Houve um tempo,
Há muito tempo,
Em que eu fazia planos
E tinha sonhos
Para quando chegasse aos vinte anos...
Esse tempo chegou,
Passou e hoje é saudade.
Vinte anos era muito tempo
Quando tínhamos pouca idade.
Infância,
Adolescência,
Inocência,
Imaturidade.
O tempo passou e virou história,
Mas não história doída,
Que fosse ruim de ser recordada.
É história gostosa,
Boa de ser revisitada.
Lembrança boa e suave,
Que se guarda na memória.
Foram tempos bons,
Tempos felizes,
Onde o pouco fazia milagres.
A menina daqueles tempos
Ainda habita em mim,
Faz parte do que me tornei,
Do que hoje sou
E daquilo que ainda serei...
Cada fase não suplanta a anterior.
A ela se agrega,
Se torna essência.
Soma,
Acrescenta narrativas,
Memórias
E experiências.
São fatos de nossa vida,
Fragmentos de nossa história.
O que a menina do amanhecer me ensinou de bom,
A adolescente da tarde aprimorou
E, hoje, a jovem senhora, ao cair da noite,
Tem muito do que delas ficou
Registrado na memória,
Nas marcas que o corpo carrega,
Nos hábitos que incorporou
E nas ações que pratica,
Mesmo que, disso tudo
Não carregue consciência.
Tornei-me forte
Por imposição da vida.
Mas não sei represar minhas dores.
Dou vazão,
Deixo correr as lágrimas,
Que brotam no peito
E deságuam no olhar.
Embora já não tenha pernas
Para acompanhar o ritmo do mundo,
Já não tenha braços
Para enlaçar a todos que amo,
Que aprendi a amar
Ao longo dos longos anos.
Meus dentes já não mastigam as novidades,
Me engasgo,
Me atrapalho.
A cabeça já não trabalha com a razão,
Quer uma pausa,
E, quem agora manda é o coração.
A memória curta,
O corpo enfraquecido,
Mas o coração segue a mil.
Já não pulo muros,
Pouco desço escadas,
Preciso de apoio,
Preciso de guia.
Mas a memória do outrora é viva,
Traz o meu ontem para o hoje.
Meu passado está presente,
Há de me ser companheiro
Pelo futuro que me resta.
Vivo meu momento,
Com a intensidade do adolescente
A descobrir seu primeiro amor.
Sem grandes planos,
Sem economias,
Cada novo dia
Nasce para ser vivido
Com entusiasmo e ousadia.
Foi-se o tempo das ilusões,
Foi-se o tempo dos engodos.
Hoje é tempo das certezas,
De saborear cada conquista,
De folhear as páginas da revista,
Sem querer copiar o padrão...
Sou quem sou
Graças às histórias que vivi.
Sou quem sou
Graças as escolhas
(Certas e incertas)
Que fiz, ao longo dos meus dias.
E sou feliz, comigo mesma,
Por ter me dado a chance
De viver tudo o que pude,
De fazer o que desejei
De acreditar em meus sonhos,
Muitos dos quais,
Sonhados enquanto, ainda, acordada.
Vanda Felix
Cara Amiga e parceira de ofício, nobilíssima escritora e Regente,do Ensino Fundamental, das municipalidades diademense e paulistana, Wanda Felix, boa tarde!
ResponderExcluirQue deleite inefável ler seus primorosos textos! Que a deusa da justiça e da sabedoria e Mnemosyne a tenham como pupila sempre! Saudações sapientes.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Professor de Ensino Fundamental I aposentado das municipalidades diademense e paulistana.
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito obrigada, meu querido amigo, pelas elogiosas palavras. Além de grande honraria, trazem-me enlevo à alma! 💞
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