sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Primeiras letras





Primeiras letras na areia
subiram pelas paredes.
Cacos de tijolo,
carvão,
giz,
chão...
Mesmo assim era feliz!
Registros nas "taubas" das cercas,
no chão de terra batida.
Fui seguindo com a vida...
Na escola, cheguei ao lápis,
grafando forte o caderno
(às vezes, furava a folha!).
Na falta da  borracha macia, 
servia-me do dedo com cuspe...
Palavra, palavrinha,
nada de palavrão
(pois foi nesses moldes
que recebi educação)...
Se errava,
logo corrigia,
mesmo que com um borrão.
A velha Bic companheira,
acompanhava a evolução.
Chegamos à Lettera,
passamos pela Reminghton.
O "tec-tec" melancólico,
de um saudosismo simbólico,
hoje não mais ouvido.
O barulhento "QWERT"
da velha máquina,
deu lugar ao silencioso "TOUCH"
dos ANDRÓIDES.
Silenciaram as batidas,
como silenciaram os amores.
Hoje, tudo é compacto,
cabe na palma da mão,
mas, dentro da pequena tela,
vai guardado o coração,
que,
a um leve toque de dedo,
lhe envio a qualquer distância,
mas trago, trancadas no peito
lembranças da velha infância,
das primeiras letras na areia,
que subiram parede acima...
Vanda Felix

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