quarta-feira, 16 de junho de 2021

Momento

Vivo um momento tão louco,

Tão meu, 

Tão de ninguém...

Minhas tristezas 

São muitas

E minhas alegrias 

São várias! 

E as saudades que sinto 

São tão distintas,

São tantas...

Tenho saudades, vontades 

(Próprias e impróprias), 

Raivas intensas e amenas, 

Desejos proibidos, 

Visões obcenas... 

Queria seguir os meus dias

Regando minhas flores, 

Narrando histórias 

De ingênuos amores, 

Emanando felicidade, 

Paz de espírito,  

Bonança, 

Esperança... 

Mas o caos, ora, instalado,  

Vem transformando, aos poucos,

Minhas pretensas alegrias 

Em dores, 

Medos, surtos,

Rancores... 

Minhas recordações,

Outrora, doces,  

Hoje são doídas saudades 

De dias que não tornarão mais. 

Mal nos erguemos de um tombo, 

Levamos nova rasteira, 

Tentamos nos levantar

E, de novo, comemos poeira.

As pernas, já enfraquecidas, 

Não nos sustentam o corpo. 

O coração, em pedaços, 

Sangra, 

Já fora do peito. 

Os dias não têm mais Sol, 

A noite não nos traz mais a Lua. 

Estamos sós no deserto, 

Abandonados, a esmo, 

Entregues à própria sorte, 

Largados no meio da rua. 

Por mais que busquemos sentido 

Ou razão que tudo explique, 

Jamais teremos entendimento  

Para o presente momento. 

É triste, 

Mas vivemos, de novo, 

Um tempo de incertezas. 

Mente estagnada, 

Sentidos desorientados,  

Coração despedaçado, 

Alma a vagar rumo ao nada... 

O que me enlouquece, agora,

Não são meus delírios, 

São, sim, os meus medos concretos 

Das coisas reais e palpáveis. 

Caminhos incertos, 

Os quais eu percorro 

São meus labirintos, 

Nos quais eu me perco. 

Certo é apenas o abismo, 

Para o qual caminhamos,

Onde seremos empurrados 

Ou nos jogaremos de cabeça. 

A minha esperança, 

Louca do último andar, 

Talvez já tenha se jogado... 

Talvez, não... 

Quem sabe, 

Não esteja trancada, 

À procura da chave perdida, 

Que, uma vez encontrada, 

A traga, de volta. 

Tenho esperança, ainda

(Bem, lá, no fundo, escondida),

De que um dia retorne 

E traga consigo o Sol, 

E o luar que clareia as noites 

E a vontade de dançar na chuva, 

E os beijos 

E abraços bem fortes, 

Que nos dão todo sentido à vida.

Vanda Felix





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