quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Deixa-me guardar-te em mim

 



Deixa-me guardar meu luto, 

Deixa-me cultivar minha dor. 

Preciso de tempo 

Para amadurecer tua ausência, 

Já não mais transitória. 

 Hoje, um telefonema 

Não mais te fará presente. 

Não te poderei ouvir as angústias 

 Nem desabafar meus dissabores. 

Não vamos discutir por teus rompantes, 

Nem por minha excessiva cautela. 

Não há mais palavras, 

Não há mais conselhos. 

Não festejaremos juntas 

Teus anos, 

Nem os meus... 

Silêncio entre nós. 

 Dá-me o tempo para aprender a seguir sem ti, 

Embora permaneças em mim 

(Em minhas memórias, 

 Em minhas lembranças). 

Já me faz falta o abraço que não nos demos, 

As risadas que abafamos 

(Para não incomodar os sisudos

Nem despertar os dormentes). 

Faz-me falta tua mão amiga, 

Teu socorro, na hora certa. 

Deixa-me aprender com a dor 

A esperar pelo reencontro. 

Então, voltaremos às gargalhadas 

Sem qualquer motivo, que as justifique. 

Voltaremos a divergir, 

Para, ao final concordar. 

Mas, por hora, deixa-me... 

Deixa-me me curar de tua ausência, 

Que, para sempre será presença,  

Pois tua essência 

 Permanecerá comigo. 

Deixa-me guardar-te em mim...

Vanda Felix


(Em memória e honra da minha amiga Percêdes Jance - *08/04/1963   +05/01/2021)

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