Que te fiz eu,
para perderes o interesse,
para, que de mim te afastasses,
embora eu nunca te esquecesse?
Para amenizar a ausência,
brinco com teu retrato,
tão real, tão abstrato...
Reproduzo,
beijo, lambuzo...
Faço dele meu quebra-cabeças,
te monto e desmonto a imagem,
te trago pra perto,
mesmo que em pensamento,
mesmo que por um momento...
Mas, meu mundo é deserto,
nem sequer me mandas recado,
andas sempre tão ocupado...
Eu eu fico esperando de ti
um "oi", um "bom dia",
pode parecer-te pouco,
mas me dão imensa alegria.
E nessa espera, tão doída,
procuro por uma saída,
que me deixe ir bem longe
deste ninho de lembranças,
onde adormeço sozinha,
chorando, feito criança,
abraçada ao teu retrato.
Vanda Felix
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