segunda-feira, 16 de março de 2020

Do tempo que me resta

Do tempo que me resta,
Quero vivê-lo em nível máximo.
Alta voltagem.
Alta potência.
Intenso brilho...
Quero planar sobre os oceanos
Para além da linha do firmamento
Até reencontrar-me a mim mesma
No meu ponto de partida.

Do tempo que me resta,
Quero vivê-lo em plenitude.
Adrenalina em picos.
Coração a mil por hora...
Quero aventurar-me num mergulho
(De cabeça)
Da mais alta cachoeira
Até tocar o leito do rio
E voltar, a nado, até sua nascente.

Quero ver o sol raiar
Do alto da mais alta montanha
E por-se do lado oposto
Fechando, com chave dourada
A porta da minha existência...

Do tempo que me resta,
É que, talvez, nem reste tanto,
Quero viver essa ilusão,
Quero viver esse encanto,
De que serei eterna, de algum modo.
De que viverei em suas lembranças
Por todo o tempo do mundo...
Talvez nem me reste tempo
Para tanto sonho e desejo,
Mas quero esta ilusão
Que me alimenta a esperança,
De que, mesmo não sendo eterna,
Farei-me perpétua
Em algum vago pensamento,
Que me ressuscite, sem lamento,
Mas com doçura e carinho...
Vanda Felix


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