terça-feira, 12 de julho de 2016

Sobre o túmulo deste amor insano




Defina-me, se capaz!
Faça, agora, sua crítica corrosiva,
use sua língua cortante,
suas palavras duras,
ácidas...
Tente destruir minha auto-estima,
reduzir meu ego a pó...
Faça com que te odeie infinitamente,
destrua o amor que te dedico.
Preciso disto
para retomar o caminho
que trilhava antes de ti 
(meu atalho de prazeres,
minha estrada proibida,
que insisti em desbravar...),
destrua todo o carinho;
toda a doçura de meus beijos
converta em fel,
que azede minhas entranhas,
fazendo-me tornar à vida
que abdiquei em seu nome.
Então, depois de queimar-me as vísceras, 
retornarei feito fênix,
renovada, fortalecida
e sobre o túmulo deste amor insano
reconstruirei meu castelo
e retomarei minha existência.
Vanda Felix

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Enrosco




Me abraça,
me prende em teus braços,
me envolve,
me enrosca,
me enlaça

Te entrega,
me entrego,
me esfrega,
me adentra
e me esquenta

Me usa,
te uso e abuso,
de tua seiva lambuzo
meu corpo
e minha alma,
que, então, se acalma,
se encaixa,
e relaxa,
adormece em teus braços,
cedendo ao cansaço,
depois do embaraço
das pernas e pelos,
em que atendo aos apelos
de gozo e prazer...
Vanda Felix

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Faces e fases



Se amiga,
sou ouvinte, paciente,
serena...
Se amante,
surda, ardente,
intensa, nada amena!
Duas faces de uma mesma pessoa...
Não preciso optar
qual de minhas faces quero usar,
tenho-as bem definidas,
formadas no decorrer de uma vida,
forjadas nas circunstâncias.
Meu corpo é fiel ao momento,
meu olhar, perdido no firmamento,
busca o que o coração anseia,
mais que trama, mais que teia,
alma presa,
corpo liberto.
Destino? Sempre incerto.
Coração tem dono,
corpo tem desejo.
Enquanto um pede,
o outro faz prece.
Urge que se entendam
em razão de um espírito
que, passivamente, padece...
Vanda Felix


domingo, 26 de junho de 2016

Em sonho... apenas!


Esfriar a cabeça.
Dar descanso à alma e ao coração.
Aquietar o espírito.
Rever conceitos, preceitos,
          pré-conceitos!
Voltar ao princípio,
refazendo caminhos,
de ouvidos atentos
à voz de tua razão.
Quisera eu fosse fácil
seguir conselhos,
regras de conduta,
de nossa história
faria novo prefácio,
adotaria postura resoluta.
Não me perderia
nos atalhos do teu corpo,
nem desejaria
teus beijos viciantes...
Apenas usufruiria
dos momentos de luxúria
e, quando te fosses,
tudo tornaria como dantes...
Chego a ter raiva de mim
por tal fraqueza!
Por desejar-te, dias e noites,
até em sonhos...
Sonhos que em mim pregam peças,
mas que me dão tudo
o que a vida me nega!
Vanda Felix

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Guia

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O que sinto
não cabe num haicai;
o que sou,
também não é cabível.
Sou extensa,
ampla,
densa...
Confusa?
Sim! À beça...
Mas, sempre me adapto
ao que me interessa.
Uma história termina,
outra começa;
às vezes, não finda,
apenas faz pausa
e vou costurando-as
(peça a peça)...
Busco a razão,
o motivo, a causa,
e dou novo rumo,
outra direção.
Fujo à forma fixa,
construo meu padrão,
permito-me guiar (sempre!)
pela emoção.
Por isso,
embora mal me conheça,
saiba que não sigo
apenas a cabeça,
mas as batidas
do meu coração.
Vanda Felix




quinta-feira, 9 de junho de 2016

Gavetas





Esvaziando gavetas,
dei-me contigo escondido
bem no fundo de uma delas...
Amor adormecido, 
mantinha-se oculto
em meio a meias,
sob lenços e echarpes,
sem jamais ser esquecido.

E, agora que despertaste,
que farei de meu viver,
se, a custo de uma parte,
apartei-me de você?

Pois, levaste consigo
a melhor parte de mim,
a pureza de um desejo
transformaste em algo ruim...

Ruim, porque dolorido,
mas bom tê-lo vivido,
pois fizeste-me feliz, um dia, 
razão de grande alegria,
hoje, reduzido à saudade,
que alimenta-me a vontade
de tê-lo, de novo, comigo.
Vanda Felix



domingo, 5 de junho de 2016

Dois mundos



Meu sorriso largo oculta
um coração magoado,
batendo descompassado,
dentro de um peito apertado,
que sangra, por ti, amado!
Meu olhar perdido busca
bem além dos horizontes, 
acima daqueles montes, 
encontrar-te, meu amante,
que tanto me fez feliz, 
sendo a minha fonte
de prazeres e afetos, 
nos instantes mais incertos
em que me estendeste a mão
na travessia da ponte, 
que liga dois mundos opostos:
o da completude, zelo e carinho
ao da tristeza e solidão...
Vanda Felix




Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...