segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Madrugada

 A chuva cai mansamente na madrugada,
 e entre um pingo e outro,
surge tão mansamente quanto, em minha alma,
o mesmo vazio, 
tantas vezes já vivido, tantas outras já sentido...
Agiganta-se no peito,
chega quase a sufocar,
deixa-me sem ar,
sem teto,
deixa-me sem chão...
Mina minhas forças e rasga-me o peito,
sem chances de defesa,
sem meios de enfrentar...
Afugenta esperanças,
revolve antigas lembranças,
ressuscita mágoas esquecidas,
desperta memórias adormecidas
e me causa medo...
medo de que não haja mais tempo
de vencer esse tormento,
causador de sofrimento
que tanto preciso evitar!
Vanda Felix




Robby Rosa - "Chuva fina"

3 comentários:

  1. Puxa Vanda...sempre me surpreende com suas palavras, com seus poemas. Fiquei feliz em saber que compartilhamos sentimentos e medos tão comuns! Acredito que fazem parte do nosso caminhar humano. Faço terapia alguns anos, mas sempre o passado se faz presente e com ele sentimentos bons e ruins se apresentam e acabamos por reviver novamente os sentimentos, até com maior intensidade, muitas vezes, porque conseguimos manipulá-los conforme o nosso estado de espírito. Eu me sinto prisioneira do passado e tal como tento também encontrar uma maneira de fugir dos meus labirintos de sofrimentos também revividos e remexidos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É extremamente reconfortante saber que alguém tão querida como você compartilha sentimentos comuns aos meus... Faz sentir-me menos sozinha, menos "diferente"... Beijos, querida Solange!

      Excluir
  2. A recíproca é verdadeira!!!!! Você também é querida, voz "aveludada". Beijos

    ResponderExcluir

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...