sábado, 21 de novembro de 2020

Inércia

 Corpo inerte 

Mente acelerada... 

Tudo me passa pela cabeça, 

 Mas meu corpo não responde, 

Não aceita. 

Sou pura letargia 

Ao longo deste dia, 

Que teima em me prender. 

O mundo gira, 

O tempo voa 

E eu não me movo. 

Estou sem forças, 

Sem resistência. 

Lânguida, 

 Cansada, 

Sem ânimo para o novo. 

Sem disposição para nada.

Não é preguiça, 

 Não é embrólio. 

 Sinto-me esgotada, 

 Desamparada, 

Tomada por forças negativas 

Que me atraem para baixo 

Que não me deixam prosseguir, 

Progredir, 

Seguir com meus passos 

Para adiante, 

Para bem distante 

 Deste leito-prisão, 

Que me limita 

E aprisiona. 

Corpo inerte, 

Mente acelerada. 

Mente aprisionada 

A este corpo que não reage... 

Planos de fuga, 

Que não se efetivam. 

Correntes invisíveis 

 Que garantem o cárcere 

 Da mente agitada 

Ao corpo inerte.

Vanda Felix





quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Pãoesia

 Peguei Pedro pelo pé. 

Pedi um pedaço de pão 

 Produzido em sua padaria. 

Pedro, padeiro português 

 É também poeta. 

Pediu- me paciência 

 Pois o pão passou do ponto. 

Pedro produz pães perfeitos. 

E poesias com palavras peculiares

Que adoçam o paladar. 

Pedro, sempre polido, 

Passeia pela praça 

 Compondo poemas 

Que apelam por paz, 

Protegem petizes 

 E projetam planos, 

Em nada patéticos, 

 Além dos perfeitos pães 

 Que alimentam prazeres, 

Recheados de pura poesia, 

Pois são pães poéticos. 

Preenchem o espírito 

 E alimentam o corpo. 

 Peguei Pedro pelo pé, 

 Mas queria roubar-lhe o coração, 

Pois perto da praça, 

 Por onde passa 

Compondo poemas, 

Perdi-me em seus versos 

Que se tornaram prisão 

E, em troca do pão, 

 Sendo baguete ou filão, 

 A única paga 

Que posso ofertar 

É a minha paixão...

Vanda Felix




Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...