Vivo um momento tão louco,
Tão meu,
Tão de ninguém...
Minhas tristezas
São muitas
E minhas alegrias
São várias!
E as saudades que sinto
São tão distintas,
São tantas...
Tenho saudades, vontades
(Próprias e impróprias),
Raivas intensas e amenas,
Desejos proibidos,
Visões obcenas...
Queria seguir os meus dias
Regando minhas flores,
Narrando histórias
De ingênuos amores,
Emanando felicidade,
Paz de espírito,
Bonança,
Esperança...
Mas o caos, ora, instalado,
Vem transformando, aos poucos,
Minhas pretensas alegrias
Em dores,
Medos, surtos,
Rancores...
Minhas recordações,
Outrora, doces,
Hoje são doídas saudades
De dias que não tornarão mais.
Mal nos erguemos de um tombo,
Levamos nova rasteira,
Tentamos nos levantar
E, de novo, comemos poeira.
As pernas, já enfraquecidas,
Não nos sustentam o corpo.
O coração, em pedaços,
Sangra,
Já fora do peito.
Os dias não têm mais Sol,
A noite não nos traz mais a Lua.
Estamos sós no deserto,
Abandonados, a esmo,
Entregues à própria sorte,
Largados no meio da rua.
Por mais que busquemos sentido
Ou razão que tudo explique,
Jamais teremos entendimento
Para o presente momento.
É triste,
Mas vivemos, de novo,
Um tempo de incertezas.
Mente estagnada,
Sentidos desorientados,
Coração despedaçado,
Alma a vagar rumo ao nada...
O que me enlouquece, agora,
Não são meus delírios,
São, sim, os meus medos concretos
Das coisas reais e palpáveis.
Caminhos incertos,
Os quais eu percorro
São meus labirintos,
Nos quais eu me perco.
Certo é apenas o abismo,
Para o qual caminhamos,
Onde seremos empurrados
Ou nos jogaremos de cabeça.
A minha esperança,
Louca do último andar,
Talvez já tenha se jogado...
Talvez, não...
Quem sabe,
Não esteja trancada,
À procura da chave perdida,
Que, uma vez encontrada,
A traga, de volta.
Tenho esperança, ainda
(Bem, lá, no fundo, escondida),
De que um dia retorne
E traga consigo o Sol,
E o luar que clareia as noites
E a vontade de dançar na chuva,
E os beijos
E abraços bem fortes,
Que nos dão todo sentido à vida.
Vanda Felix
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