Confiança I

O relógio 

Repousa

No pulso.

O Tempo

Perdeu a pressa...

O sangue 

Que pulsa

Na veia.

A lebre

Que corre, 

A abelha

Que morre

Após a picada. 

Uma aranha

Tece a teia,

Paciente,

Confiante,

Totalmente alheia

Ao mundo,

À chuva,

Ao sol

Que incendeia

A estrada

Térrea 

Ou asfáltica. 

Trama,

Tece, 

Elabora.

Fica

À espreita

Da presa

Desavisada, 

Incauta...

Sem pressa,

Sem drama,

Confia

Na trama

Que cria.

Vanda Felix

Relaxa...

Relaxa,

que a vida passa,

querendo, você,  ou não.

Trabalhe, não pra "ganhar a vida",

mas, pra garantir o seu pão. 

Relaxa, 

que o tempo não espera,

então, aproveite o momento.

Conheça belos lugares,

tenha bons sentimentos.

Relaxa,

não tenha medo 

de se arriscar em aventuras.

Invente novas histórias, 

construa uma nova estrutura.

Relaxa, 

que o tempo e a vida

passam à sua revelia.

Seja sujeito ativo

e viva cada um dos seus dias.

Construa,

crie, conheça

tudo o que desejar.

Se tudo ruir, não se esqueça:

podemos recomeçar!

Arrisque-se!

Conheça novas culturas

e todo tipo de gente.

Ninguém é melhor que o outro,

ninguém fica "pra semente".

Relaxa, 

ninguém sabe o tempo

que permanecerá neste mundo.

Por isso, te dou um conselho:

"Viva bem, cada segundo!"

Vanda Felix

Quem chegar

O pequeno 

se faz grande.

Cresce

e aparece. 

Os conflitos

se acirram, 

Ânimos se exaltam

e a esperança, 

por vezes,

se esvai

feito fumaça...

A semente

Germinada

se espalha

na calçada, 

arrebenta

o concreto

e segue

rumo ao incerto, 

talvez,

quase sempre,

em direção ao nada.

Quem o garante?

Quem o sabe?

Assim vivemos,

sem certezas,

sem garantias

de que teremos 

assegurados

nossos sonhos 

e  fantasias. 

Quem chegar

ao amanhã, 

que conte...

Que nos conte,

pela manhã 

o que achou,

o que sonhou...

Vanda Felix

Vida após a morte

Crença de que parte da identidade dum indivíduo manifesta-se após a morte do corpo físico.

As expressões vida após a morte, além, além-túmulo, pós-vida, ultravida e outro mundo referem-se à suposta continuidade da alma, espírito ou mente de um ser após a morte física. Os principais pontos-de-vista sobre o além provém da religião, esoterismo e metafísica. Sob vários pontos de vista populares, esta existência continuada frequentemente toma lugar num reino espiritual ou imaterial. Acredita-se que pessoas falecidas geralmente vão para um reino ou plano de existência específico após a morte, geralmente determinado por suas ações em vida. Em contraste, o termo reencarnação refere-se ao renascimento em um novo corpo físico após a morte, isto é, a doutrina da reencarnação animal um período de existência do ser em outros planos sutis, que ocorre entre duas existências físicas ou renascimentos.[1

Céticos, tais como materialistas-reducionistas, acreditam na impossibilidade da vida após a morte e a declaram como inexistente, sendo ilógica ou incognoscível.

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Vida_ap%C3%B3s_a_morte

Não sei se...

Não sei se o que escrevo,
É,  de fato,
Poesia.
Tudo o que sei e sinto
É que escrever me alivia.
Através das palavras
Me decomponho
Em milhares de pedaços,
Minúsculos fragmentos
Que recombino,
Colo,
Refaço.
Dou outros e novos sentidos,
Me espalho
Por todos os outros espaços.
Redefino.
Às vezes, desanimo,
Mas tento
E reajo.
E recomeço
Do começo
(Às vezes, do meio)
Com receio.
Recomponho,
Recrio,
Remendo.
Mudo os tons,
Retempero.
Dessa forma,
A brincar com palavras,
Formas e cores,
Me recupero
E renasço.
Recomposta ,
Mais disposta,
Renovada.
De corpo e alma lavada,
Como se toda essa loucura
Não tivesse sido nada
Além de um pesadelo.
Vanda Felix

Tinta

Tento,

há tanto tempo,

brincar com a tinta.

Risco,

rabisco,

corro o risco

de me sujar.

Penso,

traço,

faço

e refaço.

Mergulho no mar

de cor

e alegria.

Fujo do mundo,

da dor e tristeza,

dou cor

e dou forma

e, aos poucos

a tela 

branca

e sem graça

ganha vida

e minha vida

se transforma.

Vanda Felix

Fenecer

Triste deixares o mundo
Sem a satisfação de um desejo.
Sem a realização de um sonho,
Que tragas, há  muito guardado,
No fundo do peito apertado,
Onde não se ousa chegar.
Carregas culpas por este desejo
E por outros não realizados,
Por desejá-los, apenas...

São pesos que carregas consigo
E que há muito
Te têm  consumido,
Pois, ao sonhá-los
Tua alma se envenena.
São desejos de menina,
De uma alma bem pequenina,
Que se encolhe,
Se recolhe,
Se espreme...

De  dentro de ti
Ecoa um grito
E teu corpo todo treme.
É o grito da alma
Que, sem paz e nem calma
Soluça,  suplica e geme.
Quer liberdade...

Do mundo?
Sente saudade,
Não suporta a solidão.
E teus desejos
E sonhos secretos
Se afogam em tuas lágrimas.
Fenecem sem terem nascido,
Sem saberem a luz do dia,
Ou da noite enluarada.
Da flor,
A mais perfumada,
Não viste,
Sequer, a cor...
Vanda Felix