terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Ânsia e idade: ansiedade




A incômoda ansiedade
(Ou ânsia, que vem com a idade)
Me cozinhava os miolos,
(Sem sal,
Sem tempero algum).
Fazia (de meus dias)
Um inferno,👿
Revirava meu estômago,
Dava-me náuseas e insônia,
Dores imaginárias
Sentidas por todo o corpo,
Faziam de meus verões🌞
(E das primaveras, também)💐
Os mais rigorosos invernos. ❄

Tentei guardá-la no bolso
(Ela, a ansiosa ansiedade)
Mas, este, estava furado
E ela escorregou, sorrateira,
Para dentro do meu sapato.👠
Pôs-se, sem cerimônia ou rodeios
A fazer cócegas, em meus pés,
(Já inchados),
Cansados das caminhadas🚶
A esmo, sem destino determinado,
Por ruas, ruelas ou becos
E todas as vias incertas.

Ardiam-me os pés,
Doía-me a cabeça,😨
Boca seca,👄
Olhos marejados...👀
Dois barcos naufragados🚢🚢
Nesse oceano revolto
De incertezas e medos.
Ânsia,
Ansiedade,
Maldade do tempo,
Que foge ao nosso controle.
O futuro trazido para o hoje,⏰
O hoje lançado ao passado.⏳⌛
Oceano de angústias
Atravessado a nado...🏊
Resistirá meu pequeno barco? ⛵
"Viver é preciso"...
(Mas custa caro!)
Navegação errante,
Sem rumo, sem mirante...👿
Navegar,
Remar,
Rumar ao nada,
Naufragar...🏊
Ânsia,
Ansiedade...
Medo dos bichos do mato
Escondidos na cidade...👹
Vanda Felix



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Luz


A luz
Que a meus olhos
Escapa
É a mesma
Captada
Nos olhos seus
A luz
Que ilumina
Tua alma
É a mesma
Emanada
Pelos meus...
Vanda Felix

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Desligados




Coloquei-me em modo "off",
Depois, fiquei em " stand by",
Tentando negar esses dias,
Pesados dias,
Os quais não queria
Registrar na memória...
Uma tentativa frustrada de fuga
Desses tristes episódios,
Que, agora, fazem parte da minha,
Da sua,
Da nossa história...

Uma sequência de tristezas,
De perdas irreparáveis
E dores sem fim.
Sofro pelos que se foram,
Sofro pelos que ficaram,
Sofro por ti
E por mim.

A frieza e a gana dos homens,
Desvalorizando a vida do semelhante,
Uma situação degradante
Onde o dinheiro fala mais alto.
Quem tem mais é que dá as cartas do jogo
A despeito da tristeza
E da dor
Estampada em cada semblante
Dos que ainda preservam sentimentos
Como empatia,
Solidariedade e amor.

E segue nossa história de medos,
De incertezas e desvalor.
Não se respeita quem é pobre,
O preto, o gay,
A mulher e o professor.
Não se respeita a vida alheia!

Ao sistema somente interessa
A manutenção da ordem já posta,
Aquela velha ordem que mantém
Tudo como lhes convém:
Dinheiro nos bolsos,
Nas cuecas,
Calcinhas e malas.
Acham mesmo bacana
Ver a impunidade reinar soberana.
E, a nós, que assistimos a tudo
Impassíveis,
Nada mais resta
Além de nossa voz.

Mas gritamos pra dentro,
Não sabemos nos fazer ouvir,
Não sabemos empunhar nossas armas,
Desconhecemos nossa capacidade
E temos medo de lutar...

Por desconhecermos nossa força e poder
Acabamos por nos resignar
Diante de todas as desgraças
Que não param de acontecer...
Vanda Felix

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Adormecido

Adormecido corpo,
Que ao meu lado repousa.
Inquieta alma, esta minha,
Que o sossego desconhece.
Ressonar profundo,
Involuntários movimentos.
É impagável
A paz desses momentos,
Em que nossos papéis se invertem
E repousas, inerte,
Ao lado meu,
Bem juntinho...
Sem sombra dos teus sonhos,
Abdico dos meus,
Somente para olhar-te
No gozo pleno
Da contemplação.
Vanda Felix

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Lei do retorno




A presença não notada,
A ausência não sentida,
Pequenos rasgos na alma,
Que se tornam grandes feridas.
Ou a gente se torna indiferente,
Ou sofre por toda vida.
Um aceno,
Um sorriso,
Um aperto de mão negados,
São golpes desferidos
No velho corpo cansado.
Dar as costas a uma história
Que se tentou escrever,
Apagar, de vez, a memória,
É difícil,
Mas é assim
Que deve ser.
Ser diferente entre os iguais
É quase crime hediondo.
O desprezo,
O escárnio,
O sarcasmo
Ferem mais que punhal novo.
O feio,
O pobre,
O preto,
O gordo,
O gay,
O velho,
O doente
Não são tratados como gente
Por aqueles que se julgam
Mais gente
Que a própria gente.
Acordei nauseabunda,
Enojada desse mundo
E dessa gente imunda,
Que se julga mais que os outros.
Vou me livrar desse enjoo
Vomitando toda a ira,
Todo o desprezo que sinto
Por essa gente sem princípios,
Sem sentimento de empatia,
Sem a mínima simpatia
Pela dor que o outro sente.
Vou me livrar desse mal,
Que tão mal a mim me faz,
Pois a mim, tanto faz,
Estarem por perto ou longe.
Vou tratá-los com deferimento,
Com a habitual simpatia,
Vou levar meu dia a dia,
Sem deixar que me atinjam.
O que é deles está guardado,
Vai voltar redobrado,
Pois aqui se faz, aqui se paga,
E a vida sabe cobrar...
Acredito na lei do retorno,
E o que gira em nosso entorno,
Somos nós que atraímos.
Quero atrair coisas boas,
Portanto, o bem, hei de fazer!
É certo, que o Universo conspira...
Se contra, ou a favor,
É você que o inspira
Por meio de sua postura.
Por isso, para e respira,
Absorva as coisas boas
E não pira,
Que nada vem por acaso.
Vanda Felix

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...