segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Maledicência



A faca afiada
corta a carne,
corta o pão.
A língua descontrolada 
fere a alma,
rasga o coração.
A boca fala
o que a mente ordena,
ora absolve,
ora condena.
Mata, aos poucos,
o inocente,
enfraquece,
faz doente.
A falta de foco, 
o olhar distorcido,
o confuso processo mental
(a serviço do mal),
a ilusão de ótica,
o mal-entendido
tornam réu
quem nunca foi bandido.
Palavras mal-faladas,
mal-escritas
tornam-se malditas,
maledicentes.
Destroem amizades,
amores,
vidas.
Abrem feridas
profundas,
por vezes,
eternas,
que jamais cicatrizam,
ficam abertas,
insuportavelmente doídas...
Cuida de manter em repouso
a língua inquieta
e a mente delirante
e imprudente.
Na dúvida, cala-te!
Na dúvida, esqueça.
Abre mão de criar fatos
apenas possíveis
no teu imaginário.
Não divagues,
não inventes,
não acrescentes,
não seja insensato.
Domina-as 
(a língua e a cabeça)
antes que te dominem
o corpo,
as vontades,
os atos...
Vanda Felix

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