quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Árvores


Sou fruto de árvore fértil,
Frondosa,
Que a mim gerou,
Além de outros belos frutos,
Outras sementes
Que também se formaram árvores
Frutíferas
E frondosas.

Tornei-me, eu, árvore seca,
Que fruto não gera,
Que flores não desabrocham
E se desfolha
À primeira brisa
Da Primavera
(Mas, tenho raízes,
Que aqui me prendem)...

Árvore fértil,
De generosa sombra,
Que, outrora, abrigara ninhos,
Dera morada
A passarinhos,
Hoje, enverga seus galhos,
Que, um dia, tocaram o céu.
Já não mais frutifica,
Nem floresce.
Seu caule, já frágil,
Carcomido pelas pragas,
Já não tem forças
Para sustentá-la...

Mesmo eu, já me envergo,
Enfraquecida pela ação do tempo.
E, tristemente, dou-me conta
Dos frutos que não gerei,
Das sementes que não espalhei
Ao vento,
Pelos ares,
Pelos vales,
Pelos mares...
Findo o tempo
Da florada,
Que me resta?
Quase nada...
Vanda Felix


Um comentário:

  1. Eu vejo beleza nessa poesia de uma árvore cujos frutos são a mais doce alegria em como compõe cada frase.

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