
dúvidas
emocionais,
irracionais,
sensoriais...
Avalia-me friamente,
responde-me, prontamente
sobre as questões aparentes.
Dormi mal?
Aponta-me as olheiras,
as marcas escuras
expressas no rosto.
Estou feliz?
Mostra-me o sorriso radiante,
largo, contagiante...
Acompanha-me na estrada,
na longa jornada
que já percorri.
O medo nos olhos,
a ruga na testa,
se estou pronta para a festa
ou para o velório.
Amigo sincero,
não sabe mentir;
sem meias palavras,
sem distorções,
Recorro ao espelho,
fiel companheiro,
nem sempre gentil,
mas sempre sincero!
(Quisera que os homens
aprendessem contigo...)
Vanda Felix



segunda-feira, 10 de abril de 2017

Talvez seja tarde


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Armários vazios...
quarto vazio...
casa vazia...
Que são os vazios dos espaços
diante do vazio da vida?
Lacunas imensas
vão sendo deixadas;
presenças efêmeras,
doídas ausências.
Não há o que preencha,
não há o que console
a alma, 
entristecida,
que soluça por dentro
do peito que arde.
Dar tempo ao tempo?
Talvez seja tarde...
Vanda Felix



domingo, 9 de abril de 2017

Na madrugada


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O silêncio
gritante da madrugada
me é perturbador.
O silêncio das vozes,
a ausência dos passos,
dos esbarrões
e confusões
fazem-me falta,
incomodam-me,
causam-me dor...
A quietude do instante
rouba-me o sono
e a sensação do abandono
me faz solitária,
mesmo que teu corpo inerte,
repouse ao meu lado
na cama.
Teu corpo repousa,
tua alma viaja,
meu espírito se agita,
mas não grita.
Engole em seco,
numa angústia silenciosa, 
sentindo o avanço das horas
até o raiar do dia.
Vanda Felix



sexta-feira, 7 de abril de 2017

Adiante


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Adiante-se aos ponteiros,
adiante-se ao tempo.
Siga adiante!
Vida confusa
em meio a rotas difusas
que embaralham a mente,
nos põem em parafuso, 
confundem as emoções.
Dores, 
raiva,
indignação
resultam em surtos
ou resignação
Passividade?
Condescendência?
Não rolam mais, não!
Chega de ser complacente!
Dentro de mim
corre sangue quente!
O que me faz humana,
gente.
Cheia de impulsos 
e reações
que busco dominar.
Mas, às vezes,
tudo me escapa ao controle
e reajo!
Afinal, estou viva
e ciente
do que posso,
do que devo
do que quero.
vou atrás de meus desejos,
não mais espero.
Vou em busca
- e trago!
Nem que seja a laço...
Mas não forço, não obrigo.
Quero comigo
apenas o que mereça,
apenas quem me queira
e disso tenha certeza.
O tempo urge,
nos escapa por entre os dedos 
(o que, às vezes, causa medo!)...
Temos pressa.
A vida passa
rápido à beça!
Não desperdiço mais o momento,
não lamento o que ficou lá atrás.
Passado é passado.
Olho adiante
e vejo um belo horizonte
a me esperar de braços abertos.
(Acompanha-me, se for esperto...)
Vanda Felix

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Incompleta


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À parte
a parte
do todo
é tudo;
O todo
se parte
em partes...
Cada qual
total
em si mesma;
Assim sou eu,
assim és tu.
Cada qual 
a seu modo,
a seu tempo
é pleno.
Mas, juntos,
somos mais
que isso.
Juntos, somos nós;
completos,
repletos
de desejos
e felicidades,
à parte
dessa cidade
que nos impõe
(com crueldade)
a sentença
da solidão
e individualidade,
à qual resistimos
e persistimos
em nossa luta
por liberdade;
Partes-todo;
Todo-partes.
Sempre plenitude,
mas não totalidade.
Pedaço que me falta,
me mata de saudade...
Vanda Felix

terça-feira, 4 de abril de 2017

O salário


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O salário já não paga o pão,
não paga o arroz
nem a ilusão
de que um dia haja fartura.
Fartura de comida,
que sustenta a vida;
fartura de afetos
e afagos;
fartura de carinhos
para quem se sente sozinho.
O salário não supre a sede,
não supre a fome
(nem do corpo, nem da alma).
Não paga a luz do sol
nem o perfume das flores
ou o frescor da brisa no rosto.
Não assegura a liberdade
ou a segurança
de se caminhar pela cidade
em busca de diversão
ou de fugir da solidão.
O salário não é doce,
é amargo em sua ausência,
salgado em sua conquista,
mas é meio de sobrevida.
Vanda Felix



Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...