segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Não perca tempo
O tempo
não bate à porta...
Quando quer passar,
pula a janela,
se necessário.
O tempo,
não escolhe favoritos,
também não poupa
ninguém.
O tempo passa
pelo pobre,
pelo rico,
pelo velho,
pela moça,
na favela,
no palácio,
pela casa,
pela praça...
Nada o detém,
nada, nem ninguém.
O tempo não pede tempo.
O tempo é temperamental.
Trabalha pro seu bem
Ou trabalha pro seu mal.
Mas não é seu inimigo.
O tempo não perde tempo,
Tudo a seu tempo e lugar.
Então, não perca mais tempo
Deixando a vida passar
Sem fazer nada de útil
Para si ou para outrem,
Ande, aproveite seu tempo
Que o tempo não espera ninguém.
Vanda Felix
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Quero estar fora
Quero estar fora
Por uns dias,
Umas horas.
Longe de toda a sujeira
Que se espalha,
Tão ligeira.
Longe do rancor
E do ódio,
Longe da intolerância
E do desamor,
Aprendidos desde a infância,
Muitas vezes, em casa,
Por exemplo dos pais.
A violência descabida
Contra quem lhe deu a vida,
O pai subjugando a mãe,
O filho, que segue o exemplo
E reproduz contra a irmã,
Contra a coleguinha
Ou a namorada,
Como se fosse normal...
Mas não o é,
Nunca foi.
Por isso, quero estar fora,
Por uns dias, umas horas,
Pra repensar tudo isso
E buscar um novo jeito
De desfazer esse mal-feito,
Que está tão cristalizado,
Mas que pode ser mudado
Com um pouco de informação.
Não é moldar a opinião alheia,
Mas levar à reflexão.
Que sou eu, neste mundo?
Quem sou eu, afinal?
Por que me julgo superior?
Em que posso ser melhor?
Melhor que quem?
Melhor em quê?
Para quê?
Hoje sou eu, amanhã pode ser você
Vítima de um egoísmo descabido,
De preconceito, de machismo...
Somos nada neste Universo,
Fomos pó,
Seremos poeira...
Daqui nada se leva,
Tudo se deixa...
Então, deixemos de besteira
E sejamos irmãos,
Sejamos parceiros,
Pois tornaremos ao nada,
Mais dia, menos dia,
Mais hora, menos hora.
Deixemos nosso melhor.
As melhores lembranças,
As saudades,
Os exemplos saudáveis...
Deixemos o mundo melhor.
Quero estar fora
Por uns dias,
Umas horas,
Mas quero voltar melhorada
Antes de estar fora para sempre...
Vanda Felix
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Aniversário
Hoje faz um ano
De tudo que vivi um ano atrás.
Trezentos e sessenta e cinco dias
De trezentas e sessenta e cinco alegrias,
Das tristezas
Não quero falar mais.
Daqui a um ano,
Fará dois anos
Desse dia que não voltará mais,
Porém, a data será lembrada,
Mais trezentas e sessenta e cinco
Vezes comemorada.
Aniversario todos os dias,
O nascer de cada dia,
Me é singular e único.
E dou-me parabéns por isso,
Não viver é desperdício.
Passar pela vida, apenas,
Sem vivê-la de forma plena,
Não me interessa,
Não vale a pena.
Assim se faz minha vida,
Nem sempre bela,
Nem sempre florida,
Mas muito minha
E plenamente vivida.
Por meus erros, peço desculpas,
Sei quais são e assumo minhas culpas,
Mas com elas aprendo
Sem arrependimentos,
Pois sou humana
E passível de erros.
A culpa não me domina,
Minha alma pequenina
É, ainda de menina
Curiosa que não desiste.
Quanto maior o desafio,
Mais se envolve,
Mais insiste,
Até que chegue sua vez
De cessar sua lucidez
E se entregar de vez a Hades...
Enquanto isso não ocorre,
Apago velinhas cotidianas,
Conto dias e semanas,
Horas, meses e até anos
De qualquer que seja o fato.
Nem preciso calendário,
Pra marcar aniversário,
Pois todo dia faço festa.
Vanda Felix
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Pedra sobre pedra
Põe uma pedra
(bem pesada)...
Põe na boca do buraco,
sepultando seu passado,
que, na verdade, nem passou,
está aberto,
latejante,
vivo,
sangrento...
Põe a pedra,
por favor!
Escolhe aquela,
bem grande,
que vede bem,
que não se mova,
que sepulte essa história
vil, infame,
inglória,
que envergonha
a tanta gente.
Põe a pedra e dê as costas.
Vá embora,
sem olhar.
Não se deixe emocionar.
Seja frio,
seja gelado,
sepulte esse passado,
senão, não passa
sua dor.
Vanda Felix
terça-feira, 4 de setembro de 2018
Amém
Percorro meus caminhos
Com minhas próprias pernas.
A despeito dos aclives, declives
E tortuosidades,
Sigo em frente
Sem necessidade de fazer,
De quem quer que seja,
Moleta.
Sigo para muito além do horizonte.
Miro com meus próprios olhos,
Lentes turvas
Não me turvam
O olhar.
Olho adiante,
Sempre.
Carrego o peso que meus ombros suportam.
Se não suportam,
Não me dizem respeito,
Não hesito em deixar para trás.
Agarro com as mãos
O que o braço alcança,
Mas só levo à boca
O que não impacta a balança.
Sigo leve.
Sigo livre.
Coração aberto,
Mente tranquila.
Faço o que posso,
Por quem posso e quero bem.
Não me privo,
Não me escondo.
Arrependimentos?
Vez ou outra,
Mas raros.
E a vida segue
Num eterno vai e vem.
Que assim sempre seja
E que os anjos me digam "Amém"...
Vanda Felix
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