Deixa-me guardar meu luto,
Deixa-me cultivar minha dor.
Preciso de tempo
Para amadurecer tua ausência,
Já não mais transitória.
Hoje, um telefonema
Não mais te fará presente.
Não te poderei ouvir as angústias
Nem desabafar meus dissabores.
Não vamos discutir por teus rompantes,
Nem por minha excessiva cautela.
Não há mais palavras,
Não há mais conselhos.
Não festejaremos juntas
Teus anos,
Nem os meus...
Silêncio entre nós.
Dá-me o tempo para aprender a seguir sem ti,
Embora permaneças em mim
(Em minhas memórias,
Em minhas lembranças).
Já me faz falta o abraço que não nos demos,
As risadas que abafamos
(Para não incomodar os sisudos
Nem despertar os dormentes).
Faz-me falta tua mão amiga,
Teu socorro, na hora certa.
Deixa-me aprender com a dor
A esperar pelo reencontro.
Então, voltaremos às gargalhadas
Sem qualquer motivo, que as justifique.
Voltaremos a divergir,
Para, ao final concordar.
Mas, por hora, deixa-me...
Deixa-me me curar de tua ausência,
Que, para sempre será presença,
Pois tua essência
Permanecerá comigo.
Deixa-me guardar-te em mim...
Vanda Felix
(Em memória e honra da minha amiga Percêdes Jance - *08/04/1963 +05/01/2021)