Primeiras letras na areia
subiram pelas paredes.
Cacos de tijolo,
carvão,
giz,
chão...
Mesmo assim era feliz!
Registros nas "taubas" das cercas,
no chão de terra batida.
Fui seguindo com a vida...
Na escola, cheguei ao lápis,
grafando forte o caderno
(às vezes, furava a folha!).
Na falta da borracha macia,
servia-me do dedo com cuspe...
Palavra, palavrinha,
nada de palavrão
(pois foi nesses moldes
que recebi educação)...
Se errava,
logo corrigia,
mesmo que com um borrão.
A velha Bic companheira,
acompanhava a evolução.
Chegamos à Lettera,
passamos pela Reminghton.
O "tec-tec" melancólico,
de um saudosismo simbólico,
hoje não mais ouvido.
O barulhento "QWERT"
da velha máquina,
deu lugar ao silencioso "TOUCH"
dos ANDRÓIDES.
Silenciaram as batidas,
como silenciaram os amores.
Hoje, tudo é compacto,
cabe na palma da mão,
mas, dentro da pequena tela,
vai guardado o coração,
que,
a um leve toque de dedo,
lhe envio a qualquer distância,
mas trago, trancadas no peito
lembranças da velha infância,
das primeiras letras na areia,
que subiram parede acima...
Vanda Felix