*Seguindo o baile*
"Oi, você está bem?"
"Sim, claro! Por que, não?"
A vontade, que me bate
É de responder
Com a verdade:
"Não, claro, que não!"
Mas, enfim,
Que diferença faria?
Sabemos que essa pergunta,
Na maioria das vezes,
Nos é feita
De modo "pró-forma"
Sem que, de fato a resposta,
Tenha algum interesse,
Sendo sincera, ou não,
Não fará a mínima diferença ,
Nem numa possível empatia,
Por parte de quem a fez,
Nem na resolução
Do que nos aflige.
Aflição...
Hipertensão...
Depressão...
Solidão...
Seguimos, então,
Fingindo que está tudo bem...
Conosco e com o mundo!
Seguimos fingindo dar conta
De todas as demandas,
De quitar todas as contas...
Até que uma hora...
"Plaft!"
A máquina, que, já não é
O último modelo da fábrica,
Quebra!
Quebra
Porque nada é cem por cento perfeito
(Nem nós, humanos,
Pretensamente
E iludidamente
Superiores).
Quebra
Porque a carga foi muito maior
Que a capacidade dos nossos ombros.
Quebra
Porque qualquer equipamento
(Ou pessoa)
Carece de um repouso
E reparos regulares.
Quebra
Porque não é imune
A imprevistos,
Nem a acidentes.
Quebra
Porque até a garantia estendida
Vence.
Quebra
Porque quebra, ué?
E, agora, o que se faz?
Pensamos que somos únicos,
Insubstituíveis,
Mas não somos!
Numa possível ausência,
Outro nome ocupará
O nosso lugar
Na lista de controles.
Outra data de nascimento
Indicará a quem serão dados
Os "parabéns" no aniversário.
Outra "bunda"
Tomará nosso assento,
E, por aí afora,
Sem que sejamos,
Sequer, lembrados,
Quiçá, citados
Nas datas festivas
Nos anais da família
Ou da instituição
Que tomou nosso sangue,
A grandes goles,
Ainda quente...
Mas, agora esfriou,
Coalhou
E não lhes serve para mais nada,
Nem mesmo para referência,
Menos, ainda, para reverência...
Findo o féretro,
Findas as lágrimas,
Que nos resta?
Nada!
Talvez, mesmo,
Nem lembranças...
Tarde demais para agir.
Nada mais a se fazer...
A máquina quebra...
E não há conserto.
Jaz sucata
N'algum canto.
Quebra
Porque é frágil.
A ferrugem lhe corrói...
Descarte.
Troca.
Substituição.
Outras virão:
Mais modernas,
Mais tecnológicas,
Novas,
"Novinhas"...
Mas, também, passarão.
O ciclo, que não se fecha.
E segue-se com o baile,
Noite adentro,
Vida afora...
Vanda Felix