quarta-feira, 5 de julho de 2023

Retomada


 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora!

É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais recorrentes e prazerosos têm sido postos de lado. Um deles é preencher o vazio destas páginas virtuais, com palavras que expressem meu vazio existencial. Essa é uma prática que muito me preenche...

Nesse meio tempo, quase um ano de distância e ausência, muita coisa aconteceu, e essas "coisas" em muitos aspectos me transformaram. Em alguns, evoluí, em outros, estagnei, mas o doloroso e constatar a regressão que tive em pontos fundamentais da minha personalidade.

Nada me tem sido fácil, mas sigo adiante, na luta, nas batalhas diárias pela sobrevivência dia após dia.

Mas, prometo retomar minhas boas práticas. Aos poucos, mas prometo!

Vanda Felix

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Cara e coroa

 Disparidade,

Desigualdade.

Humanidade que valora 

Em valores diferenciados

Humanos equivalentes.

Uns valem mais,

Outros menos.

A depender da cor da tez,

Do ponteiro da balança 

Ou do saldo bancário. 

Precifica 

E justifica

Pela oferta do mercado 

E pela procura.

Identidade, 

Na verdade

É só um rótulo. 

No fundo,

Se não formos iguais

Não valemos o mesmo.

Lei de oferta 

E procura.

É loucura,

Mas é o que conta

E, no final das contas,

Iremos todos para a vala

Ou pelos ares.

Seremos pó. 

Só,

Nada demais.

A valer cara e coroa,

São facetas desiguais.

O "cara" 

Frente à "coroa",

Nesse jogo

Vale mais.

Vanda Felix 





quarta-feira, 6 de julho de 2022

Imperativo

 Fala...

Deixa ecoar 

Pelo ar

O que te incomoda.

Quero ouvir de tua boca

O que te aflige

Coração e alma.

Fala...

Liberta-te das correntes

Que te aprisionam.

Quebra as algemas,

Joga longe a mordaça. 

O peso que carregas

Não é fardo teu.

Divide.

Soma forças, 

Subtrai rancores

E multiplica tua autoestima. 

Faze-te bonita por fora

Tanto quanto és por dentro.

Quero a luz do teu olhar,

O brilho do teu sorriso

E o som do teu riso solto

De volta.

Agora!

terça-feira, 24 de maio de 2022

Outrora

 *Outrora*

advérbio

em tempos passados; no passado, antigamente.

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Antes, orelhões comunitários, fichas telefônicas, filas gigantescas.

Da vida de cada um, sabia-se um pouco.

Escuta,

Escuita, 

Ouve, 

Assunta...

Ouvia-se um lado da prosa e o outro, a mente criava...

A imaginação viajava e a fofoca se espalhava...

E os "trotes", então?

Gostávamos fichas e mais fichas (depois, os créditos no cartão, que, depois de "zerados", viravam itens de coleção) para pregar peças e nos divertir com o desespero, do outro lado.

"Alô, por obséquio,  a senhora trabalha com roupas?"

"Não,  meu 'fio'... Sou dona de casa. 'Cê' deve de ter ligado errado!"

"Ah, entendi! Quer dizer que a senhora trabalha pelada?"

Marcávamos encontros aos quais nunca íamos... Vendíamos terrenos na Lua. Tudo por gozo, por zoação. 

E as campainhas, então? 

Apertar e sair correndo. Ouvir, já longe, e em segurança,  os bravejos do incauto morador que saíra para atender a ninguém. 

Não houvesse campainha, batíamos palmas. 

Era divertido, mas não era correto.

Hoje, tenho essa dimensão e carrego certo remorso.

Coisas que a idade nos traz: nostalgia e arrependimentos. 

São histórias, que nos sirvam de aprendizado e que sirvam às novas gerações. 

O passado não se reescreve.  Mas, é  sempre possível nova leitura, reflexão profunda, evolução. 

Hoje, bateu-me esta nostalgia... Faria diferente? Também não sei.

Sei do meu hoje. Sei do que me tornei, forjada no sofrimento,  no sentimento,  na inocência e na diversão,  a partir das coisas simples, como tomar banho de chuva, na volta da escola, escorregar no barro das ruas de terra batida (em que nem se cogitava a possibilidade do asfalto).

Éramos felizes e sabíamos (só não sabíamos do vazio de um mundo cheio de coisas e possibilidades que viria depois)...

Vanda Felix




domingo, 24 de abril de 2022

Sombras da noite

A luta do dia,

Do mundo real

Se estende para além dos meus sonhos,

Me desperta do sono,

Traz à tona lembranças 

(Penosas, pesadas)

De um universo alternativo,

Em que o sofrimento é superlativo

E a angústia me sufoca...

Uma gota de lágrima me afoga 

E a dor explode no peito,

Rompe a passagem da garganta 

Mas represa minha voz.

O grito fica preso,

A dor é apenas mais um peso

Que tenho que suportar.

Estou presa nesse universo,

Medonho, sombrio e frio,

Sem saída 

E sem socorro

Que me chegue em hábil tempo,

(Antes disso, eu morro)

De medo e desespero, 

Com sensação de impotência 

Diante do inimigo impalpável, 

Mas, concreto

E tão real

Que habita dentro de mim...

A luta do dia,

(E todo dia é de luta)

Contra o tempo,

Contra tudo,

Contra mim mesma.

São as sombras da noite,

Sobras de memórias remotas,

Sob uma lente distorcida,

Fragmentos de uma vida,

Retalhos mal-costurados

De mal-vivida existência. 

Vanda Felix




quinta-feira, 24 de março de 2022

Mais que palavras

 Mais que palavras


💕____(✿◠‿◠)___💕



Palavras

Que me assaltam a paz do sono.

Fogem-me à boca,

Calam-se ante a realidade.

Palavras

Que traduzem meus pensares.

Revelam e desnudam 

Meus recantos

Mais íntimos. 

Entregam, na bandeja prateada,

Minha alma,

Já cansada,

De sofrer e de lutar.

Palavras,

Nem sempre tão sinceras,

Tantas vezes tão severas,

Também sabem acarinhar. 

Podem elevar a autoestima, 

Fazer mulher

A menina,

Fortalecer e construir.

Mas também têm o poder

De derrubar um colosso,

Corromper, fazer ruir.

Que palavras de ânimo e força 

Sejam constantes em nossa boca, 

Façam-nos evoluir.

Que sejam mais que vocábulos avulsos,

Termos sem conexão, 

Que façam sentido aos ouvidos,

Que sejam a voz do coração.

Vanda Felix






quarta-feira, 23 de março de 2022

Escultura

 Escultura


Modelei tua face no barro

Que ficou, após a chuva passageira

(Tão efêmera quanto você).


Queria ter para sempre

Teu rosto na minha lembrança. 

Mas, o sol forte do verão 

Trincou teu rosto, 

Fê-lo caco,

Depois, pó, 

Depois, nada...


De concreto, nada ficou.

Apenas a memória, 

Ainda viva,

De tua imagem,

Da tua sonoridade,

Do teu cheiro

Em minhas mãos.


Mãos que te cuidaram

Carinhosamente,

Em instantes que somente

Tinhas a mim, por companhia,

Te zelando, noite e dia,

Com afeto, sem cobranças 

E te guarda na lembrança 

Como dádiva divinal.

Vanda Felix




Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...