sexta-feira, 22 de maio de 2020

Página da História

Há coisas urgentes
Que não esperam o porvir
A dor não espera,
A fome não espera.
A vida,  ah, esta!
Também não espera.
O abraço, de hoje,
Pode esperar,
O sorriso, este danado,
Inocente, sincero,
Não há porque,
Nem mesmo pra quê
Protelar.
Pode ser usado
De modo abundante,
Mesmo que camuflado
Sob máscaras e cores.
Seu som se espalha,
Seu brilho irradia
Luz e alegria,
Emana energia,
Que pode curar...
A boa  palavra,
Que não marca hora,
Pode ser dita e ouvida, agora,
Trazendo esperança
E alento a todos:
Ao adulto, à criança
(E até ao incrédulo).
O aperto de mão,
Vai ficar pra depois,
A intimidade,
Vai ficar pra depois.
Hoje, importa viver,
E se proteger
A ti e a quem amas.
A tal pandemia
Mudou nossos dias,
Mas, sim, vai passar!
A fé,  que nos move,
Por dias melhores
Irá nos guiar
De volta à vida,
Que não mais a mesma,
Mas ainda, intensa,
Revista,
Repensada
De modo ciente,
Não mais descuidada,
Não mais negligente.
Amigos distantes,
Famílias dispersas...
Bateu desespero?
Relute,
Enfrente
E siga em frente,
Contando comigo.
Mesmo à distância,
Estamos contigo.
Quem diria que vidas
Iriam silenciar-se
De modo tão abrupto?
Ninguém mostra a cara,
Mas, não por vergonha,
E, sim, precaução
E excesso de amor...
Prossigo te amando
E amando a mim mesma,
Por isso, o aceno,
Por isso o desejo,
Que tudo não tarde
A ficar na memória,
Uma página da História
(Da minha, da sua)
A não se negar.
Vanda Felix


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