sábado, 6 de julho de 2019

Agridoce

Deixo de lado
Tudo aquilo
Que não me seja do agrado.
Rotaciono
Meu corpo
Em torno de mim mesma.
Translaciono
Meu corpo
Em torno do seu.
Subo seus montes,
Desço em seus vales.
Escalo,
Mergulho,
Me afogo.
Me agrado...
Preservo
Para meu uso e gozo.
Cuido,
Exploro,
Invado.
Por fim, me entrego.
Lânguida,
Absorta,
Absorvida,
Sorvida,
Extasiada,
Consumida.
És meu pão,
Sou tua comida.
Que alimenta
E saceia
Pra toda vida.
Plena de amores,
Ardores
E cheiros.
Planta carnívora,
Voraz devoradora de tua carne
Curtida,
Agridoce,
Ardida.
Vanda Felix


terça-feira, 2 de julho de 2019

Queria-te




Está na minha mente,
E no meu coração,
Faz parte de mim,
Mas a mim não pertence.
Constitui minha história
Mas, hoje,
Somente te tenho
Em minha memória.
Tão longe, no tempo,
Tão longe, no espaço
E tão dentro de mim!
Pedaço que falta
E faz tanta falta...
E ouço teu riso,
Tão doce, teu canto.
Por ti, me encanto,
Me rendo,
Me arrasto...
Queria-te perto,
Tão vívido e esperto,
Queria-te, agora,
Dentro de um abraço
Longo, apertado.
Vanda Felix

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Hibisco no cabelo

Cruzo a rua,
Corpo leve,
Alma livre...
Vento fresco,
Hibisco no cabelo...
Rubra face,
Rubra flor
(Desta, empresto a cor...).
Cruzo a rua,
Soltos braços
Com os quais te abraço.
Fita,
Laço,
Flor...
No ar,
Cheiro de amor
Banhado em alfazema.
Cruzo a rua,
De alma nua,
Desnudada,
Transparente.
Vou contente,
Vou de boa,
Vou na "vibe",
Pego a onda,
De alma leve,
Livre,
Solta.
Cruzo a perna,
Solto a fera,
Que te espera,
Já faminta.
É tormenta
Essa espera.
Na janela
Há um vaso
De onde colho
Meu hibisco,
Do qual empresto a cor
Que me tinge a face.
Meu disfarce
Pra essa dor...
Vanda Felix


quinta-feira, 27 de junho de 2019

Vazio profundo

Mesmo que habitemos o mesmo mundo,
Aos poucos, vamos deixando de fazer parte
Do mundo de algumas pessoas.
Nem lembranças,
Nem saudades,
Nem vontade de estar junto...
Basta uma palavra errada
E, no lapso de um segundo,
Tudo desmorona,
Tudo cai num vazio profundo.
Mas a verdade sobressai, sempre.
A tempo e a hora certos ela dá sua cara.
A tempo e a hora certos...
No seu tempo
E à sua hora.
Às vezes, demora,
Mas dá sua cara
E tudo se ajeita
Ou não...
Às vezes se rejeita
A que não seja sua visão.
Vai de cada um,
Vai de seu momento...
Um simples perdão
Anula um sofrimento.
Cura a ferida profunda,
Imunda a vida de razões
De viver...
Tudo no seu tempo...
Tempo, senhor de tudo,
Tempo, remédio dos males sem remédio...
A ti, confio meus dias,
A ti, entrego minhas dores
E minhas maiores alegrias.
E, que palavras erradas,
Ditas de forma impensada,
Sejam de pronto corrigidas,
Reinterpretadas
E que as fallhas sejam perdoadas,
Pois dói viver no mesmo mundo
De quem não nos queira por parte.
Pois que,  habitando o mesmo mundo,
Não quero
Aos poucos, ou de repente,
Deixar de fazer parte
Do mundo de algumas pessoas
A quem amo, de verdade. ❤
Vanda Felix

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Tô de boa...



Hoje eu dormi até acordar...
Entreguei-me ao ócio,
Delicioso ócio sem culpa.
Preguiça pura e simples.
Dia sem stress,
Sem pressa...
Ficar à espera do lento passar das horas.
Horas,
Minutos,
Segundos...
Tempo no conta-gotas,
Contando as gotas do tempo.
Passatempo,
Tic-tac,
Tac-tic...
Despertador silenciado.
Despertar inacabado...
Pouco a pouco me dou conta
Do dia que se anuncia.
Já vai alto o sol,
Mas não me afeto.
Hoje meu tempo é meu
E me apraz o não fazer nada.
Pausa.
Só por hoje...
Hoje, só.
Vanda Felix

sábado, 8 de junho de 2019

Passatempo

Fiquei parada no tempo
Esperando o tempo passar.
Por que parei tanto tempo?
Não sei... Não quero pensar.
Penso que o tempo não passa,
Nós é que passamos por ele.
Ele nos marca a face
E nós o levamos na pele.
Na alma, ele não toca,
Pois essa nunca envelhece.
Penso em não perder mais meu tempo
Com coisas que me entristecem.
Hoje, meu passatempo
É curtir o tempo que tenho
Pois já perdi muito tempo
Com coisas que não eram minhas.
Vanda Felix

domingo, 5 de maio de 2019

Francisco



UM DIA, NASCEU FRANCISCO,
UM TAL MENINO CORISCO
(QUE, DO SANTO, SÓ TEM O NOME!)...

E ESSE MENINO CORISCO,
A QUEM CHAMAMOS FRANCISCO,
NÃO PARA, NUNCA!
(É MUITO RÁPIDO E PRECISO.)

COMO UM RAIO, QUE ILUNINA,
CRIA A LUZ,
CRUZA A RUA,
DOBRA A ESQUINA,
ROMPE O RISO.

INQUIETO, FOGUETEIRO,
NÃO SE ATÉM A NENHUM RISCO,
NÃO TEM MEDO DE NADA,
NEM DESTE, NEM DO OUTRO MUNDO. 💀👽
(NEM MESMO DE ALMA PENADA!)...
NEM NA CASA DA VOVÓ 👵,
SE AQUIETA UM SÓ SEGUNDO!
(LÁ, MESMO, É QUE ELE REINA).

ESSE MENINO DANADO,
CUJO NOME FORA DADO
NA PIA DO BATIZADO,
E QUE É NOME DE UM SANTO,
O TAL DO SANTO FRANCISCO,


É UM MENINO AGITADO,
TÃO ÁGIL QUANTO UM CORISCO,
MAS, APESAR DESSE FATO,
É UM MENINO MUITO AMADO,
POIS SABE SER DELICADO
E TEM UM DOCE SORRISO.

CRUZA A RUA, 
ARRANCA A ROSA 🌹,
RI DO RAIO, QUE ME ARRASA,

SEGUE O CARRO 🚗,
GIRA A RODA,
RODA O EIXO,

MEXE NA CAIXA,
ENCHARCA A ECHARPE,
COCHICHA NO MEU OUVIDO

SEUS DOCES SEGREDOS DE INFÂNCIA
(DESEJOS DOCES DESSA CRIANÇA
A QUEM CHAMAMOS FRANCISCO)...


FRANCISCO, MENINO CORISCO!
ME CARREGA EM SEU LARGO RISO,
ARRANCA A DOR DO MEU PEITO,
CORRE SOLTO, PELO LEITO
DESTE RIO, QUE ESTAVA SECO
ANTES DA SUA CHEGADA.
Vanda Felix

Retomada

 Há tempos não percorria estas páginas... deu até saudade, agora! É que a vida anda tão atribulada, tão conturbada, que meus hábitos mais re...