Às vezes, dá preguiça
De discutir com gente chata,
De explicar coisas óbvias demais,
De ler rótulos e instruções.
Às vezes, dá preguiça
De tentar convencer o cabeça-dura,
De mostrar quem somos nós
Na fila do pão,
De fazer entender,
Que quando fazemos o bem
Somos nós os beneficiados.
Dá preguiça de pedir
Que a pessoa se ame,
Mas também ame seu irmão.
Que seja tolerante,
Que aja com prudência,
Que se cuide,
Que se zele,
Que estude...
Mas, se desejamos algo melhor
Para nós e para o mundo,
Devemos, sim, insistir
E repetir
Incansavelmente,
Como fosse um mantra indiano,
Até cansar os ouvidos
E chegar ao coração
Do teimoso.
Pois o melhor ensinamento
É o exemplo do que se pratica.
Então, não basta, apenas, falar.
É necessário arregaçar as mangas
E fazer.
Fazer sozinho,
Fazer junto,
Fazer pela coletividade.
Por quem está distante,
Mas também pelo meu próximo.
Pelos meus,
Pelos seus,
Pelos nossos.
Em tempo de descartáveis,
Sejamos permanentes.
Em tempo de egoísmo,
Sejamos solidários,
Em tempos de ódio,
Sejamos amor,
Façamos amor,
Peçamos perdão
E saibamos perdoar.
Desse modo, todos ganham,
Sem precisar se indispor,
Sem precisar se maltratar.
Indulgência é carinho na alma do outro,
Mas é afago na minha própria.
Que eu me liberte das tuas culpas,
Aceitando suas desculpas
E deixando meu coração mais leve,
Mais livre,
Mas disposto ao que se propõe:
Amar sem amarras,
Nem barreiras,
Simplesmente,
Amar, amando...
Vanda Felix