domingo, 24 de janeiro de 2021

Dizeres

 Te diria: "Não desiste!", 

se também não estivesse prestes a desistir.

Diria: "Sê forte!",

se não estivesse enfraquecida. 

 Alimentaria tua esperança, 

acaso não houvesse eu, 

já me desesperançado. 

 Então, não posso dizer a ti 

o que não se faz mais em mim. 

Em contraponto, 

posso dizer a ti 

o que desejo que digas a mim. 

Dir-te-ei: "Persiste, 

crê, faze acontecer, 

pois tu tudo podes, 

se queres..." 

Esforçar-me-ei 

para ser teu melhor espelho.  

Lapidado em cristal valioso, 

para refletirmos mutuamente 

todo o bem que nos desejamos.

Vanda Felix




quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Deixa-me guardar-te em mim

 



Deixa-me guardar meu luto, 

Deixa-me cultivar minha dor. 

Preciso de tempo 

Para amadurecer tua ausência, 

Já não mais transitória. 

 Hoje, um telefonema 

Não mais te fará presente. 

Não te poderei ouvir as angústias 

 Nem desabafar meus dissabores. 

Não vamos discutir por teus rompantes, 

Nem por minha excessiva cautela. 

Não há mais palavras, 

Não há mais conselhos. 

Não festejaremos juntas 

Teus anos, 

Nem os meus... 

Silêncio entre nós. 

 Dá-me o tempo para aprender a seguir sem ti, 

Embora permaneças em mim 

(Em minhas memórias, 

 Em minhas lembranças). 

Já me faz falta o abraço que não nos demos, 

As risadas que abafamos 

(Para não incomodar os sisudos

Nem despertar os dormentes). 

Faz-me falta tua mão amiga, 

Teu socorro, na hora certa. 

Deixa-me aprender com a dor 

A esperar pelo reencontro. 

Então, voltaremos às gargalhadas 

Sem qualquer motivo, que as justifique. 

Voltaremos a divergir, 

Para, ao final concordar. 

Mas, por hora, deixa-me... 

Deixa-me me curar de tua ausência, 

Que, para sempre será presença,  

Pois tua essência 

 Permanecerá comigo. 

Deixa-me guardar-te em mim...

Vanda Felix


(Em memória e honra da minha amiga Percêdes Jance - *08/04/1963   +05/01/2021)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Tempo de espera



Tanto tempo sem ver teu riso 

Sem teu abraço 

De aconchego. 

Tanto tempo de espera 

Tanto tempo de desespero. 

 Dias nublados, ☁ 

 Noites sem luar. 

Tua voz ecoa longe 

 Na memória, que já me falha. 

 Fala: quando virás? 

Quando matarei a saudade 

De me perder em teu olhar? 

Quando te sentirei, 

De novo, perto? 

Ao alcance das mãos, 

 Já trêmulas 

 Pela embriaguez 

 Que me faz companhia 

Em cada noite fria, 

De solidão e nostalgia...

Na velha vitrola

A música ecoa,

E, a cada acorde,

Para mais longe,

Minha mente voa.

Vai ao teu encontro,

Mas não te encontra.

Torna, cabisbaixa e triste,

Ao ritual da espera

indefinida,

Infinita, 

Habitual,

Atemporal...

Vanda Felix

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...